quinta-feira, 21 de agosto de 2014

XXIX - Amor Obscuro

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– Selly, é melhor você sentar no banco traseiro. - Taylor diz assim que abro a porta do carona.
– Não Taylor, eu prefiro ir aqui. - Digo e sento-me no banco.
Ele entra no lado do motorista e assim seguimos em direção ao meu apartamento. A rua está deserta. Também eu queria o que, são quase cinco horas da manhã. Olho pela janela e começo a me perder em pensamentos. Não consigo acreditar que ele me deixou ir. Ele disse que não me deixaria ir, como eu queria que isso fosse verdade. Sinto uma lágrima involuntária escorrer de meus olhos e trato logo de secá-la, não quero chorar na frente de Taylor. Olho pra ele pelo retrovisor e ele está com o semblante franzido e taciturno como sempre. Sei que está fingindo prestar atenção na pista, pois a mesma se encontra totalmente vazia.
Volto meu olhar para a janela e vagueio novamente para minha conversa com Nicholas. Enfim me abri totalmente com ele e confesso que uma parte de mim se sente aliviada por isso, mas a outra está despedaçada por ele saber de tudo antes mesmo de eu contar. Como ele pôde fazer isso comigo? Sabia de meus problemas e mesmo assim me perseguiu. Realmente ele é muito frio. E eu achando que ele tinha um coração e que talvez lá no fundo gostasse um pouquinho de mim. Como eu sou idiota!
Arqueio a cabeça para trás, na tentativa de prender as lágrimas que brotam instantaneamente de meus olhos, mas é inútil. Elas começam a escorrer e cansada de lutar, as deixo cair sem pudor. Fecho meus olhos e logo sinto a mão de Taylor em meu braço. abro meus olhos e me deparo com um lencinho em sua mão estendida. Pego-a e seco minhas lágrimas.
– Desculpa. - Falo baixinho, com vergonha de chorar na frente dele.
Ele não diz nada e continua seu olhar fixo na estrada. Momentos depois contenho meu choro e acalmo minha respiração acelerada. Porque eu tinha que me apaixonar justo por ele? Porque não me apaixonei pelo David ou até mesmo Julian ?! Eles pelo menos são homens normais, sem problemas e que saberia me amar. Mas não, tive que me apaixonar por um homem frio e calculista, que não liga para os sentimentos de ninguém. Que só quer foder loucamente suas submissas. E o pior que não posso culpa-lo por isso. Sempre soube disso. Suspiro sofredoramente e fecho meus olhos. Agora é seguir a vida... mais uma vez.
– Dê um tempo à ele. - Taylor diz, me tirando de meu devaneio.
Abro meus olhos imediatamente e fito-o por um bom tempo, pensando em suas palavras. Pra quê dar tempo se ele não demonstrou o mínimo de sentimento por mim?! Taylor estaciona em frente meu prédio e saio antes mesmo dele sair. Ele pega minha mala no porta malas e me entrega.
– Obrigada por tudo Taylor. E desculpa por ter acordado uma hora dessas. - Digo e abro um sorriso amarelo.
– Que isso, Selly. Só faço meu trabalho. Deixa que eu ajudo com a mala. - Diz com a mão esticada para pega a mala de mim.
– Não precisa. Você já fez muito me trazendo até aqui. - Digo.
Ele sorri abertamente, pela primeira vez, e me lança seu olhar complacente. Retribuo o olhar e pela primeira vez abro um sorriso sincero nessa noite. Estranhamente me sinto em casa com Taylor. Sinto como se ele fosse um tio, no caso o que nunca tive, já que minha mão era filha única. Meu pai biológico não conheço e Ray tem irmãos que moram em outro país. Desfaço meu sorriso e aceno com a cabeça em despedida para ele. Viro-me puxando minha mala e giro nos pés para olhá-lo uma ultima vez.
– Taylor? - Chamo e ele se vira de frente para mim. – Cuide dele, por favor! - Peço e ele assente de cabeça, com um sorriso.
