XXXI - Amor Obscuro

– Selena, vamos então ? - Jack me chama no fim do expediente.

– Encontro você lá. - Ele me olha em duvida por um instante e assim forço um sorriso para convencê-lo e parece que consigo, pois me devolve o sorrio e se vira para ir.

– Esperamos você lá, hein. - Diz uma ultima vez e continua seu caminho.

Respiro exausta assim que as portas do elevador se fecham, levando Jack consigo. Tenho que dá um jeito de escapar dessa. Não que eu não queira sair com o pessoal, mas porque estou super cansada mesmo. Não tenho do que reclamar sobre meu trabalho. Ele é ótimo e as pessoas são maravilhosas. A cada dia que passa me adapto mais à ele. No começo eu até que fiquei em dúvida com relação à algumas pessoas, como Jack. Ele sempre dá um jeito de saber da minha vida com aquele jeito invasivo e esquisitinho dele querer saber das coisas, mas vi que esse é o seu jeito de ser e que faz isso sem maldade. Já Tony, o assistente de Elizabeth, é um pouco estranho. Não me inspira confiança alguma. Toda vez que Claire e eu decidimos almoçar na lanchonete do outro lado da rua, ele aparece. E quando optamos pela cantina da empresa, ele dá um jeitinho de sentar em nossa mesa. Desperto de meus pensamentos ao ouvir uma voz me chamar.

– Selly. - Olho em direção a voz e me deparo com Claire parada perto do elevador.

– Vamos ? - Ela sorri ao notar a confusão em meu rosto.

– Achei que já tivesse ido. - Digo com a testa franzida.

– Estava esperando você lá embaixo, aí como você não desceu, resolvi subir para te buscar. - Diz. É, pelo visto terei que comparecer nessa ''happy hour''. Pego minha bolsa e sigo Clarire até o elevador. – Estranho como o Jack não te arrastou junto com ele. - Diz assim que as porta do elevador se fecham.

– Ah, eu pedi que fosse na frente. - Digo simplesmente.

– Mas estranho ainda. Ele está sempre dando um jeito de arrastar as pessoas. Sabe, com aquele jeitinho meio gay dele ser. - Diz e isso me faz soltar uma gargalhada.

– Que horror, Claire! Como você maldosa. - Digo com falso espanto e ela ri.

– Mas é verdade. As más línguas dizem que ele é pegador e que tem um caso tórrido com Elizabeth, mas para mim ele não me engana. Se não é gay, é bi. - Diz e balando a cabeça em descrença.

– Fala sério, Selly. Vai dizer que você não achou isso ? - Ela entorta a boca e eu sorrio em resposta. – Mas agora mudando de assunto, e o Tony hein ? Menina, só de pensar naqueles olhos castanhos claro me dá um calor viu. - Diz e se abana. – Esqueço até de meu namorado as vezes viu. - Ri.

Reviro meus olhos e assim que penso em responder, as portas do elevador de abrem no térreo. Seguimos em disparada para fora do prédio e assim atravessamos a rua, pois o bar fica do outro lado da rua, ao lado da lanchonete na qual almoço frequentemente. Logo que entramos no bar, avisto o pessoal perto do balcão e então Claire e eu nos aproximamos.

– Até que enfim nossa convidada especial chegou. - Jack brada assim que nos vê e estende dois copos para nós. Pego e olho o conteúdo – É chopp. - Diz e pega seu copo, erguendo-o no ar. – Um brinde à primeira semana de Selena conosco e que ela continue com a gente por um bom tempo. - Jack celebra e todos erguemos os copos.

– Um brinde à Selena. - Todos diz em uníssono e sorriem.

– Obrigada. - Agradeço, envergonhada por tantos olhares em cima de mim.

Olho todos a minhas volta e não encontro Tony em nenhum lugar. Respiro aliviada com esse fao e logo todos voltam à suas respectivas conversas. Me sento com Claire no bar e ela começa a falar sobre sua vida, ou melhor dizendo, seu namorado complicado. Depois de mais de uma hora ouvido Claire tagarelar e beber mais um copo de chopp, decido ir embora.

– Mas já ? - Jack pergunta espantando e já meio alcoolizado. – Fica mais um pouco, Selly? Posso te chamar assim não é? - Pergunta, passando o braço pelos meus ombros.

