quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

XLIX - Amor Obscuro

| | 20 comentários:
POV Jonas 

– Nicholas eu preciso falar com você e dessa vez não dá pra.. - A voz de Selly falha ao perceber a presença de Elena.
Como ela pôde fazer isso comigo ? Porque essa merda tinha que acontecer ? Selly... a minha Selly junto com o merda do Linc ? Olho fixamente em seu belo rosto angelical, que nesse momento está o retrato do medo. Mas medo de quê ? Do que o merda que eu sou possa fazer com essa descoberta ? Ou de me perder ? -Rá, até parece que alguém teria medo de perder um bosta como você, né Jonas!- Olho por cima do ombro de Selly e lá está o meu fiel escudeiro, Taylor.. olhando a trágica cena a sua frente, com o rosto contorcido de... pena? Até ele ficou sabendo antes de mim! Merda!! E porque diabos, não me contou antes?
Mas isso é uma coisa que resolverei depois. Primeiro me resolverei com a tal mentirosa de olhos azuis. Lanço um olhar para Taylor, pedindo-o que se retire silenciosamente. Olhar este, que ele conhece super bem pelos anos que trabalha para mim, e se retira. Me levanto do sofá e me aproximo de Ana, lentamente, com a prova em mãos.
– Elena, sai... - Ordeno, com a voz saindo áspera para Elena.
Como resposta, sinto a mão de Elena em meu ombro e gelo. Apesar dela ter me feito o favor de abrir os olhos, ainda não suporto o toque de outra pessoa que não seja da mulher à minha frente... ela a quem eu confiei cegamente... Selena!
– Eu só quero o seu bem. Pense nisso! - Elena diz e olha para Selly antes de sair.
– Nicholas, eu não sei o que essa cobra te falou, mas..
– Não fale assim dela. - Interrompo-a friamente, tentando controlar minha vontade de esmurrar algo. – Filha do Lincoln! Quem diria.. - Sinto o gosto do fel em minha boca ao pronunciar tais palavras. – Dessa vez ele conseguiu o que queria.
– Conseguiu o que, Nicholas ?
– Ele conseguiu te tirar de mim...
Me ouvir dizer essas palavras dilacera-me por dentro. Perdi a minha Selly, que pelo visto nunca foi minha de verdade.
– Eu estou aqui.
– Quando pretendia me contar ?
Tento me segurar para não.. para não.. Tenho até medo de pensar no que eu posso fazer com ela.
– Eu ia te contar, mas você estava sempre tão ocupado com sei lá o quê.
Agora a culpa é minha? Ela só pode estar de brincadeira!
– MENTIRA! EU JÁ SEI DE TUDO...- Explodo e passo as mãos nos meus cabelos, bagunçando-os exasperadamente. – Meu Deus, como eu pude ser tão burro! - Ando de um lado para o outro, tentando entender onde foi que eu errei para não ter percebido nada antes. Talvez se eu soubesse antes nada disso estaria acontecendo. Eu poderia ter feito ela gostar de mim antes que Lincoln a colocasse nesse tal plano sujo. – Porque você fez isso comigo...
– Fiz o quê ?
– Mentiu pra mim esse tempo todo.
– Eu não menti.
– Disse que se afastaria dele..
– Mas eu me afastei!
– E o que significa isso então ? - Jogo com raiva o celular com a prova em cima da mesinha.
É lógico que ela não se afastaria dele não é, Jonas. Acorda!!! Os olhos de Selena aumentam assim que vê a tal cena na tela do celular. Cena esta que faz minha bile subir até a garganta, me sufocando pouco a pouco.
– Nicholas, tem uma explicação para isso tudo.
Como ela consegue continuar com a farsa, mesmo depois de ser descoberta ? Como eu não tinha percebido o quanto ela pode ser dissimulada e cínica.
– Chega, Selena! Pare com esse teatro, já não precisa. Conseguiu o que queria.
– Do que você está falando ? - Sua voz assustada, faz com que eu pare bruscamente na sua frente novamente, olhando diretamente nos olhos dela.
– Você sempre soube. Me enganou esse tempo todo. - Cuspo as palavras friamente em cima dela.