Viro-me e sigo para mim apartamento. Assim que entro, fecho a porta atrás de mim. Está tudo em silêncio, que estranho.
– Demi? - Chamo andando pela casa e não obtenho nenhuma resposta.
Olho para cozinha, que é conjugada com a sala, e noto que as flores que Julian me deu se encontram em um vaso com agua. Franzo a testa para isso, mas logo penso que Demi deve ter colocando-as ali. Suspiro e sigo para meu quarto. Deixo a mala em um canto e tiro minha roupa pelo caminho até o banheiro. Paro em frente ao espelho e fito minha aparência. Está cansada, com os olhos um pouco inchados e vermelhos. Apoio minhas mãos na bancada da pia e respiro fundo. Sinto que vou chorar novamente e resolvo entra no box para evitar. Encosto a testa no azulejo gelado e deixo a agua escorregar pelo meu corpo, levando com ela toda apreensão e todo cansaço de meu corpo, mas o que eu mais quero que leve ela não consegue, que é minha tristeza. O coração machucado nem vou citar, pois deixei-o sangrando nas mãos de Nicholas, antes daquelas portas do elevador se fecharem.
Permaneço embaixo da agua até que sinto minhas pele se enrugar devido ao tempo que fiquei. Saio do box e me seco com uma toalha, enrolando uma em meu cabelo molhado. Volto para o quarto e visto um pijaminha, abro minha mala e pego meu iPod, seguindo para a cama depois.
Coloco os fones e escolho uma musica que meio que reflete o que estou passando. Logo Big girls don't cry de Fergie* começa a soar em meus ouvidos.
Enrolo-me nos cobertores e fito o teto, sendo tomada pelas lembranças novamente. Choro sem perceber e permaneço assim por um bom tempo, até cair em um sono agitado.

***
Desperto ofegante, devido ao pesadelo que tive durante meu sono, em que Nicholas aparecia constantemente agarrado a ela: Elena. Até em meus sonhos ele tem que me assombrar. Se fosse possível, diria que ele deu um jeito de aparecer nele. Sorrio com meu pensamento maluco e desfaço-o rapidamente com a dor em minha cabeça. Fecho os olhos, que estão um pouco ardentes pelo choro da noite passada, e abro-os lentamente acostumando-me com a dor. Olho pela janela e vejo que já é dia. Vejo no despertador que são 09h35min da manhã. Olho pela janela e noto que o tempo na minha querida Seattle reflete perfeitamente o meu humor, totalmente negro e tempestivo. Levo as mãos em minha barriga, devido a dor enorme que sinto meu ventre. Levanto da cama, decidida a não continuar o sono de merda que tive. Olho uma manchinha vermelha no lençol e bufo. Era só o que me faltava, além de tudo a menstruação tinha que desce justo hoje. Sigo para o banheiro para fazer minha higiene matinal e me assusto ao fitar-me no espelho. Uau, estou um caco! Estou pálida, com os lábios machucados de tanto que mordi enquanto chorava.
– Valeu, Nicholas Jonas. - Agradeço amargamente, enquanto olho o tamanho de minhas olheiras. Sacudo a cabeça e lavo meu rosto. – Chega! Tenho que seguir com a vida. Chega de chorar, seja forte Selena. Você sempre será capaz de supera as coisas. - Repito várias vezes o mantra que meu psicólogo me disse uma vez, em frente ao espelho.
Depois de repetir mil vez e me sentir um pouco melhor, tomo um banho rápido e saio do quarto. Visto uma roupa básica para ficar em casa e sigo para a cozinha.
Encontro Demi e Joseph sorridentes sentados na bancada, comendo seus respectivos café da manhã.
– Bom dia. - Digo, pegando um remédio na maleta que fica na cozinha e tomo-o em seguida com um pouco de agua. Pego as coisas para preparar meu chá preferido e começo a fazê-lo.
– Bom dia. - Respondem em uníssono e se calam, me analisando.
