terça-feira, 25 de novembro de 2014

XLVI - Amor Obscuro

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– Vai dar tudo certo, Selena! - Taylor diz depois de um longo tempo em silêncio me observando.
Respiro fundo e tento me levantar, mas meus músculos doem, reclamando do belo esforço que fiz minutos atrás. Faço uma careta de dor e, Taylor percebendo algo errado, me ajuda a levantar. Sigo lentamente para o quarto de Nicholas, com Taylor em meu encalço. Assim que entro no quarto, sinto o vazio do ambiente me absorver inteira. Taylor sai, me deixando sozinha na total penumbra. Me deito na cama e deixo meus pensamentos vaguearem.
Como sempre, para a vida não perder o costume, eu tenho que ser enganada. O que mais me magoa não é descobrir quem é meu pai e sim o modo como ele me abordou. Ele entrou em minha vida, como quem não queria nada, escondendo suas reais intenções. Se fez de meu amigo esse tempo todo e nem teve a capacidade de ser franco comigo. Tive que saber por outra pessoa quem ele era. Pessoa esta desprezível. Talvez se ele ou minha mãe não tivesse sido tão omissos com isso, nada disso estaria acontecendo. Minha mãe... porque ela me enganou desse jeito? Fugiu quando mais precisei de sua franqueza. Sempre escondeu a identidade do meu pai, mas nunca me importei tanto com isso, pois sempre tive Ricardo para cobrir a falta dele... Ele que agora sei o nome, sei como é sua fisionomia... Lincon Timber!
Por mais triste que tenha sido a história de amor deles, eu tinha o direito de saber de tudo. Sinto um aperto no peito só de lembrar de cada palavra que saía de da boca de Lincoln, contando toda aquela trágica história. Que horror! Fui abandonada pelo meu pai, porque meus avós me rejeitaram.. Como doeu ouvi-lo falar isso. E agora ele quer tomar seu lugar de pai, como se nada tivesse acontecido.. Não, isso não! Não posso fazer isso com.... Meu Deus, Ricardo! Não posso fazer isso com ele, não quero ferir seus sentimentos com essa descoberta. Ele sim é o meu verdadeiro pai e só ele. Ele que sempre me amou como verdadeiro pai, me levou para a escola todos os dias. Lembro de seu sorriso toda vez antes de eu entrar na escola quando eu era pequenina, me transmitindo a confiança de sempre. Aquele sorriso que sempre me fez saber que tudo ia ficar bem quando algo não estava. Ricardo.. esse sim é meu pai. O homem que me amou e ajudou tanto na minha recuperação, a cada acontecimentode minha vida. Lágrimas involuntárias caem por minhas têmporas, mas não faço nenhum esforço de secá-las.