Tento encolher meus olhos grandes, que demonstram toda minha dor com essa história, mas não consigo. Olhar em seus grandes olhos azuis faz com que eu desmorone completamente, expondo todo e qualquer sentimento que há em mim. Até isso ela conseguiu fazer comigo. Fez-me quebrar qualquer barreira. Me despiu completamente de todas as máscaras que já usei ao longo de minha vida.
– NÃO! Eu juro, só fiquei sabendo disso hoje.
Ela coloca as duas mãos em meu peito, demonstrando todo seu nervoso.
– Não me toque. - Digo entre os dentes e, relutantemente, arranco suas mãos de meu peito.
Não quero seu toque. Por mais que minha carne implore, anseie por isso, não posso. Não posso continuar me deixando influenciar por seu jogo de persuasão.
– NICHOLAS, ME ESCUTA!- Seu grito faz com que eu pare no mesmo instante. Não gosto quando gritam comigo, muito menos agora.. quando ela é quem está errada. – Quando... quando a Elena veio aqui mais cedo, lembra ? - Pergunta, gaguejando e eu assinto de cabeça. – Então, foi por isso que eu fiquei daquele jeito mais cedo. Eu queria falar com você, mas você não deixou. Estava com o tal do problema para resolver e... E depois minha mãe ligou, aí eu perguntei se era verdade e.. - Sua voz falha e ela fecha os olhos. Sinto a raiva me consumir com seus dizeres e ela parece perceber isso assim que volta a abrir os olhos. – Eu fiquei esse tempo todo pensando em um jeito de te falar isso, mas não conseguia encontrar as palavras certas.. Cada vez mais me apavorava a sua reação, tive medo de você me rejeitar... - Completa fracamente e se aproxima mais, pegando meu rosto entre suas mãos. – Baby, eu não sei o que a Elena falou para você, mas você precisa acreditar em mim! - Pego suas mãos e as tiro bruscamente de meu rosto, quando a dúvida começa a nascer em meu interior cheio de angústia. Me afasto dela rapidamente, quando o ar me falta. – E essa foto.. ela.. ela foi tirada a pouco tempo atrás. Encontrei Lincoln quando estava saindo do mercado com Taylor e...
– Não precisa dizer mais nada! - Minha voz sai sofrida ao cortá-la e me amaldiçôo mentalmente por mais uma vez deixar meus sentimentos expostos. Me viro de costas para ela por um longo tempo para evitar que ela veja mais do que já viu e depois me volto para ela. – Eu.. Eu... - O que fazer ? O que dizer ? Levo as mãos a cabeça outra vez, olhando de um lado para o outro. – Eu preciso ficar sozinho.
Sigo para porta, em busca de libertação. Libertação do sentimento ruim que há em mim, dá dúvida, da raiva, do medo, de tudo. Mas no meio do meu caminho, Selena para na minha frente e agarra minha blusa.
– Não, baby. Fique, nós precisamos conversar... - Seu tom de súplica faz minha dúvida crescer mais e deixo a raiva me consumir junto por ser tão frágil em suas mãos.
– Me solta! - Rosno e tento afastá-la.
Assim que fico livre de suas mãos, continuo com meu caminho, porém mais uma vez Selena tenta me impedir, mas dessa vez me esquivo antes que consiga, e com isso Selena acaba caindo no chão. Sou tomado pelo pânico com o que vejo. Cristo! Joguei minha Selena no chão. Levo minhas mãos na cabeça ao ver a figura frágil praticamente estirada à minha frente.
– Desculpa.. não foi minha intenção... eu não queria... - Minha voz falha com minha súbita falta de ar.
Meu peito se comprime e a bile volta a minha garganta. Preciso sair daqui, preciso respirar e fugir dessa merda toda. Cambaleio ás cegas até a porta, e logo para o elevador que, estranhamente, me espera de portas abertas.
– NICHOLAS, VOLTA AQUI!! - Ao longe ouço o grito de Selena, mas as portas do elevador se fecham, evaporando qualquer ressonar de voz.
Assim que o elevador chega na portaria, saio ás pressas para a rua e pego o primeiro táxi que aparece.
– Para onde, senhor ? - O taxista pergunta, me tirando brevemente de meu transe.
– Quando eu decidir, te falo. - Rosno, sem olhá-lo e logo ele sai pelas ruas noturnas de Seattle.