– Selly, o que houve? - Demi como sempre impaciente, é a primeira a interromper o silêncio.
– Nada. - Dou de ombros e fixo meu olhar na chaleira com agua que esquenta para o chá.
– Pela sua cara não parece que é nada. - Ela diz, inquisitiva como sempre. Bufo e olha para ela com cara de poucos amigos.
– Foi só um pesadelo. - Resmungo.
– Pesadelo? - Ela arregala os olhos e se aproxima de mim. – Sobre .. - Deixa a pergunta no ar, me olhando preocupada. Sei que ela se refere ao fato de eu ter pesadelos com Mark, coisa que não tinha desde depois do acontecido, mas que voltei a ter.
– Não. - Respondo rapidamente e ela relaxa visivelmente.
– Sobre o que vocês estão falando hein?! - Joseph questiona confuso.
Demi se vira e estreia os olhos para ele, que abaixa o olhar para sua tigela de cereais, arrancando risos de mim. Até com sua grande paixão ela é tenaz.
– Vocês chegaram que horas? - Pergunto curiosa. – Porque eu cheguei ontem e não tinha ninguém em casa. - Eles sorriem um para o outro.
– Chegamos agora de manhã. Dormimos no apartamento do Joseph, mas como ele não tem comida em casa, viemos para cá. - Demi diz com falsa reprovação e Joseph se desmancha de gargalhar.
– E é desse jeito que pretendem levar essa história aí de vocês à sério ? - Joseph franze a testa em confusão e Demi arregala os olhos. Tá, acho que acabei de fazer merda.
– Que história? - Pergunta Joseph.
– Que boca grande hein, Gomez. - Demi resmunga.
– Ah eu não sabia que era segredo entre nós, ué. - Dou de ombros e sorrio em desculpa.
Ela revira os olhos e bufa no momento em que a chaleira apita, assustando Joseph. Dou uma risada e preparo meu chá, pegando uma banqueta e sentando em frente a eles, na bancada.
– Ela está falando do casamento. - Demi rosna para Joseph e balança a cabeça em descrença para Demi. – Que é? Ela é minha melhor amiga ué. - Ela da de ombros.
– É verdade sim, Selly. - Joseph diz ainda olhando de cara feia para Demi, que não dá a mínima.
– Olha eu fico super feliz por vocês, mas... - Paro assim que eles olham para mim ao mesmo tempo. – Vocês não acham que está muito cedo, não? - Pergunto baixinho e eles só me fitam. Mordo o lábio em nervoso, com o silêncio que se instalou no recinto. – Não querem se conhecer mais um pouco? - Pergunto sem graça e beberico meu chá pouco a pouco.
Joseph olha para Demi por um longo tempo e depois se vira para mim.
– Selly - Ele para e respira fundo. – Sei que está cedo para isso, mas e daí? Temos todo tempo do mundo para nos conhecer e eu sei que o que sinto por Demi é profundo e verdadeiro, e ela também sente o mesmo. Nos amamos, Selly. Nunca senti por ninguém o que sinto por Demi. - Ele olha para Demi, que sorri abobalhada. – Então porque não casar? E também, temos muito tempo ainda até o casamento. - Ele diz rindo. Dou de ombros e sorrio.
– Se vocês tem certeza disso, desejo toda felicidades para vocês. Parabéns! - Me aproximo deles e abraço-os ao mesmo tempo.
Joseph passa um braço por minha cintura e outra na de Demi e nos aperta no abraço, mas nos solta assim que resmungamos.
– E quem sabe você e o Nicholas não sigam nosso exemplo. - Joseph diz piscando em sugestão e meu sorriso murcha na mesma hora. – Ih, o que foi Selly ? - Pergunta.
– Nada. - Diz nervosa e volto para onde estava sentada.
Demi me olha minuciosamente e esbraveja.
– O que aquele filho da mãe fez com você? - Rosna.
– Hey, pega leve que ele é meu irmão. - Joseph a repreende e ela o ignora.