{...}
Horas se passaram e ainda estou aqui, deitada nessa imensa cama. Engolida pelo enorme e frio quarto. Frio este que tomou meu corpo. A minha única companhia em meio essa escuridão. Abandonada! Assim que me sinto. Até as lágrimas, que se dispersava de meus olhos, me abandonaram, deixando só o vazio. Olho para o relógio de cabeceira, notando que já são 02hrs13min e nada de Nicholas aparecer. Onde é que ele está até essa hora?
Estico-me na cama e pego o telefone que há em cima do criado-mudo. Disco o número de Nicholas e logo o barulho surdo ecoa pelo meu ouvido quando começa a chamar. Chama, chama e ele não atende. Tento várias vezes e, como das outras vezes, cai na caixa postal. Deixo um breve recado e coloco o telefone de volta na base.
Respiro fundo, sentindo a exaustão bate em meu corpo e levanto da cama. Sigo até a grande janela de vidro e abro a porta que dá passagem para a sacada. O vento frio bate fortemente em minha pele assim que piso na mesma, fazendo minha pele se arrepiar. Olho para a pouca claridade que há no céu, devido a Lua que tenta se esconder entre as nuvens e suspiro. Nem o tempo está a meu favor hoje. Me aproximo mais da sacada, apoiando minha mão na mesma e inspiro fundo, deixando o vento levar com ele toda frustração desse dia estressante. Abro meus braços e fecho meus olhos por um longo tempo, aproveitando mais o frio do vento que bate em minha pele, dissipando o peso em minha consciência, deixando-me cada vez mais leve.
– SELENA... NÃO!! - Um grito ao longe me tira do meu torpor, assustando-me.
Viro rapidamente para ver quem me chama e, com esse movimento acabo me desequilibrando. Agarro com mais força na sacada para apoiar-me, mas logo sinto braços fortes me envolverem, arrancando um gritinho de surpresa de mim, e me carregar de volta para o quarto. Levanto meu rosto para observar o rosto da pessoa que me agarrou e me deparo com duas íris cinzentas, me olhando horrorizado.
– Nicholas, que susto!! Onde você estava até essa hora? - Pergunto assustada.
– Selly, o que você estava fazendo ? - Pergunta aflito.
– Eu estava tomando um ar, porque ? - Franzo a testa para a aflição em sua voz.
Ele me abraça fortemente, me apertando contra seu peito que sobe e desce com sua respiração acelerada, enquanto cobre meu rosto de beijos.
– Ah, baby.... eu pensei.. eu pensei que você... - Sua voz falha e seu braço aperta mais em torno de mim. – Me perdoa, Selly? - Ele se afasta um pouco e pega meu rosto entre as mãos. – Eu agi como um idiota!! Não deveria ter saído daquela maneira, mas... - Sinto um cheiro estranho emanar de seu hálito e franzo a testa. Ele... bebeu ? – Não me deixe.. - Ele toma meus lábios com os deles em um beijo avassalador, cortando minha linha de raciocínio. – Eu preciso de você... me perdoa, por favor baby? - Diz desesperado entre o beijo. – Por favor...
Levo minhas mãos até seu peito e o afasto um pouco.
– Você bebeu... - Digo ao sentir o gosto de álcool deixado em minha língua.
– Um pouco.
Ele desce seus lábios por meu pescoço, deixando uma trilha de ardentes beijos. Tento ao máximo me manter firme, mas sinto meu corpo fraquejar por um breve momento. Sinto meu corpo ser carregado e logo o frio do colchão bate em minhas costas. Nicholas debruça-se sobre mim, encaixando-se no meio de minhas pernas, enquanto seus lábios continuam com sua perseguição.
– Nicholas, não! Precisamos conversar...
– Depois... - Ele volta a atacar meus lábios. – Eu preciso disso e você sabe... - Diz com os lábios colados aos meus. – Preciso sentir que está tudo bem entre a gente. - Ele desce seus lábios por minha bochecha.
– Não! Vamos conversar agora mesmo! - Digo firme.
Ele recua um pouco para me olhar nos olhos.
– Já começou a me rejeitar..
Seu olhar de menino perdido faz meu coração partir em mil pedaços.
– O quê? Não! - Pego seu rosto entre minhas mãos. – Não estou rejeitando você, é só que precisamos mesmo ter essa conversa.
– Depois, baby! Depois falamos sobre isso.. Agora eu preciso disso...
– Nicholas, isso não é jeito de resolver as coisas.
– Você sabe que pra mim é sim... - Ele crava seus olhos nos meus. – Preciso sentir que você continua sendo minha. - Sussurra.
– Mas eu sou sua, você ainda dúvida disso ?
Ele aproxima seus lábios dos meus, hora nenhuma sem quebrar o contato visual.
– Selly... não me rejeite.... - Pede sofredoramente, ofegante.
Tento resistir, mas sua respiração acelerada bate em meu rosto, embriagando-me pouco a pouco até que não consigo mais resistir e deixo-me levar pelo momento. Meus braços caem fracamente ao meu lado na cama. Como resposta, Nicholas toma meus lábios em um beijo desesperado, transmitindo todo seu sentimento nele. Sua língua entrelaça na minha, com certa avidez. Fecho meus olhos ao sentir suas habilidosas mãos passarem freneticamente pelo meu corpo. Logo seus lábios descem por meus pescoço outra vez e jogo a cabeça pra trás, pra lhe dar mais facilidade.
Ele segue um caminho lento e sensual até meu ombro, abaixando a alça de minha blusa, deixando-o exposto. Em seguida leva as mãos até a barra do simples pedaço de pano e o puxa para cima. Levanto um pouco da cama, ajudando-o a livrar-me dela. Arqueio minhas costas quando seus dedos frios tocam minha pele semi-nua e abre meu sutiã, jogando-o longe sem ao menos ver onde. Volto a recostar no colchão, quando suas mãos posam no cós de minha bermuda, abrindo-a e puxando-a, juntamente com a calcinha, em um ato rápido, deixando-me completamente nua. Nicholas levanta da cama e rapidamente se despe, sem tirar os olhos de mim. Volta a debruçar-se sobre mim, se encaixando perfeitamente entre minhas pernas outra vez, roçando sua enorme ereção em meu sexo já molhado.
Volta a beijar-me e em seguida descer os beijos pelos meus seios. Fecho meus olhos para aproveitar mais a sensação de seus lábios em mim. Sinto suas mãos apalparem em cheio meus seios, apertando-os enquanto seus lábios despejam beijos famintos por minha barriga. Estremeço ao sentir algo úmido, causando um choque em minha pele quente. Respiro ofegante ao me dar conta do que é. São lágrimas... Nicholas está chorando?! Oh, não!! Isso é demais pra mim. Levo as mãos até suas costas e ele estremece sobre meu toque. Oh, meu pobre garotinho! Está assustado, com medo! Apavorado por não ter o controle de mais nada. Subo minhas mãos para seus cabelos, ás cegas, e puxo-o fazendo com que ele suba até ficar cara a cara comigo.
Abro meus olhos e encaro seus olhos tristes e lacrimejados. Aproximo meu rosto do seu e beijo por onde a lágrima deixou uma trilha.
– Não me deixe, Selly...
– Eu não vou! O que eu preciso fazer pra você acreditar ? - Pergunto ao ver a dor estampada em sua íris.
Nicholas olha fixamente em meus olhos, demonstrando todo seu medo e angústia. Olhos cinza perfurando os azuis, enquanto se prepara para me possuir. Arfo ao sentir a cabeça de seu membro em minha entrada escorregadia.
– Case-se comigo. - Sussurra ao mesmo tempo em que entra em mim profundamente.
Sinto meu coração parar por um instante. Case-se comigo... Case-se comigo... Case-se comigo... Suas palavras ecoam em minha mente, deixando-me cada vez mais atordoada. Oh, não! Essa não! Isso é muito pra mim. Sinto meus olhos arderem com a presenta das lágrimas e os fecho, deixando-as cair deliberadamente. Casar com Nicholas ?! Como assim? Porque ele faz isso? Justo agora? Somos tão imaturos em nosso relacionamento. Temos tanto problemas a resolver.. seria muita irresponsabilidade casar no meio desse caos.
– Eu te amo. - Sua voz tira-me do meus torpor e abro meus olhos de imediato. – Podemos cuidar um do outro, formar uma família, tudo o que você quiser...Só.. não vai embora outra vez...
Ele começa a se movimentar lentamente e entrelaça suas mãos nas minhas, olhando em meus olhos. Distribui beijos ternos pelo meu rosto a cada investida que dá contra mim. Mas uma vez me entrego ao seu movimento lento e preciso por um longo tempo, esperando sentir as ondas muitos conhecidas se aproximarem, mas isso não acontece. Nicholas aumenta um pouco mais o ritmo de suas investidas, arrancando gemidos de meus lábios. O suor brota em nossas testas, escorrendo por nossos rostos. Nossos corpos colados, se esfregando com o movimento. Aperto meus olhos, mais uma vez tentando chegar mais próximo da borda, mas não consigo. Um rápido filme dos últimos acontecimentos passam por minha mente, evitando que eu chegue onde quero. Percebendo algo de errado, Nicholas aumenta mais o ritmo, estocando-me com mais precisão.
– Dê pra mim, baby... - Ofega.
– Não... - Choramingo. – Não consigo.
Nicholas afasta um pouco seu torso do meu, mudando de posição e me penetra mais firme, atingindo um certo ponto dentro de mim e fazendo minha carne tremer. Logo a tão desejada onda se aproxima de meu corpo, queimando meu ventre a cada vez que Nicholas entra e sai de mim. Ele volta a debruçar-se sobre mim. Sinto seu corpo todo tremer sobre o meu e gememos nossos nomes em uníssono quando o orgasmo nos atinge. Paro de respirar quando o líquido dele me invade e me perco em um mar de sensações. Minha mente fica inerte por um instante com cada sensação.
Saio de meu transe ao senti-lo sair de dentro de mim e deixar o peso do seu corpo cair sobre mim, enquanto tenta controlar a respiração, apoiando sua cabeça entre meus seios. Ouço Nicholas proferir palavras desconexas mas permaneço calada. Levo uma de minhas mãos em suas costas e a outra em seus cabelos, acariciando-o carinhosamente até que sua respiração se normaliza ao poucos e logo percebo que ele derivou em um sono profundo.
Viro meu rosto para a janela e através dela observo a imensidão da linda Seattle e sua pouca claridade noturna devido as raras luzes acesas, por horas e horas...