Jogo a cabeça para trás no banco e sou tomado pelos pensamentos, que voltam com tudo. Selena filha do Lincoln Timber... como não percebi isso antes ? Minha mente vagueia por todos os momentos de Linc próximo a nós e cada vez mais confirmo que sou um imbecil. No Baile Anual de Caridade! Ele disputando comigo no leilão da primeira dança. É lógico que ele queria algo a mais, como me fazer acreditar que estava interessado nela para que eu caísse na sua armadilha mais rápido. Lógico que eu nunca deixaria ele chegar perto dela, faria de tudo para mantê-la longe daquele babaca e aí sua missão estava cumprida! Mas e Selena... não consigo entender, muito menos aceitar que ela foi conivente com isso tudo. De nós dois, ela foi a primeira a se apaixonar. Porque ela faria isso ? Porquê ???
Passo as mãos em meus cabelos exasperadamente com tais dúvidas e bufo irritado por está fora do controle de tudo, até de mim mesmo. Diabo de vida infernal!
– Para no primeiro bar que você encontrar. - Digo ao taxista.
Preciso de uma bebida, preciso refrescar a cabeça. Preciso me acalmar para voltar pra casa e encontrá-la lá... quer dizer, não encontrá-la mais lá, já que seu plano já foi cumprido. Pensar nisso faz meu peito apertar e grito para o taxista que pare no mesmo instante. Ele, sem entender nada, o faz e pago a corrida para logo depois sair do táxi. Ando pelas ruas, sem destino, irritado com a certeza de que não terei mais a luz em minha vida. Bagunço meus cabelos mais uma vez e mais outra, e outra... rodando sem rumo, em busca de alguma resposta divina, mas nada encontro.
– Sai da pista, seu maluco! - Me dou conta de onde estou ao ouvir um senhor gritar da janela de seu carro, irritado.
– Vai a merda! - Grito de volta para ele e volto para calçada.
Continuo andando por horas, até que entro no primeiro bar que vejo. Sento no balcão e peço ao barman que me traga um dose dupla de bouborn. Assim que ele as coloca no balcão, bebo-as e peço que traga a garrafa.
– Dia difícil, colega ? - Ele pergunta ao me ver beber do gargalo da garrafa.
– Perdi a minha mulher. - Rosno sem tirar os olhos do rótulo da garrafa.
Esse ato faz com que eu me lembre da garrafa de Mount Gay que Selena me deu de presente de aniversário. A bebida que está bem guardada e que nunca abri, com esperança de desfrutá-la com Selly. Do mesmo modo que antes, fico olhando para a garrafa por um tempo até que minha visão embaça com a presença de lágrimas. Mais uma vez olhando para bebidas ao ser largado por uma mulher. Uma única mulher que virou a minha vida. Que me transformou em uma pessoa, já que antes eu era um filho da puta, fodedor de garotas iludidas.
Lembranças de momentos com Selena passam como um furacão em minha mente. Nossa primeira vez em minha cama, nossa primeira vez em minha sala de jogos, nossos momentos felizes em Barbados. Aquela noite a qual eu a vi dormir tranquilamente sobre a luz do luar caribenho e depois a deixei me dominar na cama, em um sexo prazeroso e cheio de sentimentos. Viro mais um grande gole de bourbon em minha garganta e aperto os dedos em meus olhos para evitar que algumas lágrimas caiam livremente.
Aquilo tudo não pode ter sido uma mentira. Não pode!! Me recuso terminantemente a acreditar que vivi uma mentira todo esse tempo. Ana não é assim. Ela tem caráter, me ama e me amou desde que nos conhecemos. Com certeza há uma explicação para aquele filho da puta ser pai dela. Bebo mais um grande gole de bourbon quando a culpa me atinge com uma avalanche. Caralho! Que merda que eu fui fazer dessa vez.. Eu deveria ter dado ouvidos a ela. -Como sempre fazendo merda, né Jonas!- Lógico que Elena aproveitou o fato para me colocar contra Selena. Sempre a odiou. E eu burro.. cai feito um idiota que sou!
Mesmo assim, agora deve ser tarde. Ainda que não seja verdade essa história de vingança, Selly já deve ter ido embora depois do filho da puta que fui com ela. Bagunço meus cabelos exasperadamente mais uma vez entre as milhares. Merda, merda, merda!!! E agora ? Pensa Jonas!! Preciso falar com Ana antes que seja tarde demais... Ela precisa me perdoar mais uma vez... ela não pode me abandonar! Nem por Linc, nem por ninguém. Ela é minha! Ela é minha vida, minha morte, minha luz, meu amor, minha ilusão... minha obsessão!