Afirmo de cabeça e sorrio do estado em que ele se encontra depois de algumas. Engraçado, agora estou entendendo o que Claire quer dizer com ele ter um jeitinho meio gay. - É, parece que depois de algumas biritas, alguém pretende soltar a franga!– Meu subconsciente faz uma observação e começo a rir. Jack me olha interrogativamente.

– Desculpe, mas não poderei ficar mais. - Dou um sorriso de desculpas e me despeço do pessoal.

– Ok. Mas fica devendo outra happy hour, hein. - Jack diz gentilmente, mas prefiro me manter calada se não irei gargalhar de seu novo ''sotaque afeminado''.

– Tchau, pessoal. - Me despeço pela ultima vez e ando até a saída do bar.

Atravesso a rua e ando até o estacionamento. Assim que entro em meu carro respiro aliviada e parto para casa. Poucos minutos depois, entro no prédio como um furacão seguindo direto para meu apartamento. Assim que chego em meu andar, tiro meus sapatos e abro a porta, jogando os sapatos para o lado. Fecho a porta e assim que me viro dou de cara com Julian sentado na bancada da cozinha, com Demi fazendo alguma coisa. Franzo a testa para esse mero detalhe. Demi não sabe cozinhar. E o que Julian faz aqui? Pergunto mentalmente.

– Chamei Julian para comer uma pizza e ver um filme conosco. - Demi diz e abre seu sorriso malicioso. Já entendi tudo. Cachorra! Ah, mas ela vai me escutar. – Se junte à nós, Gomez. - Ela pisca, sem que Julian perceba.

– Vou tomar um banho primeiro. - Digo seriamente para Demi. – Olá Julian. - Cumprimento e sigo para meu quarto.

Largo a bolsa no chão assim que entro e tranco a porta atrás de mim. Tiro minha roupa pelo caminho até o banheiro e logo sinto a agua quentinha escorregar pelo meu corpo. Ai, que cansaço! Hoje trabalhei como uma condenada, preciso de descanso. -É, mas parece que você tem visita! - Meu subconsciente debocha de mim. Inferno! Mas quem disse que a visita é minha? Demi que o chamou, então ela que se vire. Sorrio com meu pensamento. Assim que saio do banho visto uma roupa confortável* e quando subo na cama para dormir, ouço Demi me gritar.

Merda! Não é dessa vez que terei sossego. Levanto da cama e calço minhas pantufas. Quer saber, vou do jeito que estou e dane-se se não estou com roupas adequadas para visitas. Sigo para sala e assim que chego na sala vejo um Joseph emburrado.

– Olá, Joseph. - O cumprimento.

– Sellyzinha. - Diz sério e olha atravessado para Julian. Já entendi tudo!

Demi me olha de cima até embaixo e franze o cenho. Sorrio inocentemente e me aproximo do da bancada.

– Que foi? - Pergunto e ela me lança um olhar ameaçador.

– A pizza está esfriando. - Resmunga. Olho para a bancada e vejo os pratos postos.

– Ah, sim. Obrigada por me chamar, mas estou sem fome. - Dou de ombros e sua carranca aumenta mais.

– Julian, vai escolhendo os filmes que deixei em cima da mesinha por favor ? - Ela pede e assim ele o faz. Assim que ele se afasta, Demi me puxa pelo braço até um canto da cozinha. – Está maluca? Que roupa é essa? Desse jeito Julian desistirá de você. - Ela rosna.

Estreito os olhos para ela.

– Não estou maluca, essa roupa eu coloquei para dormir e para de me jogar para cima do Julian. - Repreendo-a severamente e ela bufa.

– Poxa, Selly! Estou tentando juntar vocês dois para quem sabe, talvez você esqueça aquele filho da puta do Jonas. Ou você acha que eu não sei que chora todas a noites por ele ? - Ela diz.

– Demi, isso é problema meu. Não quero sair com ninguém e Julian é só um amigo de caminhada. - Digo resignada.

– Você precisa esquecer o Jonas. Porque pelo visto você não foi tão importante para ele né. Não procurou mais saber de você, nem nada. - Sinto meu coração ao ouvir isso. Engulo em seco para não deixar a repentinas lágrimas saírem. – Desculpa. Não deveria ter falado isso. - Ela diz ao perceber minha reação.