{...}

Ao fundo vejo o Sol nascer pouco a pouco e continuo do mesmo jeito que estive por horas: Com meus olhos cravados no horizonte. Não consigo dormir. Não consigo sequer fechar minhas pálpebras, pois a cada vez que o faço lembro das últimas 48 hrs. É desgastante demais ficar pensando em tudo o que aconteceu. Em Tony, em Lincoln, em Mandy e em Nicholas. E agora tem esse pedido de casamento! Espero que quando Nicholas acordar, diga que tudo não passou de um momento de loucura. Porque do contrário, terei que fazê-lo entender a realidade dos fatos. Como podemos nos casar com tantas lacunas para ser preenchidas? É Lincoln, Elena, ele mesmo... Franzo minha testa ao lembrar vagamente de nossa briga. O jeito como me abordou ontem... Parecia aquele dominador que conheci tempos atrás. Isso me faz pensar em sua sala de jogos, que continua do mesmo jeito que da última vez que entre. Como podemos casar se nem sequer resolvemos essa questão ?
Desvio meu olhar e assusto-me ao me deparar com um par de sonolentos olhos cinzas olhando pra mim.
– Bom dia. - Digo e abro um pequeno sorriso, na tentativa de afastar a tensão que se instala pouco a pouco. Nicholas permanece calado, me analisando minuciosamente. Levanto as duas sobrancelhas para seu silêncio. – Que foi ?
– Me perdoa ? - Reviro meu olhos.
– Eu já disse que sim. - Respondo, cansada de ouvir essa pergunta.
– Mesmo ?
– Mesmo! Já disse que está tudo bem entre nós, que compreendo sua reação. Poxa, quando é que você vai parar com essa insegurança ?
– Não é só isso. É que me sinto culpado por ter te tratado daquela maneira. Eu.. eu sou um cara que age na empolgação do momento...
– Jura? Nossa, nem tinha percebido isso. - Digo com sarcasmo, ao interrompê-lo e ele franze a testa.
– ...E naquele momento eu estava com raiva, confuso e medo. Completo pavor de te perder novamente. Quando a Elena me disse que você e o Linc tinham armado para se vingar..
– O quê ? - Minha voz sai baixa, tamanho é meu espanto.
– Ela me disse que ele é seu pai e que você só entrou na minha vida a pedido dele, para se vingar pelo que houve entre mim e Elena.
– E você acreditou nisso ? - Ele encolhe os ombros, visivelmente envergonhado. – Eu. Não. Acredito! - Digo pausadamente. – COMO VOCÊ PODE ACREDITAR NUMA COISAS DESSAS ? MEU DEUS! - Bufo de raiva. – Nicholas, você por um acaso se lembra de como nos conhecemos ?
– Sim. Foi na loja da Newman Marcus.
– Hum... e aí eu armei para trabalhar lá e que um belo dia você iria cair de paraquedas na loja para nos conhecermos e assim eu completaria a tal vingança né ? - Digo mais uma vez com o sarcasmo emanando de minha voz.
– Eu já entendi, Selena. Não precisa falar comigo como se eu fosse uma criança. - Ele diz irritado pelo meu tom de voz.
– Ah, desculpa, mas é que não parece que você entende muito bem as coisas.. - Rio de nervoso e olho para o teto. – E ainda quer casar, meu Deus..
– Sim... e você ainda não respondeu..
Meu riso congela na mesma hora e volto a olha-lo.
– Eu ainda tinha esperança de que fosse só um dos seus momentos.
– Isso é um não ? - Sua expressão muda drasticamente.
– Não. Isso é um.. você enlouqueceu de vez ? - Ele não responde nada, me olhando ainda triste. – Nicholas, pare e pensa um pouco. Como é que você quer que eu aceite esse pedido de casamento louco, se no primeiro problema que surge você sai da casa transtornado, nem ao menos me dando o benefício da dúvida? Você acredita nos outros e não em mim.. Eu sei que erro ás vezes em não te contar algumas coisas, mas...
– Eu acredito em você. Eu só.. - Ele passas as mãos no rosto e bufa. – Fiquei com medo de você me abandonar outra vez..
– E você quer que eu me case com você pra ter a certeza de que não vou fugir, é isso ?
– Não. - Ele franze a testa em confusão. – Também é, mas... - Ele aproxima o rosto do meu e olha dentro de meus olhos. – Eu quero você na minha vida pra sempre. Joseph e Demi vão se casar daqui a pouco e eu não quero você morando sozinha naquele apartamento. Eu já te pedi para vir morar comigo e você recusou, então não vejo problema nenhum em me casar. Te amo e você também me ama. E desse jeito terei você aqui todos os dias quando acordar.
Sorrio com sua franqueza. Ai, como esse homem é louco, senhor! Um dia briga como uma fera, no outro me pede em casamento. Acho que nunca entenderei essa cabeça maluca. Acaricio o rosto dele com uma mão e o beijo ternamente nos lábios.
– E agora, é um sim ? - Pergunta assim que nossos lábios se afastam um pouco, me olhando com esperança e um sorriso pidão.
– Não. - Dou uma risada quando ele fecha a cara. – Baby, entenda.. precisamos amadurecer mais.. E também tem a sua sala de jogos.
– O que tem ela ? - Pergunta emburrado.
– Ela continua do mesmo jeito que entrei pela última vez. Está toda bagunçada e você não deixa ninguém chegar perto dela.
– É difícil pra mim entrar lá.
– Eu sei. Entendo que seja, mas temos que superar as coisas. O que aconteceu aquela vez...
– Selena, chega!
– Está vendo só! Você não me escuta! - Exclamo e ele bufa de raiva.
– Eu me sinto mal com as lembranças que elas me trazem. A nossa última noite lá dentro foi...
– Eu sei. - O corto, pegando em seu rosto. – Pra mim também não foi nada bom, mas.. temos que superar! Se tem uma coisa na minha vida que eu aprendi muito bem, foi a superação. E só vamos conseguir isso se você parar de evitar entrar naquela sala.
– Eu te machuquei lá, Selly!
– Eu também tenho minha parcela de culpa. Você não mentiu sobre quem era, Nicholas. Eu tive a opção de recusar sua oferta, mas aceitei. Mesmo com o meu passado, mas eu resolvi ignora-lo para ter você.
– E eu me aproveitei do seus sentimentos por mim. Eu sempre soube de você.
Entorto minha boca, avaliando o que posso dizer sem ser rebatida por suas respostas implacáveis. Não estamos chegando a lugar algum com essas lembranças.
– Bem, eu sei que nos magoamos muito lá dentro, mas.. passou! Agora só temos que superar, ok?- Ele não diz nada. – Temos que arrumar a bagunça que foi feita, certo ? - Pergunto mais uma vez e espero sua resposta, mas ela não acontece. Bufo exasperada com o rumo da conversa. – Nicholas, assim não dá! Como vamos progredir se você não quer ? Não concorda com nada...
– Tudo bem. Vou mandar arrumar a sala de jogos. - Sorrio com meu progresso. – Agora é um sim? - Reviro os olhos e rio.
– Não!
– Quando vai ser então ? - Pergunta exasperado.
– Quando estivermos arrumado a bagunça toda.
Suspiro e desvio o olhar ao lembrar do conteúdo da próxima conversa. A mais importante de todas. Sobre meu... Engulo em seco ao cogitar a palavra pai.
– Como você está ?
Me calo ao perceber sobre ao que ele se refere. Levanto meu olhar para ele, me deparando com a intensidade da preocupação em seus olhos. Nossa, só agora me dou conta que isso não é algo para se falar em uma conversa matinal. Finalmente, dou de ombros, quando percebo que ele continua a esperar minha resposta.
– Eu não sei te dizer...
Abaixo meu olhar quando minha voz falha. Logo sinto seu dedo em meu quixo, fazendo assim com que eu volte a olha-lo.
– Que tal começar dizendo o que você está pensando ?- Franzo a testa, incrédula do que meu ouvidos acabaram de escutar. – É bom desabafar... - Ele completa, para o meu susto total.
– Hum... ? Eu ouvi bem ? Nicholas Jonas falando que desabafar é bom ?
Ele sorri e beija meus lábios castamente.
– Foi você quem me ensinou isso, não está lembrada ?
Sorrio de lado com sua percepção. Respiro fundo e tento entender o que se passa em minha cabeça.
– Eu realmente não sei mais o que pensar... Parece que minha cabeça vai explodir cada vez que penso nisso. Eu, eu não sei mais o que fazer... - Encolho meu ombros, deixando a frase inacabada.
– Oh, baby! - Ele me abraça fortemente. – Eu odeio te ver assim...
O agarro com força quando as lágrimas se fazem presente.
– Porque ? Porque isso foi acontecer? - Choramingo e ele beija minha têmpora. – Porque minha mãe escondeu isso de mim ? Porque eles deixaram eu saber pela Elena? Porque?
Nicholas gira na cama, fazendo com que eu fique por cima dele e me aperta mais sobre seu peito.
– Eu acredito que haja uma resposta pra tudo, baby.
Me afasto um pouco para olha-lo nos olhos.
– E Ricardo ? Como vou dizer isso a ele ? Como ele vai se sentir com isso tudo ?
Ele passa o dedo em meu rosto, quando uma lágrima cai por minha bochecha.
– O que o Linc te disse quando... - Ele deixa a pergunta inacabada e engole em seco.
– Me contou toda a história dele e minha mãe. Disse que eu fui rejeitada pelos meus avós e que foi obrigado a me abandonar para não me tirarem de minha mãe.. - Digo num fio de voz e caio no choro ao lembrar das palavras saindo da boca de Lincoln. – Eu não quero falar disso.. - Falo entre os soluços.
Nicholas volta me abraçar e me embala em seus braços.
– Shhh... Como você quiser, baby.
Ele beija com carinho o topo da minha cabeça e assim ficamos por um longo tempo. 