– Fala, Selly! - Ela praticamente grita.
– Nada, Demi. Só não estamos mais juntos. - Digo impassível, ignorando meu choro repentino. -Se é que estivemos juntos um dia né- Penso comigo.
– Porque? - Eles perguntam em uníssono.
Dou de ombros enquanto pego minha caneca de chá e sigo para meu quarto. Solto o ar preso em minha garganta, assim que fecho a porta de meu quarto atrás de mim.
– Não vou chorar, não vou chorar.. - Repito esse mantra, tentando me manter forte até que Demi entra como um furacão em meu quarto.
– Agora você vai me contar tudo. - Ordena, apontando um dedo para mim.
– Não tenho nada pra falar, Demi. - Resmungo.
– Ah, tem sim! - Ela se aproxima e para na minha frente. Permaneço calada, enquanto nos encaramos, até que ela bufa e resolve quebrar o silencio. – O que el te fez ? - Pergunta. De repente ela arregala os olhos me fazendo deduzir que está tento um pensamento horrível. – Ai meu Deus! Não vai me dizer que ele fez algo que te provocasse a ter pesadelos ? Me diz, Selly. Foi com Mark o pesadelo ? - Pergunta visivelmente preocupada.
– Não Demi, não foi! E Nicholas não fez nada. - Minto. -Ah, se ela soubesse!- Meu subconsciente diz com deboche. Ela me encara cética e reviro meus olhos. Passo as mãos em seus braços e a puxo para um abraço. – Só não estava dando certo, somos de mundos diferentes. - Digo, entristecida. E como somos! Mas ao mesmo tempo somos de mundos iguais: dois fodidos pelo passado. Ela se afasta, me segurando na distancia de um braço e me analisa. – Eu to bem. - Digo e abro o melhor sorriso que tenho, para convencê-la. Felizmente acho que consigo.
– Se você diz né. - Ela me olha e sorri. – A propósito, que flores são aquelas lá na cozinha? Cheguei e elas estavam jogadas em cima da bancada, tadinhas! Coloquei no vaso antes que morressem. - Diz.
– Julian me deu. - Digo e ela se assusta.
– Ju-julian ? - Gagueja. – O vizinho gato ? - Aceno em concordância e ela me olha maliciosamente. – Mas já ? Sua safada! - Diz, rindo.
– Hey, não fiz nada. Só o ajudei no mercado e ele me deu em agradecimento. - Digo tentando me defender de suas acusações.
– Sei. E você não está nem um pouco contente com um moreno de olhos azuis te paquerando? - Pergunta com deboche e reviro meus olhos .
– Demi, você sabe que não ligo para isso. - Digo e ela ri.
– Sei... - Diz desconfiada. – Se você diz né, quem sou eu para diz algo. - Ela diz se fazendo de boba. Mostro a língua e ela ri, andando em direção a porta. – Ah, vou sair com Joseph tá. - Ela diz. Assinto de cabeça e ela sai do quarto. Sigo para o banheiro e tomo um banho relaxante.

***
Passo as seguintes horas desarrumando minha mala e noto que esqueci minha Nikon na casa de Nicholas. Merda! E agora? E ainda tem as chaves. Arregalo meus olhos para esse fato. Como farei para pegar essas coisas com ele ?! Bem, vou deixar isso para depois. Olho no relógio e vejo que já são 12h26min. Vou até a cozinha e como a primeira coisa que vejo pela frente e depois volto para o quarto. Passo a tarde arrumando minhas coisas para amanhã, pois começarei a trabalhar e tenho que está impecável no primeiro dia de trabalho né. Depois de arrumar minhas coisas, vou para sala e fico vendo um filme que está passando na televisão, chamado Um amor para recordar e para minha desgraça total, tinha que ser romance. Irrompo em lágrimas a cada parte do filme, enquanto me empanturro de guloseimas, até que o filme acaba e assim durmo no sofá mesmo.