Chamo o barman novamente e pago além do que consumi, deixando uma boa gorjeta para ele e saio correndo do bar. Ando vagamente pelas ruas até que avisto um táxi, do qual dou sinal e ele para. Entro rapidamente, indicando o destino para o taxista e assim ele o faz. Durante todo o trajeto de volta ao Escala, penso em mil maneiras de como me desculpar com minha menina e implorando mentalmente que ela ainda esteja lá, à minha espera. Lincoln não vai me tirar o meu bem mais precioso! Nem que eu tenha que lutar contra o mundo, ela será minha. Só minha.
Logo que o taxista para em frente ao meu prédio, pago a corrida e corro até o elevador, ignorando uma figura pálida atrás do balcão de recepção, mas paro quando meu BlackBerry toca em meu bolso e vejo que é Selly ligando. Olho para sua foto na tela enquanto o telefone chama, mas não consigo criar coragem para atendê-lo. O medo e a insegurança me dominam novamente, quando cogito a possibilidade dela está me ligando para dizer que está longe e que não quer me ver nunca mais. Não, isso não!! Conversaremos cara a cara. Se ela tem que me dizer algo, será olhando em meus olhos.
Entro no elevador, digito o código de minha cobertura e isso me faz lembrar que tenho que trocá-lo, pois Elena o tem e mais uma pessoa aparece em meu pensamento. Gelo só de pensar nela e uma raiva me consome. Leila! Ela também tem o código do meu andar. Balanço a cabeça pra livrar-me dessas merdas agora. Depois falarei disso com Taylor, no momento só a Selly importa! Assim que as portas se abrem em minha cobertura, entro apressadamente em meu apartamento à procura de Selly.
Subo até seu quarto e o ar me falta quando não a encontro. Saio do quarto rapidamente, respirando pesadamente. Ela se foi.. Ela me deixou! Minha luz se foi... Agora voltei ser só a sombra de um homem... Desço as escadas calmamente e caminho até meu quarto, em meio a escuridão do apartamento. Entro em meu quarto e olho o recinto na sua penumbra, mas algo me chama logo a atenção. Algo que faz meu coração parar de bater... Selly na beirada da sacada e de braços abertos... Oh não, não pode ser o que estou pensando.. ela não pode...
– SELENA... NÃO!! - Grito completamente horrorizado.
Caminho rapidamente até ela e, meu medo aumenta mais quando ela se vira e acaba se desequilibrando. Agarro-a com todas as forças, antes que ela caia e a puxo de volta para o quarto. Ela levanta o rosto para mim.
– Nicholas, que susto! Onde você estava até essa hora? - Sua voz assustada aumenta mais minha preocupação.
– Selly, o que você estava fazendo ? - Pergunto aflito e com medo da resposta.
– Eu estava tomando um ar, porque ?
Ela franze a testa, completamente alheia a minha preocupação. Solto a respiração que estava prendendo até agora e a abraço fortemente, apertando-a contra meu peito. Cubro seu rosto de beijos para certificar-me que ela está ali, a minha doce e bela Selly continua ali comigo.
– Ah, baby.... eu pensei.. eu pensei que você... - Minha voz falha. Sou incapaz de pronunciar qualquer palavra a respeito do que vi na sacada e aperto-a mais em mim. – Me perdoa, Selly? - Me afasto um pouco e pego seu rosto entre minhas mãos. O medo de perdê-la, que estava sentindo antes volta com força total. – Eu agi como um idiota!! Não deveria ter saído daquela maneira, mas... - Sua testa se franze e isso aumenta mais meu medo. Merda! Ela não pode... – Não me deixe.. - Tomo seus lábios em um beijo avassalador, demonstrando todo meu amor e meu receio de sua rejeição. – Eu preciso de você... me perdoa, por favor baby? - Digo desesperado entre o beijo, esperando uma resposta de conforto de sua parte. – Por favor...
Quase vou a loucura, quando suas mãos em meu peito me afasta um pouco. Merda! É agora que ela vai me deixar.
– Você bebeu...
O que? Como assim.. ela vai falar de bebida agora?
– Um pouco. - Respondo um pouco confuso com sua curiosidade fora de hora.