{...}


Depois de passar um longo tempo embaixo do chuveiro, sozinha e absorta do mundo, saio do banho e visto uma roupa básica. 

Não pretendo sair hoje, apesar de ser segunda feira e ser um dia normal de trabalho. Sei que deveria voltar a trabalhar o mais rápido possível, pois assim me livraria desse tormento por algumas horas, mas não sinto vontade de fazer nada. Meu corpo reclama de cansanço e sei que é porque ainda não consegui dormir.
Nicholas, com muito custo e basicamente depois de tê-lo expulsando de sua propria casa, foi para a JEH resolver algo com Ross. Parece que era algo importante, então recusei sua companhia, apesar dele ter insistido bastante em saber como eu estava. Fingi que estava tudo bem e até comi algo forçado para convencê-lo. Assim que me sento na cama, ouço alguém bater na porta.
– Pode entrar.
A porta se abre, revelando Gail com meu celular em mãos.
– Selly, achei seu celular no outro quarto e estava tocando. - Ela me entrega e logo vejo no visor várias mensagens e chamadas perdidas.
– Obrigada, Gail. - Sorrio em agradecimento.
– O almoço já está pronto, Selly. Quer que eu coloque a mesa ou vai esperar o senhor Jonas ?
– Obrigada, Gail, mas eu não estou com fome.
– Mas precisa se alimentar direito. Você quase não comeu nada no café da manhã. - Me repreende, mesmo com sua ternura.
– Depois eu como alguma coisinha. Só preciso dormir um pouco. - Sorrio e me deito na cama.
Ela estreita os olhos para mim, mas logo abre um sorriso.
– Tudo bem. Descanse, mas vai comer algo depois, ok mocinha ?
Rio de sua reprimenda e assinto de cabeça. Assim que Gail sai do quarto, volto minha atenção para o celular em minhas mãos. Vejo que há 15 chamadas perdidas: 8 ligações de minha mãe, 4 do Lincoln e 3 de Demi. Há também uma mensagem de texto, está sendo de Lincoln. Respiro fundo, indecisa se a abro ou não, mas por fim decido que sim.


“Selena, minha filha. 
Que orgulho eu tenho ao proferir tais palavras!
A vida tem sido dura conosco, não é mesmo?
O fato de não poder estar próximo de ti tanto quanto deveria nesse momento doloroso é algo que me entristece profundamente. Sei o quanto você precisou de mim. Sei o quanto foi necessária a minha presença perto de você e mesmo assim não estive. Por isso, não quero justificar o injustificável. Somente quero, minha filha, que você saiba o quanto te amei esse tempo todo que estive longe. Somente por tua causa, eu aguentei tantos anos de infelicidade, pois apesar de tudo, eu queria ver você crescer e ser feliz. Não falei na nossa conversa, mas uma vez tentei me aproximar de você. Você era pequenina e Mandy me odiava profundamente, depois do canalha que eu fui com ela. Ela já havia se casado com Ricardo, estava feliz. Então proibiu que eu a visse. Me pediu que sumisse da vida de vocês e que as deixassem serem felizes. Não a culpe por isso, pois ela tinha razão. Vocês só iriam sofrer se eu estivesse por perto. E tudo o que eu não queria era isso. Você merece ser feliz. Minha filha, mesmo que estivemos distantes por todo esse tempo, as suas imagens permeariam os meus pensamentos a cada segundo. Você foi e é a razão maior da minha vida e por tua causa, tudo o que faço tem sentido. Por isso peço uma chance de está próximo de ti. Que me ajude a transformar nossos momentos de ausência em algo menos doloroso. E nunca se esqueça: Tudo o que desejo, é a sua felicidade acima de tudo.

Com amor..
Seu Pai!”

Fico em choque por longos minutos ao acabar de ler tais palavras. até que . Tremo com o susto causado pelo vibrar meu celular em minhas mãos. Olho rapidamente para a tela e vejo que uma ligação de Demi e logo atendo.
– Selly, estou ligando para saber se você quer me acompanhar na prova do vestido daqui a pouco? - Permaneço calada, pois tenho total certeza de que se abrir a boca, irei chorar mais uma vez. – Selly ? Você está aí ? - Pergunta preocupada. Engulo em seco para livrar qualquer resquício de choro, mas falho. Lágrimas descer por minha face freneticamente. – Selly?
– Desculpa, mas não dá. Depois nos falamos. Tchau. - Desligo o celular assim que minha voz começa a falhar.
Deito lentamente na cama, com as lágrimas escorrendo por meu rosto até que sou vencida pelo cansaço e caio em um sono profundo



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Creditos Angel 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

XLV - Amor Obscuro

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Pov. Jonas!