***
Acordo com o barulho do telefone tocando estridentemente e atendo.
– Alô? - Atendo com a voz rouca de sono.
– Sellyzinha? - Pergunta uma voz masculina do outro lado.
– Quem está falando? - Pergunto, quase babando de sono.
– Sou eu, pequena. David! Esqueceu dos amigos, foi? - Pergunta ofendido.
– Ah, oi David. Claro que não esqueci, seu bobo. - Digo, me ajeitando mais no sofá.
– Que bom! Se não terei que ir até Seattle para lhe fazer relembrar de mim. - Diz, fazendo-me rir.
– Bobo, não precisa disso. - Digo rindo.
– Assim espero. Bem to ligando para sabe se você vai vir no sábado? - Fico muda, tentando me lembrar do que ele está falando. Sábado? O que tem sábado? – Não me diga que você esqueceu da minha exposição aqui em Portland ?! - Ele praticamente grita e assim afasto um pouco o telefone do ouvido.
– Quer me deixar surda é? - Pergunto rindo. – É claro que não esqueci. - Minto. – E comparecerei com muito prazer. - Completo.
– Sério ? Demi também vem ? - Pergunta animado.
– Sim, ela irá. - Afirmo mesmo sem ter comunicado a ela. Ah, você irá sim Demi! – E a que horas começará, mesmo ? - Pergunto para confirmar.
– Ufa! Você não sabe o quanto estou feliz com isso, pequena.- Diz com a voz emocionada. – Irá começar as sete da noite, pequena. Bem, eu liguei para confirmar a presença de vocês. Agora vou deixar você dormir novamente, já que te acordei né. - Ele ri descaradamente.
– É, me acordou mesmo. Que coisa feia, David. - Resmungo, brincalhona.
– Oh, desculpa então pequena. Não foi minha intenção. - Ele diz fingindo arrependimento.
– Ok, está desculpado . - Digo e assim rimos.
– Tá bom, durma bem meu anjo e tenha bons sonhos. Beijos. - Ele diz e desliga.
Coloco o telefone de volta na base e noto que já está noite. Vejo no relógio que são 10h15min da noite. Sigo para o quarto e tomo um banho rapidamente para limpar-me das sujeira que as guloseimas fez. Depois deito para dormir, pois terei que acordar cedo. Enfim começarei a trabalhar e assim terei a mente ocupada, impossibilitando-me de pensar em Nicholas. Bocejo e fecho meus olhos antes que as lembranças me tomem novamente e eu chore, e assim logo sou abraçada pela tão bem vinda inconsciência.

***
Acordo com meu despertador fazendo o barulho estridente de sempre. Sento na cama e me espreguiço, bocejando. Olho no relógio e noto que são 6h00min da manhã. Levanto da cama e vou para o banheiro fazer minha higiene matinal. Sigo para o closet e coloco uma roupa para minha caminhada.
Saio apressada do quarto e noto que está tudo em silêncio. Demi deve ter dormido com Joseph. Assim que saio do apartamento, encontro Julian subindo as escadas.
– Bom dia, Selly. - Ele me cumprimenta formalmente.
– Bom dia, Julian. - Cumprimento e começo a descer as escadas.
– Hum, vai correr. - Ele diz atrás de mim, me assustando.
– Ai que susto. Achei que tivesse indo para seu apartamento.- Digo e rio.
– Na verdade estava sim, mas posso acompanhá-la na corrida ? - Pergunta e olho-o em duvida. – Se seu namorado não se importar né. - Ele completa rapidamente e fico sem graça com a lembrança de como ele ficou sabendo de Nicholas.
Paro no meio da escada, perto do térreo e viro de frente para ele.
– Ai Julian, desculpa mesmo por aquele ocorrido. Eu nem sei o que dizer. - Peço sinceramente e ele me avalia.
– Deixa pra lá, Selly. Já passou. - Ele dá um sorriso.
– Mesmo ? - Pergunto para afirmar e ele assente de cabeça.