Sem dar espaço para que ela comece seu discurso de término, desço meus lábios por seu pescoço, deixando uma trilha de ardentes beijos ali, no meu paraíso que é o seu corpo. Sinto seu corpo seder um pouco aos meus beijos e algo se acende dentro de mim. Com ela em meus braços, sigo até o colchão e a deito lentamente em nossa cama. Me encaixo no meio de suas pernas, debruçando-me sobre ela para impedir qualquer tentativa de fuga de sua parte, enquanto meus lábios continua a vaguear pelo meu mar desejo que é seu belo corpo.
– Nicholas, não! Precisamos conversar...
– Depois... - Volto a atacar seus lábios. Ela não pode me rejeitar agora. Preciso saber que estamos bem... preciso ter seu corpo no meu para saber que ela ainda é totalmente minha. – Eu preciso disso e você sabe... - Digo com os lábios colados aos seus. – Preciso sentir que está tudo bem entre a gente. - Escorrego minha boca por sua bochecha.
– Não! Vamos conversar agora mesmo! - A firmeza em sua voz me aflige.
Recuo um pouco para olhá-la nos olhos.
– Já começou a me rejeitar..
O medo presente em minha voz denuncia o quanto estou apavorado com sua resposta. Se ela me rejeitar não sei do que serei capaz de fazer....
– O quê? Não! - Ouvir essas palavras faz meu coração se aquietar um pouco. Suas mãos agarram meu rosto. – Não estou rejeitando você, é só que precisamos mesmo ter essa conversa.
– Depois, baby! Depois falamos sobre isso.. Agora eu preciso disso...
– Nicholas, isso não é jeito de resolver as coisas.
– Você sabe que pra mim é sim... - Cravo meus olhos nos seus, em uma súplica silenciosa. – Preciso sentir que você continua sendo minha. - Sussurro.
– Mas eu sou sua, você ainda dúvida disso ?
Aproximo meus lábios dos seus, hora nenhuma sem quebrar nosso contato visual. Ela tem que se entregar a mim como antes. Sem reservas, sem medo, sem nada mais dessa merda nos envolvendo.
– Selly... não me rejeite.... - Imploro sofredoramente, com minha voz ofegante.
Ela tenta resistir, mas pouco a pouco vai cedendo até que seus braços caem ao seu lado em total entrega. Com isso, ataco seus lábios novamente, tomando-o para mim por completo. Entrelaço nossas línguas, na tentativa de lhe transmitir todo meu desespero, todo meu amor. Seus olhos se fecham lentamente com minhas mãos passando vorazmente por todo seu corpo. Sinto-a completamente quente embaixo de meus dedos. Ela está aqui! Ela é minha de novo! Desço meus lábios por seu pescoço e, quando ela joga a cabeça para trás receptivamente, algo dentro de mim muda.
Continuo com meu ataque pelo seu ombro, despindo-o de sua blusa que me impede levemente e resolvo tirar logo esse pedaço de pano que me atrapalha. Puxo a barra de sua blusa pra cima e tiro de seu corpo com sua contribuição, expondo seu belo torso semi-nu para mim. Meus dedos seguem até suas costa e abro com habilidade o seu sutiã, jogando-o longe de meu campo de visão. Em seguida levo minhas mãos até sua bermuda, está da qual eu me livro rapidamente, junto com sua calcinha. Me levanto da cama sem tirar os olhos da fascinante deusa que me olha atentamente. Me dispo sem quebrar o contato visual com seu corpo e volto para meu lugar de antes. O meu lugar favorito no mundo: entre suas pernas.
Sinto seu sexo molhado em meu pau e me seguro o máximo que posso para não fodê-la duramente. Quero venerar seu corpo ao meu, quero desfrutar de ainda tê-la para mim no momento. Volto a devorar seu corpo com meus lábios, beijando, chupando seu seios fartos em minha língua, escorregando minha boca por sua barriga, sem deixar de apertar seus seios. Lágrimas saem de meus olhos sem que eu seja capaz de controlar, quando um sentimento de perda volta a me cercar e deixo-as caírem livremente.
Só de pensar que eu poderia ter perdido isso para sempre, sinto meu coração apertar fortemente em meu peito. Ainda posso perdê-la. E se ela não me quiser mais depois disso tudo? Ela tem que ser minha para sempre! Estremeço com suas mãos em minhas costas e logo elas alcançam meus cabelos, puxando-os para si. Subo mais até que fico cara a cara com ela, encontrando seus olhos fechados, que logo se abrem com minha respiração em seu rosto. Selly aproxima seu rosto do meu e beija minha face, onde as lágrimas insistentes passaram.