Horas se passaram e aqui estou, enfurnado nessa merda de escritório, graças à um imbecil qualquer que está dificultando meus planos de fazer uma surpresa para Selena. O aniversário dela está chegando e, como sei que mais cedo ou mais tarde ela voltará para aquele inferno de editora, resolvi juntar o útil ao agradável... Comprarei a SIP! Por mais abalada que ela esteja no momento, sei que aceitará a proposta que o Hyde lhe fez, mesmo que eu fique contra sua decisão. Por mim ela poderia muito bem ficar em casa pelo resto da vida que nada lhe faltará. Facilitaria e muito minha vida. Mas já sei que ela não concordaria nunca com isso. Sei até os argumentos que usará, caso lhe peça isso. Irá dizer que crescerá sozinha profissionalmente, que nunca aceitará ser sustentada por homem e toda aquela baboseira de mulher independente.
Ás vezes ela é tão frustrante. Me irrita profundamente com sua petulância, mas ao mesmo tempo me fascina. Tenho plena consciência de que se não fosse por ela ser do jeito que é, cabeça dura, não estaríamos juntos novamente. Então, como a conheço suficientemente bem para saber de suas decisões futuras, resolvi presenteá-la com a editora. Ela fica feliz por continuar com sua carreia e eu fico feliz em saber que ela está em segurança. Saberei quem entra e quem sai de lá. Ainda não me conformo com o modo que tudo aconteceu, aliás nunca me conformarei. Então daqui pra frente manterei meus olhos vivos e sem piscar, se possível, em cima dela. Só falta aceitarem minha proposta de compra. Não sei porque estão dificultando tanto, já que minha proposta equivale o dobro do que a editora realmente vale.
Sobressalto da cadeira assim que meu telefone começa a tocar, fazendo-me sair de meus pensamentos.
– Jonas. - Atendo, ríspido como sempre.
– Nicholas sou eu de novo, Ross. - Recosto na cadeira e bufo em exaustão.
– Sim, e aí tem alguma coisa pra me dizer dessa vez ?
– Conseguimos. - Fico ereto em minha cadeira ao ouvi-la bradar do outro lado.
– Sério ? - Pergunto um pouco incrédulo.
– Sim, pode acreditar. Acabei de falar com o próprio CEO da SIP. Depois de tanto insistir, ele viu que não iríamos desistir facilmente, e resolver nos atender. Então, depois de uma longa negociação, ele aceitou nossa proposta.
– Isso! - Brado e sei que o sorriso vitorioso no meu rosto está enorme. – Obrigado por tudo, Ross.
– Depois de você me dizer seus pontos, me convenci de que era o certo a se fazer. Espero que Selena fique feliz com o presente. – Diz alegremente. – Agora deixa eu desligar, pois ainda falta resolver a papelada da negociação, essa burocracia toda. Mas, o que importa ela já é das empresas Jonas.
– Ok, resolve tudo aí e depois me mande tudo por e-mail. Ah... - Paro de falar e sorrio. – Amanhã quando chegar na JEH, me lembre de lhe dar um aumento. - Digo e ela solta uma risada gutural.
– Pode deixar que lembrarei perfeitamente. Tchau, Jonas, tenha uma boa noite. - Responde aos risos e desliga.
Coloco o telefone na base e volto a recostar na cadeira. Passo as mãos no rosto e solto um longo e exausto suspiro. Enfim, consegui! Isso merece uma comemoração. Levanto da cadeira, saio da penumbra de meu escritório e sigo para a cozinha. Paro no meio do caminho e franzo a testa. Estranho ao ver tudo quieto, no silêncio absoluto, mas logo me lembro que Selly saiu com Taylor para escolher o jantar. Continuo o meu caminho até a cozinha e me sirvo de uma de uma boa taça de Sancerre, ao chegar na mesma.
– Um brinde ao presente de Selena. - Digo para mim mesmo e sorvo um grande gole da bebida.
Agora sim posso voltar para Selly e lhe dar a atenção que merece. Ela anda me preocupando com seus comportamentos ultimamente. Principalmente sua mudança repentina de humor. Ela estava tão bem hoje de manhã. Mesmo brava comigo, logo depois de se despedir dos pais, ela estava sorrindo. E aí rapidamente seu humor mudou drasticamente. Até entendo que a visita inesperada de Elena mais cedo tenha influenciado nisso. Sei que a presenta de Elena a aborrece demais, porém eu esperava a batalha que ela iria travar comigo, a irritação, as brigas, mas não um ataque de pânico ao ponto de sentir dor de cabeça. Repetiu coisas desconexas, insistindo que tinha algo a me falar, mas preferi deixar para ouvi-la depois que sua dor aliviasse e ela estiver mais calma.
Pedirei a minha mãe para vir aqui depois, para examiná-la. Apesar dela ficar insistindo que não era nada demais, me preocupo. E teimosa como sempre, não aceitou ir para o hospital, mas de minha mãe ela não escapa. Só depois que Denize disser que ela está bem, que ficarei mais aliviado. Quero que ela volte a viver tranquilamente, que seja como sempre foi: alegre e sorridente.
Só espero que o que ela tenha para me falar não seja nada sobre o ocorrido com Tony. Cerro meus dentes só de lembrar do nome desse desgraçado. Felizmente esse filho da puta já está bem fodido. Seu julgamento já foi marcado para daqui a um mês. Mas isso não me preocupa, pois com certeza ele será enterrado numa penitenciária qualquer. Ainda mais com meu pai cuidando do caso. Parece que para ele isso se tornou um caso de honra. Ele realmente gosta muito de Selena, pois é difícil ele tomar a frente de um caso assim. Aliás, ela conquistou a todos da minha família. Ela é demais.
Sorrio com esse pensamento e sei que devo está parecendo um idiota com esse sorriso tosco nos lábios. Merda! Desde quando me tornei esse idiota ? Lógico que foi depois que conheceu Selena, né Jonas! Droga... O amor realmente nos torna um completo babaca. É uma merda... mas é uma merda boa. Coloco minha taça vazia em cima da bancada, assim que escuto o ''ding'' do elevador. Deve ser selly e Taylor com a comida. Sigo sorridente até sala, mas paro de um súbito ao me deparar com Elena parada no meio de minha sala.
– O que você quer aqui, Elena ? - Rosno.
– Sempre tão receptivo o meu garoto. - Ela sorri.
Respiro fundo para manter o controle e não avançar sobre ela e lhe dar uma bela lição por se referir a mim dessa forma nojenta. Ela sempre me chamava assim quando eu era seu submisso, mas depois que abandonei essa vida e me tornei um dominador, ela parou com essa idiotice. Sei que é só para irritar Selena, mas quem mais se irrita sou eu. Nunca gostei desse apelido e ouvindo-o sair de sua boca agora me dá asco.
– Já disse para não me chamar assim. - Digo friamente e me aproximo dela com passos friamente calculados. – Vai responder o que lhe perguntei ou vou ter que me aborrecer ? - Rosno.
– Ui, você anda tão nervoso ultimamente. Selena não anda fazendo direito o trabalho de casa? - Pergunta sarcasticamente e sorri, mas seus olhos não me enganam. Sei que está com raiva pela minha recepção.
– Isso não é da sua conta, Elena! Agora dá o fora daqui, antes que eu mesmo lhe dê uma lição.. Não gosto de ser pego de surpresa. Muito menos que você venha a minha casa sem avisar.