– Posso acompanhá-la ? - Pergunta empolgado e assinto de cabeça.
Assim seguimos para a rua e começamos a corrida matinal, que pratico todos os dias, ou melhor praticava, antes de conhecer Nicholas. Inferno, tudo me faz lembra ele. Sacudo a cabeça para espantar esse pensamento e corro mais depressa, com Julian atrás de mim. Sinto uma sensação estranha, como se alguém estivesse me olhando. Olho por todos os lados e não vejo ninguém conhecido. Acho que esse tempo em que passei com Nicholas me perseguindo, me deixou paranoica. Olho no meu relógio de pulso e vejo que já são 06h37min. Faço o caminho de casa correndo e chego em menos de dez minutos. Depois de 45 minutos de corrida chegamos em nossa porta.
– Uau, que pique hein. - Julian diz ofegante e sorrio de seu estado. Estranhamente eu estou bem. – Você corre todos os dias ? - Assinto de cabeça e ele arregala os olhos. – Desse jeito ? - Diz horrorizado e caio na gargalhada.
– Não. - Digo e ele parece relaxar visivelmente. – Hoje não sei o que me deu para correr desse jeito. - Minto. Sei muito bem o que me fez correr desse jeito, mas prefiro ignorar esse fato. – Bem, agora tenho que ir. Obrigada pela companhia. - Agradeço e entro no apartamento.
Sigo direto para meu quarto, tirando as roupas pelo caminho e entro no banheiro. Me jogo embaixo da ducha quentinha e relaxo mentalmente. Enrolo-me na toalha assim que saio do banho e seco os cabelos com outra quanto sigo para o quarto. Me arrumo rapidamente e seco meus cabelos com o secador. Pendo-os em uma rabo de cavalo e pego minha bolsa, que deixei arrumada, em cima da cômoda.
Abro a gaveta para pegar meus brincos e vejo a copia do contrato que ficou comigo. Olho por um instantes a papelada e tiro-a da gaveta, procurando os brincos que logo encontro. Coloco o contrato no lugar e fecho a gaveta. Coloco meus brincos e uma pulseira da mesma cor. Vou para cozinha e encontro Demi bocejando ao sorver um pouco de café de sua xícara.
– Nossa, que cara de sono. - Digo zombeteira e dou um beijo em seu rosto.
– Bom dia para você também, Gomez. - Ela faz bico e sorrio de sua carinha de preguiça.
– O que houve? - Pergunto enquanto pego um iogurte grego na geladeira.
– Joseph é uma máquina. - Ela diz emburrada.
– E você detesta isso né. - Digo com escárnio e ela estreita os olhos pra mim. – Nem me olhe assim - Falo entre risos.
– Você não era assim. Geralmente nem gosta de falar nesses assuntos. Nicholas mudou você mesmo viu. - Ela fala me analisando e meu sorriso se desfaz. – Desculpa, não quis.. - Ela tenta falar mas a interrompo.
– Tudo bem. Bom já vou, pois não quero chegar atrasada no meu primeiro dia. - Engulo o ultimo resíduo de iogurte e dou um beijo em seu rosto.
Pego as chaves do meu novo carro em cima da bancada e sigo para a porta.
– Bom dia de trabalho, Gomez. - Ela grita.
– Obrigada. - Grito no mesmo tom. Paro e viro-me, encontrando-a atrás de mim e sorrio. – E você não irá trabalhar não? Achei que começaria hoje também. - Olho-a confusa.
– E vou, só que pego à tarde. - Ela sorri. – Vai com cuidado, hein. - Diz segurando a porta.
– Pode deixar mamãe. - Solto uma risada e ela me mostra a língua. – Que coisa feia, Lovato. - Digo com falsa indignação fazendo ela rir.