– Não me deixe, Selly... - Peço mais uma vez, quando a dor da perda volta como um dejà vu.
– Eu não vou! O que eu preciso fazer pra você acreditar ?
Uma idéia me passa pela cabeça quando olho fixamente em meus olhos, demonstrando todo meu medo e angústia dela recusar o que estou prestes a fazer. Me ajeito mais entre suas pernas, me preparando para possuí-la a meu modo. Escorrego a cabeça de meu pau por toda sua extensão até a sua abertura.
– Case-se comigo. - Sussurro ao mesmo tempo em que a tomo para mim. O pavor que vejo passar por seus olhos me amedronta mais. É o mesmo sentimento que vi quando a possui pela primeira vez antes dela fechar os olhos. Não! Ela não pode entrar em pânico agora. – Eu te amo. - Seus olhos se abrem de imediato. – Podemos cuidar um do outro, formar uma família, tudo o que você quiser...Só.. não vai embora outra vez...
Começo a penetrá-la lentamente e entrelaço nossas mãos, enquanto começo a distribuir beijos pelo seu rosto na tentativa de acalmá-la. Pouco a pouco ela volta a se entregar, para meu alívio instantâneo. Os gemidos que saem de sua boca me faz estocá-la com mais precisão, de um jeito que o suor brota em nossas testas com o nosso movimento duradouro. Selly aperta os olhos dentre as muitas vezes e sei que está resistindo a mim. Seu corpo fala por si só. Mas eu quero isso, quero sua libertação. Quero seu gozo em mim!
Aumento mais meu ritmo, a estocando com mais força e espero alguma resposta que seu corpo possa me dar, mas nada acontece. Isso está errado! Ela tem que ser minha por completo!
– Dê pra mim, baby... - Ofego.
– Não... - Ela choraminga. – Não consigo.
Inferno! Afasto nossos corpos um pouco, apoiando-me nos braços, penetrando-a firmemente em outra posição e dessa vez, minha tão esperada resposta chega, pois sinto seu interior se contrair ao redor de meu pau. Continuo a estocá-la até que seu líquido precioso me envolve. Volto a colar nossos corpos quando o tremor passa por minha carne, alertando meu orgasmo iminente.
– Selena.. - Sussurro seu nome ao mesmo tempo que ela sussurra o meu, enquanto gozo violentamente dentro dela.
Minha mente fica inebriada de imagens de nossa vida juntos, mesmo com minha visão turva pelo o orgasmo violento. Saio de dentro do meu conforto que é o seu sexo pulsante e molhado do meu gozo e deixo meu peso cair sobre o corpo dela levemente.
– Seja... minha... sempre... você.. sempre em mim... - Ofego desordenadamente as palavras que vem em minha cabeça enquanto tento acalmar minha respiração.
Sinto suas mãos em mim e isso é como um bálsamo de calmaria para a tempestade de dúvidas e medos que há dentro de mim. Tento me manter de olhos abertos, mas parece que o álcool que bebi no início da noite começa a fazer efeito agora e caio em um sono profundo sobre as carícias de suas mãos.


{...}

Acordo ao sentir uma claridade bater lentamente em minhas pálpebras, mas permaneço de olhos fechados ao sentir o calor de um corpo embaixo de mim. É Selena.. ela ficou! Abro meu olhos lentamente e a primeira coisa que me atinge é a culpa ao ver o olhar de Selena tão perdido. Vejo sua dor em seu semblante e isso me quebra por dentro. É visível que esteja sofrendo com essa história toda. E eu ainda por cima banquei o verdadeiro imbecil ao duvidar dela, ao invés de apoiá-la e entendê-la nesse momento tão difícil. Nunca vou me perdoar por isso.
– Bom dia. - A voz de Selly me tira do meu transe. Permaneço calado, olhando sua figura triste e pálida apesar do sorriso forçado que ela abre. Suas sobrancelhas se arqueiam. – Que foi ?
– Me perdoa ? - Peço mais uma vez e ela revira os olhos.
Nunca me cansarei de pedir seu perdão, até porque nunca me acharei completamente digno dele.