– Nossa! O dominador está de volta é ? Ufa... não aguentava mais aquele babacão apaixonado.
– CHEGA! FORA DAQUI, AGORA! - Grito e aponto para a porta de saída.
– Calma! Eu ainda não lhe disse o que vim fazer aqui. - Ela caminha até uma poltrona e se senta na mesma com sua pose dominante.
– Não me interessa o que você veio fazer aqui, então vou dizer pela ultima vez.. dá o fora!
– Não quer mesmo saber o que tenho para lhe dizer ? Nem se for sobre Lincoln e sua ''perseguição'' à Selena ? - Ela faz o sinal de aspas com dois dedos de cada mão.
– Que eu me lembre, já lhe perguntei o que ele tanto quer com ela e você se recusou a dizer.. Porque eu ouviria agora ? O que mudou para você querer falar agora ? - Pergunto impaciente.
– O que mudou foi que eu vim aqui mais cedo, está lembrado ?
– Sim. - Digo entre os dentes.
– Então, eu vim tratar de negócios com você, mas aí me deparei com Selena e me dei conta de que tenho que abrir seus olhos.
– Elena, não começa..
– Nicholas, você pode não acreditar, mas eu gosto de você. Tivemos um relacionamento de seis anos e é claro que criei afeição por você. Eu me sinto na obrigação de te alertar para um golpe.
– Agora já chega! Sai daqui! Não estou com paciência para suas tolices, Elena. - Sigo para abrir a porta para expulsá-la.
– Selena é filha do Lincoln! - Paraliso no meio do caminho ao ouvir tais palavras. – Ela e o Lincoln estão juntos para lhe derrubar.. - Viro-me para encará-la.
– Você só pode está delirando.
– Não. Não estou. Estou tentando abrir seus olhos antes que seja tarde demais. - Ela se levanta da poltrona e se aproxima de mim. – Não quis te falar isso antes, pois não queria me intrometer em sua relação. Você sempre acha que eu estou errada, então resolvi me manter de fora. Mas quando vi Selena hoje mais cedo, agindo como se fosse a dona dessa casa... eu não podia deixar que ela continue te enganando.
– Do que você está falando.. - Digo atônito com suas palavras.
– Lincoln armou tudo para se vingar de você. Ele nunca esqueceu o que fizemos, Nicholas. Ele nos odeia desde que nos flagrou naquela cena na minha sala de jogos. E é claro que ele
iria se vingar de nós dois. Bem, de mim nem tanto, pois a surra que ele me deu logo depois do flagra foi o bastante. - Ela sorri amargamente. – Agora você... Você é lógico que ele nunca esqueceu. Seu orgulho ferido não deixaria. Ele sempre soube dos nossos gostos, sempre soube a sua preferência por morenas como submissa. E bam... Selena é morena, perfeitamente o seu tipo, então ele armou tudo meticulosamente. Pense bem, Selena não entrou em sua vida simplesmente. Ela a mudou toda. Aceitou ser sua submissa mesmo tendo passado por um trauma. Quem em sã consciência aceitaria isso? Ninguém, a não ser que tivesse outro propósito. Ou seja, te seduzir ao ponto de fazer você se apaixonar e depois lhe abandonar. Linc sempre quis que você sofresse o que ele sofreu por me amar.
– Não! Selena, nunca vai me abandonar.. ela me ama... - Arregalo meus olhos só de pensar em ser abandonado outra vez por ela.
Elena balança a cabeça de um lado para o outro, me avaliando da cabeça aos pés e sorri.
– Devo bater palmas para a fedelha. Ela conseguiu!
– Conseguiu o quê ? - Rosno, fechando minhas mãos em punhos com a raiva que cresce cada vez mais dentro de mim.
– Te transformar em um idiota apaixonado. Esse era o plano do Linc. Colocou Selena em sua vida, com aquele ar angelical que a mim não engana, devo ressaltar. E assim que conseguisse, te abandonaria. Pense bem Nicholas... porque Selena escondeu tanto tempo a relação que tinha com Linc ? E continua escondendo, pelo visto.
Levo minhas duas mãos a cabeça, bagunçando meus cabelos exasperadamente. Meu Deus, não! Não pode ser verdade. De novo não! Selly não pode m abandonar... Fecho meus olhos, apertando bem as pálpebras uma na outra. Eu me recuso a acreditar que ela... ela é filha daquele merda. Não, a minha Selly não! Ela não faria isso comigo!
– É mentira sua... - Digo com os olhos fechados, me recusando a ouvi-lá. – SAI DAQUI, ELENA! - Grito e aponto ás cegas para a porta.
– Nicholas, abre os olhos.. Selena não presta! Ela continua se encontrando com ele.
Abro meus olhos e lanço-lhe o meu olhar mais irritado em sua direção.
– É mentira sua! Só está falando isso porque não gosta dela. Não aceita que já não faz parte da minha vida como antes e que eu amo Selena. - Cuspo as palavras em sua cara.
Ela abre a boca para dizer algo, mas a fecha quando seu celular toca. Vejo um sorriso se abrir no canto de seus lábios quando seus olhos grudam no visor.
– Bem, se é mentira minha... olha isso aqui então.. - Ela me entrega o celular.
Sinto meu coração parar de bater. Não posso crer no que meu olhos vêem.. Selly sendo acariciada no rosto pelo Linc.. Não, isso é um absurdo! A minha Selly não seria capaz de... Levo minha mão no peito ao começar a respirar com dificuldade. Cambaleio até o sofá, enquanto sou tomado pelas imagens que passam como um filme pela minha cabeça. Selena sempre defendeu Linc quando eu falava dele, escondeu que tinha amizade com ele e Lincoln sempre... Ai meu Deus, não! Aquela reação exagerada de Lincoln no dia que Selena sofreu o assédio.. Fecho meus olhos novamente e deixo meu corpo cair fracamente no sofá ao sentir a constatação dos fatos. Então, é verdade. Tudo não passou de uma maldita vingança! Ela nunca me amou de verdade ? Mas ela sempre se entregou de corpo e alma quando fazíamos amor. Isso eu tenho certeza! Ela não mentiria na cama para mim. Seu corpo denunciava tudo o que sua mente escondia. Mas... então... porque ? ...
De repente a realidade dos fatos me atingem como um soco no estômago. Bem feito, Jonas! Você merece.. Você realmente achou que um merda como você seria merecedor de uma garota como Selena? Meu subconsciente debocha sadicamente e não posso discordar dele.
No fundo eu sempre achei que havia algo de errado para ela está comigo todo esse tempo! Sempre soube que Selena era muito para mim. Nunca fui merecedor dela. Mas, porque ela fez isso comigo ? Ela é melhor que isso, não precisava de se envolver nas coisas do.... Engulo em seco. É duro demais para mim aceitar os fatos...
Apoio meus cotovelos nas mãos e enfio minha cabeça no meio delas. Como eu pude ser tão burro, meu Deus ? Como me deixei levar desse jeito ? Deixei-me apaixonar e olha no que deu! Eu deveria ter escutado Elena. O amor é para os fracos e tolos, mas não... me deixei levar por uma garota de olhos Castanhos, Inferno!
Levanto a cabeça ao ouvir o ''ding'' do elevador. Espero a porta se abrir e Selena aparece em meu campo de visão, com Taylor a tira-colo. Fico ereto no sofá, sentindo meus músculos se retesarem ao vê-la se aproximar a passos largos.