Desço as escadas e ando até o estacionamento, entrando em meu carro em seguida. Sento no banco macio e sorrio. Pelo menos você voltou meu novo Wandinha turbinado. Começo a dirigir rumo a SIP. Chego com antecedência e verifico minha aparência pelo retrovisor. Esta tudo certo. Saio do carro e rumo para a entrada do prédio. Sinto meu coração palpitar e respiro pesadamente. Calma, Selena! Vai dar tudo certo. Repito esse mantra e entro no grande prédio. Olho a redor, admirada com meu primeiro emprego em meu ramo de trabalho. Sorrio e logo avisto a recepção. Aproximo lentamente de Claire, garota loira atrás de sua mesa. Lembro-me dela de quando vim fazer minha entrevista, mas hoje ela está diferente. Acho que clareou mais os cabelos. Estão bem mais loiros que dá outra vez. Só falta todas aqui serem loira como no... Interrompo minha linha de pensamento e me apresento a ela, novamente. Ela sorri amigavelmente e diz que se lembra de mim. Arregalo os olhos para esse fato e sorrio. Acho que nos daremos bem. Eu espero né. Ela me entrega meu crachá e sigo para o elevador.
Aperto o botão com o numero do andar e quando a porta está quase se fechando, uma mulher morena entra. Logo a reconheço como Elizabeth, a mulher que me entrevistou juntamente com Jack Hyde, meu futuro chefe.
– Olá, bom dia Selena. Vejo que é bem pontual. Lembra-se de mim ? - Pergunta com um sorris nos lábios.
– Bom dia, Elizabeth não é ? - Pergunto para confirmar e ela assente cabeça, sorrindo.
– Seja muito bem vinda. - Ela diz e sorrio em agradecimento.
As portas do elevador se abrem e assim saímos.
– Vou te levar até Jack. Creio que esteja um pouco perdida não é? - Pergunta, rindo e assinto de cabeça.
Assim seguimos, cumprimentando os outros funcionários até que paramos em frente a uma porta de madeira, com uma janela de vidro do meio para cima. Ela bate na porta e o ruivo que está dentro da sala se vira para nós, sorrindo em seguida. Ele levanta de sua cadeira e abre a porta pra nós.
– Olá, Srta Gomez. Está aguardando sua chegada. - Diz gentilmente. – Seja muito bem vinda à SIP. - Ele estende uma mão para mim e aperto-a formalmente.
– Obrigada, senhor Hyde. - Digo educadamente.
– Oh, sem formalidades por favor. Me chame de Jack, ok? - Diz e assinto de cabeça. – Assim espero, Selena. Posso te chamar assim né ? - Pergunta.
– Pode. - Digo.
– Bem, só vim mesmo trazer Selena. Bom dia de trabalho, Selly. - Elizabeth se pronuncia e sai em seguida.
Assinto de cabeça e volto para o ruivo a minha frente. Seus olhos azuis estão me fitando com um belo sorriso nos lábios. analiso-o minuciosamente. Ele é um cara de porte médio, com seus cabelos num corte social, sua pele clarinha destacando seus olhos azuis, como os meus. Deve ter no mínimo uns 32 anos.
– Então vamos lá? - Diz animado e abrindo espaço para mim.
Me sento na cadeira em frente a sua. Ele senta-se na sua cadeira e explica calmamente o que irei fazer, as normas da empresa entre outras coisas. Depois de passar um bom tempo, saio e sigo para a qual será minha mesa, que fica em frente a sua porta. Começo meu trabalho pelo mais fácil, que é tirar algumas cópias que Jack precisa, depois passo para os resumos de manuscritos e quando vejo já é a hora do almoço.
Levanto de minha mesa e bato na porta. Jack olha imediatamente e assente de cabeça para que eu entre. Abro uma festa na porta e coloco a cabeça para dentro.
– Se não tiver problemas, estou indo almoçar. - Digo baixinho e ele assente sorrindo. – Deseja que eu lhe traga algo? - Pergunto e ele nega com a cabeça.
– Obrigado, Selena. Tenha um bom almoço. - Sorrio e fecho a porta.
Pego minha bolsa em minha mesa e sigo para os elevadores. Assim que chego no térreo, Claire aparece como um furacão em minha frente.