– Mas disse. Vamos comer antes que a pizza esfrie mais. - Digo magoada por suas duras palavras e pego meu prato em cima da bancada.

Ando até o sofá e me sento ao lado de Joseph. Começo a comer em silêncio, sob o olhar de Demi. Acabo de comer e coloco o prato na cozinha.

– Desculpa não ficar para os filmes, mas estou super cansada do trabalho. - Digo. Joseph tenta disfarçar o sorriso e Julian assente de cabeça. – Com licença. - Me despeço e sigo para meu quarto sem olhar para Demi.

Tranco a porta assim que entro e me jogo na cama. Fito o teto e logo as lágrimas começa a escorrer de meus olhos ao lembrar das palavras de Demi. Ela tem razão, realmente ele me esqueceu. Não fui tão importante para você né, Jonas! Fecho meus olhos, assim as lagrimas saem com mais facilidade e adormeço em meio ao choro.

***

Acordo num súbito ao ouvir uma batida na porta. Coço os olhos e vejo que já são 10hrs00min da manhã. Nossa, dormi bastante. Estava mesmo cansada.

– Ana, abre para mim, por favor ? - Ouço a voz manhosa de Demi do outro lado da porta.

Cambaleio para fora da cama e abro a porta.

– O que você quer ? - Resmungo.

– Posso entrar para conversarmos ? - Pede. Bufo e abro mais a porta, dando passagem para ela. Volto para cama e me enrosco nas cobertas novamente. – Quero te pedir desculpas por ontem ? - Ela diz com o semblante entristecido. – Eu errei em se meter em sua vida, mas não aguento ver você sofrer pelo Jonas. Desculpa forçar a presença de Julian, eu fiz aquilo pensando no seu bem, Selly. Depois de horas de briga com Joseph, percebi o quanto estava errada em se meter. - Ela sussurra o final e já sei que vai chorar.

– Tudo bem, Demi. - Digo e ela me olha em duvida.

– Sério mesmo? - Pergunta em duvida e sorrio para ela, que se joga na cama e se enfia embaixo das cobertas ao meu lado. – Ai, Gomez! Que bom que me perdoou. - Ela e me abraça. – Não suporto ficar brigada com você viu. - Completa.

– Eu também não, mas dá uma maneirada né. - Sorrio, mas logo desfaço meu sorriso ao ver seu semblante. – O que foi? - Pergunto alarmada.

– É que .. - Ela para e coça a cabeça.

– Fala, Demi! - Grito e ela sorri sem graça.

– Eu chamei o Julian para nos acompanhar na exposição. - Ela sussurra. Olho-a embasbacada. – Ele ainda ficou de confirmar se vai ou não. - Ela completa.

– Hum.. tudo bem. Eu gosto da companhia de Julian, acho ele um bom amigo. Só não quero que fique me jogando para cima dele. - Advirto e ela sorri envergonhada. – Agora, me conta porque Joseph e você brigou? - Pergunto para mudar de assunto.

– Porque ele não gostou da presença de Julian aqui e também odiou que eu chamei ele para a exposição. Ele ficou com muito bravo, você tinha que ver. - Ela diz e faz bico.

– E onde ele está? - Pergunto estranhando.

– Ele foi embora na madrugada. Estava emburradinho e preferiu ir, me deixando o resto da noite sozinha. - Diz e aumenta o beicinho.

– Bem feito. Isso é pra você aprender a parar de se intrometer na vida alheia. - Começo a rir e ela estreia os olhos para mim.

– Chata. - Resmunga.

– Intrometida. - Mostro a língua e ela ri. – Vamos que temos que pegar a estrada cedo. - Me levanto da cama e ela faz o mesmo.

– Precisamos ir ao salão. - Ela diz animada e franzo o nariz em reprovação.

– Não, muito obrigada. Pode ir sozinha. - Digo com desdém.

Ela me lança um olhar inquisidor e retribuo na mesma intensidade. Por fim, ela bufa em desistência e se encaminha para fora do quarto.

– Te espero na sala. - Ela anuncia antes de sair.

Sigo para o banheiro e faço minha higiene matinal. Assim que saio do banho, me enrolo na toalha e sigo para o closet, vestindo uma roupinha básica em seguida

Chego na sala e me deparo com Demi praticamente queimando o café da manhã. Sorrio com a cena e resolvo ajudá-la a não se queimar. Depois de tomarmos o café, sentamos no sofá e começamos a conversar como não fazíamos a muito tempo. Uma batida na porta nos interrompe e Demi levanta para atender.