– Eu já disse que sim. - Responde, e pelo seu tom de voz parece cansada de ouvir essa pergunta.
– Mesmo ? - Pergunto cético.
– Mesmo! Já disse que está tudo bem entre nós, que compreendo sua reação. Poxa, quando é que você vai parar com essa insegurança ?
– Não é só isso. É que me sinto culpado por ter te tratado daquela maneira. Eu.. eu sou um cara que age na empolgação do momento...
– Jura? Nossa, nem tinha percebido isso.
Franzo minha testa para seu sarcasmo, engolindo a raiva pelo seu atrevimento. Ela e essa boquinha inteligente! Resolvo continuar minha linha de raciocínio.
– ...E naquele momento eu estava com raiva, confuso e com medo. Completo pavor de te perder novamente. Quando a Elena me disse que você e o Linc tinham armado para se vingar..
– O quê ? - Sua voz baixa faz com que eu pare de falar e a aflição volta com tudo, quando vejo o espanto em seu rosto.
– Ela me disse que ele é seu pai e que você só entrou na minha vida a pedido dele, para se vingar pelo que houve entre mim e Elena.
Ouvir-me dizer essas palavras me dá mais raiva, pois me dou mais conta do idiota que fui ao acreditar nem que seja por um segundo em Elena. Porra! Como eu pude ser esse filho da puta tão burro ?
– E você acreditou nisso ? - Encolho meus ombros, envergonhado por ser um babaca. – Eu. Não. Acredito! - Ela diz pausadamente e isso é um aviso da explosão que está por vir. – COMO VOCÊ PODE ACREDITAR NUMA COISAS DESSAS ? MEU DEUS! - Bufa com raiva. – Nicholas, você por um acaso se lembra de como nos conhecemos ?
Franzo a testa novamente. É lógico que lembro desse dia. Jamais esquecerei o dia que ela entrou na minha vida.
– Sim. Foi na loja da Newman Marcus.
– Hum... e aí eu armei para trabalhar lá e que um belo dia você iria cair de pára-quedas na loja para nos conhecermos e assim eu completaria a tal vingança né ? - Diz mais uma vez com o sarcasmo emanando de sua voz.
– Eu já entendi, Selena. - Respondo já irritado com sua ironia. – Não precisa falar comigo como se eu fosse uma criança.
– Ah, desculpa, mas é que não parece que você entende muito bem as coisas.. - Ela ri e olha para o teto. – E ainda quer casar, meu Deus..
– Sim... e você ainda não respondeu..
Seu riso congela na mesma hora em que volta a me olhar, fazendo meu coração parar mais uma vez dentre as milhares. Desde que conheci Selena, tive que me acostumar com essa sensação, porque é isso que ela sempre me causa quando vem com suas faces indecifráveis... Aflição!
– Eu ainda tinha esperança de que fosse só um dos seus momentos.
Sua resposta me acerta como um forte golpe no estômago.
– Isso é um não ?
– Não. Isso é um.. você enlouqueceu de vez ? - Não respondo nada ao seu pequeno rompante. – Nicholas, pare e pensa um pouco. Como é que você quer que eu aceite esse pedido de casamento louco, se no primeiro problema que surge você sai da casa transtornado, nem ao menos me dando o benefício da dúvida? Você acredita nos outros e não em mim.. Eu sei que erro ás vezes em não te contar algumas coisas, mas...
– Eu acredito em você. Eu só.. - Passo minhas mãos no rosto e suspiro agoniado. – Fiquei com medo de você me abandonar outra vez..
– E você quer que eu me case com você pra ter a certeza de que não vou fugir, é isso ?
– Não. - Ou será que é isso ? Franzo a testa sem saber direito o porque. – Também é, mas... - Aproximo meu rosto do seu e olho-a profundamente nos olhos. – Eu quero você na minha vida pra sempre. Joe e Demi vão se casar daqui a pouco e eu não quero você morando sozinha naquele apartamento. Eu já te pedi para vir morar comigo e você recusou, então não vejo problema nenhum em me casar. Te amo e você também me ama. E desse jeito terei você aqui todos os dias quando acordar.
Seu sorriso se abre lentamente, fazendo uma onda de tranqüilidade atingir meu coração aflito. Ela me observa por um longo momento, acariciando meu rosto com uma mão e me beija ternamente nos lábios.
– E agora, é um sim ? - Pergunto em expectativa.