– Está indo almoçar ? - Pergunta ela. Assinto de cabeça e ela me olha sugestivamente. Estreio os olhos para ela, que sorri de meu gesto. – Posso ir com você ? - Pergunta sem graça e coçando a cabeça. – É que eu geralmente almoço sozinha quando não vou para a cantina, então pensei que seria legal se tivesse uma companhia. - Pergunta nervosa.
– Claro que pode. - Sorrio ao vê-la soltar a respiração. – Será legal almoçar com alguém e assim quem sabe podemos ser grandes amigas. - Digo e ela bate palminhas, dando pulinhos de alegria.
Instantaneamente, lembro de Demi e Vanessa. Assim saímos do prédio e andamos até uma lanchonete que se encontra do outro lado da rua. Sentamos em uma mesa perto da janela e fizemos nosso pedidos. Passo o almoço todo ouvindo Claire falar de seu namorado, que segundo ela, deve está de caso com alguém pois anda muito estranho ultimamente. Impressionante como ela fala, parece uma mistura de Demi e Mia juntas. Sorrio com meu pensamento e ela me acompanha, mesmo sem saber do que estou rindo. Continuo a lhe ouvir e nas poucas vezes que falo, aconselho-a com a raríssima experiência com homens que tenho.
Voltamos do almoço e assim me jogo no trabalho a tarde toda. Chega às 05h00min da tarde e assim arrumo minhas coisas para ir embora, quando Jack aparece do meu lado, com sua maleta na mão.
– Vamos ? - Abre um sorriso e o acompanho até o elevador.
Assim que as portas do elevador se fecham, sinto os olhos de Jack em cima de mim. Sinto-me desconfortável e começo a bater o pé, num gesto de nervosismo. Assim que as portas se abrem, saio como um furacão e respiro aliviada.
– Quer uma carona ? - Ele pergunta gentil, até demais para o meu gosto.
– Não, obrigada. Estou de carro. - Digo e saio do prédio.
Vou para o estacionamento, que fica a parte do prédio e novamente sinto aquela sensação estranha de alguém me olhando. Olho por todos os lados mais uma vezes e nada. Entro em meu carro rapidamente e parto para casa. Chego em menos de vinte minutos em casa e tomo um banho relaxante. Vou para cozinha e encontro Demi, comendo algum congelado. Acompanho-a, pois não estou com vontade de cozinhar e assim conversamos sobre nosso primeiro dia de trabalho. Depois de altos papos e risadas, vou para o quarto dormir. O sono demora a chegar e viro na cama varias vezes, enquanto a minha mente vagueia para um lugar não muito longe daqui.
– É, pelo visto não passei de uma distração para ele. - Sussurro comigo mesmo e assim as lágrimas me tomam novamente. Me ajeito mais na cama e adormeço entre as lagrimas.

***
Enfim hoje já é sexta, e graças a Deus o fim de semana está próximo. O resto da semana passou naquela mesmice de sempre. Não aguento mais a mesma coisa: acordar depois de dormir chorando, correr para aliviar a tensão em meu peito, que mesmo com a companhia de Julian, não passava de jeito nenhum, ir para o trabalho, depois voltar para casa e jantar ás vezes na companhia de Demi, as vezes sozinha, ir para cama e chorar novamente. Sem contar a estranha e repetida sensação de está sendo vigiada e não achar nada. Logo mais terei que ir até um Pub perto daqui com o pessoal da empresa para comemorar minha primeira semana e já que sou novata aceitei ir. Ter amizades novas irá me fazer bem. E amanhã terei que ir cedo para Portland. Graças a Deus Demi irá comigo no carro, pois é tão chato dirigir tanto tempo sem ninguém para conversar. Saio de meus devaneios ao ouvir Jack me chamar de sua sala. Bem, essa é minha deixa! Sigo para sua sala e assim volto a meus afazeres ...


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Creditos Angel

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