– Julian. - Ouço ela dizer.

– Bom dia, Demi. Só vim avisar que não poderei acompanhá-las hoje. Sinto muito, mas apareceu um problema e terei que resolver. - Ouço ele dizer.

O que será que houve? Será grave? Tomara que não!

– Ah, que pena. Espero que consiga resolver o problema. - Demi diz.

– Obrigado. Diz para Selly que deixei um beijo. - Arregalo os olhos diante do que escuto.

– Ta bom, Tchau. - Demi diz e fecha a porta.

Ela se aproxima sorrateiramente e já sei o que está pensando.

– Nem comece! - Digo e ela levanta as mãos em redenção, sorrindo.

***

A tarde chega e aqui estou eu me arrumando para a exposição. Visto um vestidinho básico, pois não estou muito em clima de festa.

Assim que acabo de me arrumar, Demi entra como um furacão no meu quarto e quase engasgo ao vê-la.

– Uau, que gata! Joseph vai enlouquecer quando te ver assim. - Digo e rio.

– Ele não vai conosco, esqueceu? - Ela fala emburrada.

– Eu sei, e é por isso mesmo que estou dizendo isso. Quando souber que saiu desse jeito e sem a presença dele, irá enlouquecer. - Solto uma gargalhada e ela revira os olhos.

– Vamos logo, se não chegaremos amanhã. - Diz e assim saímos de casa.

***

Depois de horas dirigindo, chegamos em Portland por volta da 7hr30min da noite. Logo chegamos ao Heathman, o hotel onde será a exposição de David. Fiquei sabendo que está sendo patrocinado por uma grande empresária. David merece um reconhecimento desse, pois é muito talentoso. Assim que entramos no salão do hotel, avisto David falando com alguns jornalistas. Observo de longe seu empenho e sinto um orgulho tão grande dele.

– Ai que ódio daquela idiota. Querendo nos barrar, vê se pode. - Demi resmunga pela milésima vez, fazendo-me revirar os olhos.

– Demi, esquece aquela recepcionista e curta à noite. - Sorrio de sua cara emburrada.

Desde que brigou com Joseph ela está com essa cara. Já não sei mais o que fazer para alegrar o seu humor.

– Vem, vamos andar por aí enquanto David tem sua noite de estrela. - Ela diz e, pela primeira vez no dia, sorri ternamente ao olhar para David.

Começamos a andar pela 'galeria', admirando as fotos de David. Realmente ele é bom no que faz. Subitamente lembro do tempo em que eu e David éramos colados e eu o ajudava em seu trabalho, como sua assistente. Era altos risos e alegria geral.

– Toma, Selly. - Saio de meu transe ao ver Demi com uma taça de champanhe esticada em minha direção. Pego e dou um gole. Hum, parece bom! – Vou dar uma circulada. - Ela sorri maliciosamente e franzo a testa para ela.

– Olha lá, hein. - Repreendo antes mesmo dela fazer qualquer besteira.

– Calminha, é só uma voltinha. - Diz e se afasta.

Continuo a olhar as fotos até que paro em uma em especial. Sorrio igual uma boba, com o que vejo a minha frente. No alto da parede onde se encontra as fotografias, há uma grande fotografia dividida em três partes, formando assim um quebra cabeça: na primeira parte eu estou tapando minha boca, abaixo da minha está Demi tapando os olhos e mais abaixo completando o resto da foto, está David tapando os ouvidos e assim formamos o trio de cego, surda e muda, olhando debaixo para cima.

– Bela fotografia. - Tremo ao ouvir uma voz rouca e sensual, muito conhecida.

Não posso pode ser! Só posso ter enlouquecido de vez. Lentamente viro a cabeça em direção a voz e paraliso com o que vejo. É ele! Nicholas Jonas está diante de mim com um sorriso de mil megawatts e um olhar indecifrável. O QUE ELE FAZ AQUI? Grito em pensamentos. Ai meus Deus, será que ele continua me perseguindo ? Engulo em seco algumas vezes até me situar de onde estou. Merda! Estou parecendo uma idiota na frente dele. Resmungo mentalmente. Não vou deixar me intimidar por ele. Ah, mas não vou mesmo! Adoto uma postura impassível e o cumprimento.