Pov. Selena!




– Nicholas eu preciso falar com você e dessa vez não dá pra.. - Minha voz morre ao ver o sorriso de Elena pelo canto de olho.
O que ela faz aqui? Sinto um frio percorrer meu corpo todo ao me dar conta de suas intenções. Oh, não! Isso não pode está acontecendo. Volto a olhar para Nicholas e este, por sua vez, se encontra na mais terrível e fria de suas versões. Seus olhos gélidos estão cravados em mim, fazendo-me diminuir a cada instante. Ele desvia o olhar de mim e olha fixamente por cima do meu ombro. Suspeito que esteja tendo alguma conversa não dita com Taylor, que está atrás de mim. Viro e confirmo minha constatação, pois Taylor logo abandona o recinto, com as sacolas de compras em mãos.
De repente, a temperatura do ambiente cai drasticamente, se tornando cada vez mais fria.Volto-me para Nicholas e noto que ele está cada vez mais distante, sua expressão impassível e calma me assusta, no entanto seus músculos estão contraídos, o maxilar cerrado e seus olhos... Sinto um aperto com o que vejo em seus olhos. Ele se levanta do sofá e se aproxima de mim, com algo em suas mãos que agora identifico como um celular. Anda a passos lentos e calculados, parando diante de mim.
– Elena, sai... - Sua voz sai áspera.
Olho de soslaio para Elena e vejo-a se aproximar de nós. Ela põe a mão no ombro de Nicholas, chamando a atenção dele.
– Eu só quero o seu bem. Pense nisso! - Diz e olha para mim por um breve momento antes de sair.
Sigo-a com meu olhar e quando dou por mim que ela já se foi, volto minha atenção para Nicholas.
– Nicholas, eu não sei o que essa cobra te falou, mas..
– Não fale assim dela. - Sua voz fria faz com que eu me cale. Oh, isso não está nada bom. Tento encontrar palavras para dizer, mas nada sai. Seu olhar cravado em mim me despedaça cada vez mais. – Filha do Lincoln! Quem diria.. - Ele sorri amargamente, mas seus olhos denuncia a tristeza profunda que está sentindo. – Dessa vez ele conseguiu o que queria.
– Conseguiu o que, Nicholas ?
– Ele conseguiu te tirar de mim...
– Eu estou aqui.
– Quando pretendia me contar ?
– Eu ia te contar, mas você estava sempre tão ocupado com sei lá o quê.
– MENTIRA! EU JÁ SEI DE TUDO...- Ele para e leva as mãos na cabeça, bagunçando os cabelos exasperadamente. – Meu Deus, como eu pude ser tão burro! - Começa a andar de um lado para o outro, como se estivesse em busca de alguma resposta, talvez uma intervenção divina. – Porque você fez isso comigo...
– Fiz o quê ?
– Mentiu pra mim esse tempo todo.
– Eu não menti.
– Disse que se afastaria dele..
– Mas eu me afastei!
– E o que significa isso então ? - Rosna e joga o celular em cima da mesinha de centro.
Me abaixo lentamente e o pego com minhas mãos trêmulas. Congelo ao ver minha imagem juntamente de Lincoln no visor. Franzo a testa em confusão ao me dar conta de que a foto foi tirada a poucos minutos atrás. Elena, cachorra! Ela armou tudo direitinho e eu cai igual uma boba. E Lincoln está junto com ela...
– Nicholas, tem uma explicação para isso tudo.
– Chega, Selena! Pare com esse teatro, já não precisa. Conseguiu o que queria.
– Do que você está falando ? - Pergunto assustada com seu ataque.
Ele para bruscamente na minha frente novamente, olhando diretamente nos meus olhos.
– Você sempre soube. Me enganou esse tempo todo. - Ele cospe as palavras em cima de mim.
Sua voz saindo fria, mas sei só de olhar seu grandes olhos cinza, que ele está sofrendo ao pronunciar cada palavra.
– NÃO! Eu juro, só fiquei sabendo disso hoje. - Digo nervosa, levando as mãos em seu peito.
– Não me toque. - Diz entre os dentes e arranca minhas mãos de seu peito.
– NICHOLAS, ME ESCUTA!- Grito e ele para na mesmo instante. – Quando... quando a Elena veio aqui mais cedo, lembra ? - Ele assente de cabeça. – Então, foi por isso que eu fiquei daquele jeito mais cedo. Eu queria falar com você, mas você não deixou. Estava com o tal do problema para resolver e... E depois minha mãe ligou, aí eu perguntei se era verdade e.. - Minha voz falha e fecho meus olhos para aliviar a ardência, com a presença das lágrimas. Momentos depois abro os olhos, me deparando com suas íris cinzentas e cheias de raiva. – Eu fiquei esse tempo todo pensando em um jeito de te falar isso, mas não conseguia encontrar as palavras certas.. Cada vez mais me apavorava a sua reação, tive medo de você me rejeitar... - Falo fracamente e me aproximo mais dele, pegando seu rosto entre minhas duas mãos. – Baby, eu não sei o que a Elena falou para você, mas você precisa acreditar em mim! - Ele pega minhas duas mãos e as tira bruscamente de seu rosto, se afastando de mim rapidamente. – E essa foto.. ela.. ela foi tirada a pouco tempo atrás. Encontrei Lincoln quando estava saindo do mercado com Taylor e...
– Não precisa dizer mais nada! - Ele me corta com sua voz sofrida. Se vira de costas para mim por um longo momento e depois se volta para mim. – Eu.. Eu...- Leva as mãos a cabeça outra vez, olhando de um lado para o outro. – Eu preciso ficar sozinho.
Ele tenta caminhar em direção a porta, mas o impeço, parando na sua frente. Agarro sua blusa novamente para detê-lo.
– Não, baby. Fique, nós precisamos conversar... - Suplico.
– Me solta! - Rosna e tenta se afastar de minhas mãos.
Assim que fica livre de minhas mãos, ele caminha para a porta e tento impedi-lo mais uma vez, mas ele se afasta bruscamente, se esquivando de mim e com esse ato impensado, acabo caindo no chão. Ele arregala os olhos, visivelmente horrorizado, ao me ver. Leva as mãos à cabeça.
– Desculpa.. não foi minha intenção... eu não queria... - Sua voz falha e assim ele cambaleia as cegas até a porta, sumindo de meu campo de visão.
– NICHOLAS, VOLTA AQUI!! - Grito, mas não obtenho resposta.
Cubro meu rosto com as mãos enquanto as lágrimas sai furiosamente de meus olhos e deixo a forte névoa de choro me tomar por completo. E agora, meu Deus? Porque ? Porque isso tinha que acontecer comigo ? Justo agora que estava tentando voltar a viver minha vida como antes, acontece isso. Porque será que sempre tem que ser assim ? Tudo tão complicado. Primeiro minha mãe não foi honesta comigo. Depois meu pai biológico aparece em minha conturbada vida e agora... Agora perdi o amor da minha vida! Nicholas nunca vai entender ou sequer aceitar o fato de seu pior inimigo ser meu pai.
Ouço passos ecoarem pelo assoalho, seguido de uma risada muito conhecida. Fungo profundamente, engolindo o choro e descubro meu rosto. Sinto meu corpo ser possuído por uma raiva enlouquecente ao ver Elena se aproximar lentamente.
– Tsc, tsc, tsc... Pobre Selena. Que lastimável estado você se encontra, nesse chão frio e solitário. - Ela inclina a cabeça para o lado, com os olhos cravados em mim e sorri diabolicamente. – Eu avisei, não foi ? Eu disse que você perderia o Nicholas para mim. Você não quis me dar ouvidos.. Sempre tão atrevida! - Ela debocha.
Cerro meu maxilar, juntamente com meus punhos.
– Engano seu, Elena! Eu não perdi o Nicholas. Ele vai voltar e vai me escutar. - Digo entre os dentes e ela ri.
– Ah, doce Selena! Sempre com esse otimismo idiota. - Ela inclina seu torso um pouco para frente, em minha direção. – Você acha mesmo que Nicholas Jonas vai querer algo com você depois de saber que você é filha do seu pior inimigo ? Você acha mesmo que ele vai acreditar em você e suas medíocres palavras ? Acorda, garota! Ele vai acreditar mais em mim. Sabe o que eu disse para ele ? - Ela faz uma breve pausa e sorri. – Eu disse que você é só mais um plano de Lincoln para se vingar dele. Agora pensa... Você sendo filha dele, ele irá acreditar em quem ?
Contorço meu rosto com a raiva fervilhando em meu sangue e sem pensar duas vez, avanço sobre Elena.
– Sua cadela! - Grito ao desferir-lhe um forte tapa em sua face, fazendo-a cambalear um pouco, mas não ao ponto de cair.
Insatisfeita com o resultado, desfiro outro tapa do lado oposto de seu rosto, este com mais força e assim ela se desequilibra, caindo no chão. Rapidamente, subo em cima dela, de modo que suas mãos prendem embaixo de minhas coxas e começo a esbofeteá-la com as duas mãos.
– Isso... é para você aprender a ser gente. - Grito em meio ao meu ataque.
Continuo batendo nela por um longo tempo, até que começo a ofegar de cansaço. Elena debate os braços embaixo de mim, enquanto grita a cada golpe de minhas mãos, e depois de várias tentativas, consegue libertar uma de suas mãos. Paro ao ver o sangue escorrer no canto de sua boca. Seguro seu queixo, aproximando meu rosto do dela, fazendo com que ela me olhe bem nos olhos.
– Isso é pra você aprender a nunca mais se meter em minha vida! - Rosno e como resposta recebo uma cusparada no rosto.
Limpo meu rosto com a mão livre e vejo de relance seu imenso e sangrento sorriso. Novamente uma onde de fúria passa pelas minhas veias, levando com ela o breve cansaço e, com minha mão livre, bato em seu rosto com o punho fechado, fazendo-o virar de encontro ao chão. Agarro seus cabelos com as duas mãos, trazendo seu rosto para o meu.
– Me esquece e esquece que o Nicholas existe! - Ofego as palavras pausadamente, enquanto puxo mais seu cabelo.
– Você perdeu, Selena. Aceite! Nicholas vai voltar pra mim. Vamos voltar a ser o que éramos antes. Ele já se deu conta de que merece coisa melhor do que essa tolice que vocês tem juntos. Ou melhor, ele está achando que tudo foi uma farsa.. graças a mim! - Ela ri diabolicamente.
Solto seus cabelos e apoio minhas duas mãos em cada lado de seu rosto.
– Ele sente nojo da vida que teve antes, com você. - Digo cada palavra olhando dentro dos seus olhos.
Como resposta, ela agarra meu pescoço com a mão livre e sem perder tempo o aperta fortemente. Sinto o ar me faltar. Cambaleio para o lado, saindo de cima dela com a dificuldade de respirar. Percebendo meu momento de fraqueza, Elena sobe em cima de mim e desfere uma bela bofetada em meu rosto, deixando-a em chamas. Um véu vermelho cobre meus olhos no mesmo instante e, ignorando meu pouco fôlego, uso toda força que consigo obter para empurra-la. Ela resiste por um tempo, mas cai de costas no chão quando devolvo a cusparada que ela me deu anteriomente. Mais uma vez subo em cima dela e volto a esbofeteá-la selvagemente, descontando toda a raiva, que sinto desde que soube dessa história toda, em cima dela. Elena grita a plenos pulmões, mas não consegue reagir.
Momentos depois sinto braços fortes circularem minha cintura, tirando-me de cima de Elena. Grito e me debato para livrar-me, e acabo acertando um chute nas costelas de Elena. Continuo a me debater para acertá-la mais vezes, mas é inutil, pois os braços se apertam mais ao meu redor, me afastando por completo dela.
– Selena, se acalme.. - Ouço a voz assustada de Taylor ecoar pelos meus ouvidos.
– Essa garota é uma selvagem! Olha o que ela me fez! - Elena grita e tenta se levantar.
– Cala essa boca, sua vadia! - Grito e tento me soltar mais uma vez, mas Taylor me imobiliza por completo.
Respiro com dificuldade devido ao longo esforço que tive, enquanto vejo Elena conseguir se levantar fracamente do chão.
– Ai! - Reclama de dor e envolve o lado que meu chute pegou com uma das mãos.
– Espero que depois dessa, você desapareça pra sempre. - Digo com a respiração entrecortada e sorrio ao notar seu rosto quase irreconhecível.
– Você vai me pagar muito caro por isso, fedelha! - Esbraveja. – Escute o que estou te dizendo.. - Ela se cala abruptamente e sorri. – Aliás, acho que nem preciso. Já estou bem vingada. Ganhei de você o bem mais precioso...Nicholas! Ele vai voltar pra mim.
– NUNCA! - Grito. – Ele me ama, eu sei disso! - Paro ao ver seu sorriso diminuir um pouco. – E você também sabe, não é Elena.. porque se não soubesse não ligaria tanto para a nossa relação, como fazia com as outras. - Sorrio internamente com meu triunfo em atingi-la. – Se ele não me amasse, não sairia do jeito que saiu daqui, desnorteado. Mas saiba, Elena, vamos nos entender. Nosso amor é mais forte do que os problemas que aparecem e que VOCÊ insiste em colocar.
– Pelo jeito que o vi sair daqui, duvido muito disso..
– Ele saiu daqui cheio de raiva sim, mas ele vai voltar e adivinha pra quem ele vai voltar ?- Seu sorriso se fecha por completo. – Isso mesmo! Vai voltar pra mim, porque é a mim que ele quer e não a você. Você é podre, Elena... Cheira mal... Ninguem quer você!.. Nem o Lincoln. - Tento abrir meu sorriso mais sádico, mas não consigo. Apesar de tudo, sinto um estranho sentimento de culpa quando a realidade dos fatos bate em mim como uma onda gigante. – Aliás, nunca quis... E você me odeia porque eu sou a prova viva dos grandes amores que você tentou ter na vida, mas não conseguiu. Lincoln sentiu esse tipo de sentimento pela minha mãe, e o Nicholas por mim... não é mesmo ? - Pergunto embasbacada com o fundamento de seu sentimento por mim.
Ela passa a mão por baixo do olho esquerdo e noto que está limpando uma lágrima.
– Sim. Você tem razão, Selena. Sempre te odiei! Desde bebê. Você roubou os anos de felicidade que sempre sonhei.
– Eu não tenho culpa se o Lincoln não conseguiu te fazer feliz como você sonhou.
Ela inclina a cabeça para o lado e sorri tristemente. Pela primeira vez vejo os seus reais sentimentos, ao invés daquela máscara imponente que ela sempre coloca.
– Pode até ser verdade, mas tem culpa de entra na minha vida novamente e tenta roubar o Nicholas de mim.
– Nicholas não é uma propriedade para ser roubada! - Esbravejo. – Ele é uma pessoa e tem sentimentos. Precisa de amor, de carinho! Sempre precisou, devido aos seus traumas. E você não deu isso à ele. No entanto, o tratou como um objeto inanimado, sem vida.. que você pode fazer o que bem entender. Você teve sua chance, Elena. Poderia tê-lo amado como ele sempre desejou no seu íntimo, mas não! Preferiu se aproveitar da aversão que ele tem de si mesmo e inclui-lo nessa vida.
– Essa vida pra qual ele vai voltar depois de hoje. - Ela muda sua postura de antes, ficando mais dominadora e abre um enorme sorriso. – Aliás sempre soubemos que ele voltaria para ela mais cedo ou mais tarde, não é ? Está no sangue dele a dominação. Ou você achou mesmo que ele ia aturar pra sempre essa vida sem graça de baunilha ? - Suas palavras me atingem como um soco no estômago. – Seu castelinho desabou, queridinha. Ou você acha mesmo que Nicholas vai querer algo com você depois de saber que você o enganou ? E mais... - Ela se inclina para frente e sussurra: – Você acha mesmo que ele vai aturar você ser filha de quem é ?
– SAI DAQUI!!! - Grito e tento me soltar dos braços de Taylor.
Elena se vira em meio aos risos, abandonando o recinto em seguida. Deixo meu corpo cair fracamente sob o de Taylor ao ser tomada por um desespero. Cubro meu rosto com minhas duas mãos quando as lágrimas fervilham em meus olhos e as deixo cair sem me importar com mais nada. Choro copiosamente, deixando toda minha frustração com esse dia sair por um longo tempo até que ouço os soluços escaparem de minha garganta.
– Calma, Selena! Vai ficar tudo bem.. você vai ver. - Taylor diz diante da cena lastimável que presencia. – O senhor Jonas vai voltar e vocês vão se acertar. - Descubro meu rosto e viro-me para Taylor, enquanto seco as lágrimas. – Dê um tempo para ele assimilar tudo. Ele precisa de um tempo. - Ele abre um pequeno sorriso acolhedor.
– Eu sei... mas não sei o que fazer... - Digo baixinho e olho a minha volta, a sala tornando-nos pequeninos e medíocres com sua imensidão. – Estou tão perdida!!



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Creditos Angel