– Senhor Jonas. - Digo friamente.

Ele levanta as sobrancelhas e assim seu sorriso se desmancha. Acho que esta espantado pelo modo que minha voz saiu. Até eu estou espantada com tanta frieza de minha parte.

– Senhorita Gomez. - Ele diz num tom de voz impassível.

Sinto minhas pernas começarem a tremer e tento contê-las. Caramba! Depois de tanto tempo ele continua surtindo o mesmo efeito sobre mim. Se controle, Selena! Repreendo-me mentalmente e tento continuar respirando normalmente. Não posso enfraquecer agora. Não, depois de tudo o que ele confessou no nosso ultimo encontro.

– Com licença. - Digo e tento me afastar, mas ele é mais rápido e para na minha frente, me impedindo de passar.

– Selena, não fuja. - Pede me olhando nos olhos.

Ai caramba! Que olhar é esse ?! Novamente minhas pernas tremem e quase não consigo me segurar em cima delas. Permanecemos nos olhando nos olhos por longos minutos até que Nicholas quebra o contato visual, olhando por cima da minha cabeça. Viro-me para seguir seu olhar e vejo uma ruiva chamando-o. Sinto uma raiva crescer em meu interior e franzo minha boca.

– Sua acompanhante? - Pergunto olhando para a mulher morena.

– Sim. - Responde e volto o olhar para ele de imediato.

Não acredito! Ele já está com outra submissa? E ainda a trouxe para uma exposição ?! -O que você esperava? Que ele ficasse sozinho o resto da vida? Acorda, Gomez! Ele nem te procurou.– Meu subconsciente ri com escárnio de minha cara. E dessa vez uma ruiva!

– Submissa nova. - As palavras saem de minha boca antes que eu possa detê-las. Ele levanta as sobrancelhas em espanto, diante do que ouve. Merda! Que boca grande eu tenho. – Bem, isso não é da minha conta né. - Sorrio falsamente para ele. – Com licença. - Assim que ameaço a me afastar ele segura meu braço e me olha embasbacado.

– Me solta. - Resmungo e assim ele o faz.

– Selly! Não acredito que você não se lembre dela. - Diz pasmo e franzo as sobrancelhas em confusão.

– Eu deveria? - Pergunto friamente. Ele me olha ainda pasmo e solta uma gargalhada de jogar a cabeça para trás. – Eu contei alguma piada engraçada ? - Pergunto sarcasticamente.

Rapidamente as pessoas ao nosso redor nos olha com curiosidade. Assim que se recompõe ele volta a me olhar com um sorriso nos lábios.

– Não acredito que não se lembre de Ross. - Diz e tenta segurar o riso, mas falha.

– Ross? - Pergunto mais confusa ainda.

– Ross, meu braço direito. - Diz achando graça e ruborizo violentamente ao lembrar que ele já me apresentou Ross, que por acaso é gay. Nossa, que mico do ano! Que o chão me engula, por favor. Peço mentalmente. – Ross me chamou para acompanhá-la porque Melissa, sua namorada, não poderia vir. - Explica. Sinto uma paz interior ao saber que ele não está tendo nada demais com essa ruiva, que porventura nem me lembrava que já havia a conhecido. – O que mais me espanta é você não lembrar dela. Te apresentei ela no meu aniversário. - Diz.

– Eu sei, mas fui apresentada a tantas pessoas aquele dia. - Digo. – E também isso não me interessa. Não tenho nada haver com isso mesmo. - Digo petulante.

– Ah, Selena! Você e essa sua boquinha. - Ele me olha intensamente e sem me dar conta mordo meu lábio inferior. – Não morda o lábio, baby! - Diz com a voz rouca e os olhos escurecidos. – Você sabe o que isso causa em mim. - Abre um sorriso torto.

Engulo em seco e tento me focar em ser forte.

– Nicholas, para. Não vou cair nessa sua conversinha outra vez. - Digo, o mais forte que consigo ser e vejo seu sorriso se desfaz lentamente.

– Precisamos conversar. - Ele diz.

– Eu não tenho nada pra conversar com você. - Digo na defensiva.

– Selly, por favor. - Ele pede.

– Nicholas, não insista, por favor. - Digo quase numa súplica, pois se ele insistir acabarei cedendo.

Ele abre a boca para responder, mas é interrompido abruptamente por Demi que se materializa entre nós.

– Não ouviu o que ela disse? Ela não quer falar com você! - Demi cospe a palavras em cima dele e pasmo com sua intromissão.

– Eu não sabia que Selena precisa de porta-voz. - Nicholas lança seu olhar gélido para Demi e sinto um formigamento percorrer meu corpo diante desse olhar.

– Para pessoas como você, ela precisa sim. - Demi continua a atacá-lo e vejo Nicholas trincar os dentes. -Isso não vai prestar! Demi, Demi... você não irá gostar nada nada de ver um Nicholas furioso.- Penso comigo.

– Porque você não cuida da sua vida, senhorita Lovato? Ou talvez quem sabe infernizar a vida do meu irmão, ao invés de se intrometer onde não foi chamada. - Nicholas diz impassível e ouço um bufo vindo de Demi.

– Eu não infernizo a vida do Joseph! - Diz entre os dentes. – E você, porque não deixa a Selly em paz? Porque não a deixa seguir a vida feliz, já que pelo visto foi incapaz de fazê-la feliz! Não me surpreende que pessoas como você não saiba fazer alguém feliz. - Ela rosna.

Nicholas continua a olhar impassivelmente, mas seu olhos não me enganam. No fundo deles vejo que ficou abalado com o que ouviu. Me magoa vê-lo tão .... frágil.

– Demi, chega! - Digo e ela me olha surpresa pelo que eu disse.

– Selly, não acredito que vai defender esse babaca. - Diz, pasma.

Nem eu to acreditando que estou defendendo Nicholas. Onde estou coma cabeça para tomar partido de uma pessoa que me magoou ? Engulo em seco e olho-a pensativa, tentando arranjar uma desculpa qualquer.

– Não é defesa. Só não quero escândalos. Daqui a pouco está todo mundo olhando e acho que você não vai querer sair na capa do jornal amanhã. Imagina a manchete: Jovem jornalista se desentende com o magnata Nicholas Jonas! - Digo e ela parece aceitar minhas palavras.

Sorrio internamente por ter saído dessa saia justa. Ela se vira para o Jonas e fuzila-o com o olhar Lovato que só ela sabe dá.

– Ainda não acabamos, Jonas! - Rosna e sai.

– Não esperava sua defesa. - Ele diz surpreso.

Reviro meus olhos e ele fecha a cara. Ah, Jonas! Nem me venha com suas esquisitices!

– Não te defendi. Só não quero ser motivo de falatório. - Digo com falso desdém.

– Então, será que agora podemos conversar ? - Pede novamente.

– Não! Não quero conversar, não quero ouvir o que você tem a dizer. Acho que já ficou tudo esclarecido entre nós. - Digo.

– Não, não ficou não. Preciso que me escute. - Diz e quando penso em responder, a tal da Ross aparece em meu campo de visão.

– Olá, Selena. Que bom te rever. Lembra de mim ? - Pergunta sorridente e assinto de cabeça, retribuindo seu sorriso. Então ela se vira para Nicholas. – Preciso da sua ajuda, Jonas. - Diz e sorri gentilmente.

Ele me olha como se estivesse à espera de minha permissão e balanço a cabeça positivamente. Então bufa e sai acompanhando Ross. Suspiro e começo a circular pelo recinto, mas logo David se materializa em minha frente.

– Pequena! - Ele me pega em um abraço de urso e me rodopia. Olho a nossa volta e paro meu olhar sobre Nicholas, que está nos fitando com uma possível raiva. Estranhamente, isso me faz sorrir amplamente e volto minha atenção para David. – Estava te procurando um bom tempo já. Desculpa não dar atenção a você e Demi quando chegaram, mas é que eu.. - Diz apressadamente, mas o interrompo, colocando a mão em sua boca e assim ele se cala.

– Tudo bem, você estava dando entrevistas. Agora é está ficando famoso né. - Digo zombeteira, tirando a mão de sua boca e ele rir. – Deve ter várias mulheres querendo um minuto com o fotógrafo bonitão. - Ele ri mais e o acompanho na risada.

– É... - ele coça a cabeça. – Digamos que vem no pacote. - Abre um sorriso safado e assim estreito meus olhos para ele, batendo em seu ombro de leve.

– Safado! - Digo com falsa reprovação e sorrio em seguida.

– Há controvérsia. - Diz fingindo inocência e assim solto uma gargalhada.

– Ai que cretino! Você não era assim. - Digo com falsa frustração e ele ri mais.

– Ai, pequena! Estou tão feliz que você está aqui. - Ele diz agora sério e me olhando no olhos. – Você e Demi. - Completa.

– E eu estou muito feliz por você viu. E orgulhosa. - Abraço-o e ele me aperta em seus braços.

– Oh pequena, ficou muito feliz de ouvir isso. - Diz visivelmente emocionado.

Olho nos seus olhos, com os braços a volta de seu pescoço e sorrio como uma boba. Estou tão feliz pelo meu amigo está realizando seu grande sonho. Involuntariamente, olho por cima do ombro de David e lá está ele, espumando pela boca. Sorrio maldosamente e me aconchego mais à David, com o olhar vidrado em Nicholas. Dou um beijo na bochecha de David e me afasto.

– Só não vai ficar esnobe, hein. - Advirto-o e ele ri em descrença.

– Até parece que vou conseguir esquecer você. - Levanto as sobrancelhas de um súbito e ele ri. – E de Demi também, né. Ela é inesquecível. - Completa.

Quando penso em dizer algo, uma mulher aparece e puxa David pelo braço. Ele me olha envergonhado e encolhe os olhos num ato de desculpa. Sorrio e assim ele se vai. Suspiro e saio a procura de um banheiro. Preciso de um tempo de paz, sem ver ninguém e como aqui está cheio, não dá. Ando, ando e ando até que encontro um corredor que dá acesso aos banheiros. Sigo pelo longo corredor vazio e logo entro no banheiro feminino. Fecho a porta atrás de mim e entro em uma cabine para fazer minhas necessidades. Permaneço um bom tempo sentada na privada, afim de curtir o silêncio do recinto até que ouço a porta do banheiro se abrir. Pronto! Acabou minha paz. Daqui a pouco começa as fofoquinhas de banheiro que sempre rola nesses eventos. Mas até que é bom escutá-las, ás vezes né. Mas ao contrário do que eu penso, nada acontece. Ninguém fala nada! Ué, será que só abriu a porta e se foi ? Bem, não tenho nada com isso mesmo.

Levanto da privada e saio da cabine, indo em direção as pias. Começo a lavar minhas mãos, abaixo meu torso e molho meu rosto com a água fresca que sai da torneira. Ai, que noite! Mal começou e eu já estou exausta. -Exausta nada! Está é mexida com o bonitão do Jonas!– Minha deusa interior ri maleficamente e sinceramente não posso discordar dela. Ele ainda mexe comigo, e muito pelo visto. Só de pensar nele com aquela morena, que graças ao bom Deus é Ross, me deu um calafrio. Não suporto a ideia de vê-lo com outra, mas não posso fraquejar diante dele. Poxa, ele me magoou muito já! Ainda o amo, mas a confiança que depositei nele não existe mais. Também como irei confiar numa pessoa que mentiu pra mim desde que me conheceu praticamente ?! Ouvir ele dizer que sabia de meu trauma desde o começo e mesmo assim me perseguiu me magoou profundamente. Eu tinha esperanças de que ele gostasse um pouquinho de mim, mas elas morreram no momento em que ele revelou aquilo. Minha ficha caiu e percebi que só fui uma distração para ele. Só mais uma submissa, que deu bastante trabalho mas que no fim ele acabou levando.

Ai chega! Não vou mas me martirizar com essas lembranças. Chega de Jonas! Não vou permitir que entre em minha vida novamente. Passo mais um pouco de agua no rosto e fico ereta novamente. Levanto meu olhar para o espelho a minha frente e congelo no mesmo instante. Logo sinto minhas pernas tremerem, mas apoio minha duas mãos na bancada da pia e assim sustento meu peso. Ai meu Deus, quero correr mas não consigo me mover, diante do olhar cinzento e insondável, que atravessa pelo espelho fazendo-me ficar imóvel. Engulo em seco e conto até dez mentalmente para tomar coragem de quebrar o silêncio.

– O que você quer, Nicholas ? - Digo temerosa.

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Creditos Angel