– Não. - Fecho a cara e ela solta uma risada. – Baby, entenda.. Precisamos amadurecer mais.. E também tem a sua sala de jogos.
– O que tem ela ? - Resmungo.
O que essa porra de sala tem haver com a gente nesse momento ?
– Ela continua do mesmo jeito que entrei pela última vez. Está toda bagunçada e você não deixa ninguém chegar perto dela.
– É difícil pra mim entrar lá.
E como é. Se ela fizesse idéia do quanto me perturba entrar naquela sala. A imagem de seus olhos horrorizados naquela noite em que a violentei, sempre me vem a mente quando piso naquele antro.
– Eu sei. Entendo que seja, mas temos que superar as coisas. O que aconteceu aquela vez...
– Selena, chega! - Corto-a, na tentativa de espantar os fanstamas que começam a me assombrar.
– Está vendo só! Você não me escuta!
Bufo de raiva. Que merda! Será que ela não pode simplesmente esquecer aquela sala ? Está bom assim, pra que mexer lá ? Ela sempre quis que eu fosse um baunilha total e agora que me tem assim, fica me renegando. Maldição!
– Eu me sinto mal com as lembranças que elas me trazem. A nossa última noite lá dentro foi...
– Eu sei. - Ela me corta ao pegar em meu rosto. – Pra mim também não foi nada bom, mas.. temos que superar! Se tem uma coisa na minha vida que eu aprendi muito bem, foi a superação. E só vamos conseguir isso se você parar de evitar entrar naquela sala.
– Eu te machuquei lá, Selly!
Ela precisa entender a gravidade do que eu fiz para ela.
– Eu também tenho minha parcela de culpa. Você não mentiu sobre quem era, Nicholas. Eu tive a opção de recusar sua oferta, mas aceitei. Mesmo com o meu passado, mas eu resolvi ignorá-lo para ter você.
– E eu me aproveitei do seus sentimentos por mim. Eu sempre soube de você.
Por mais que eu já tenha dito isso antes, confessar mais uma vez me quebra por dentro. Sempre será assim. Sua boca se curva para o lado, me avaliando e sei que com sua teimosia está arquitetando alguma justificativa plausível para o que eu fiz.
– Bem, eu sei que nos magoamos muito lá dentro, mas.. passou! Agora só temos que superar, ok?- Não digo nada, pois sei que iremos brigar se o fizer. – Temos que arrumar a bagunça que foi feita, certo ? - Ela para mais uma vez e espera minha resposta, mas não dou. – Nicholas, assim não dá! Como vamos progredir se você não quer ? Não concorda com nada...
– Tudo bem. Vou mandar arrumar a sala de jogos. - Respondo mesmo com meu desagrado, pois sei que ela irá me perturbar o resto da vida com essa merda. Seu sorriso aparece e tenho vontade de revirar os olhos para isso. Que saco! – Agora é um sim? - Pergunto mais uma vez esperançoso.
– Não!
– Quando vai ser então ? - Pergunto já irritado com sua indecisão.
– Quando estivermos arrumado a bagunça toda.
Pronto! Essa merda já está resolvida. Agora temos que falar sobre o mais importante do momento. Espero que ela comece o assunto, mas ao invés disso desvia os olhos.
– Como você está ? - Pergunto e espero alguma resposta dela.
Espero mais um pouco, preocupado com seu silêncio. Ela levanta seu olhar para mim e da de ombros.
– Eu não sei te dizer... - Sua voz falha e ela abaixa o olhar.
Levanto seu rosto com meu indicador em seu queixo, fazendo assim com que ela volte a me olhar.
– Que tal começar dizendo o que você está pensando ?- Uma ruga se forma em sua testa quando ela a franze. – É bom desabafar...
– Hum... ? Eu ouvi bem ? Nicholas Jonas falando que desabafar é bom ?
Sorrio e beijo seus lábios castamente. Até nessas horas ela é atrevida.
– Foi você quem me ensinou isso, não está lembrada?
E como me ensinou! Com Selena aprendi isso e muito mais. Seu sorriso aparece novamente, mas logo some, dando lugar ao um longo respirar.
– Eu realmente não sei mais o que pensar... Parece que minha cabeça vai explodir cada vez que penso nisso. Eu, eu não sei mais o que fazer... - Ela encolhe os ombros, deixando a frase inacabada.
– Oh, baby! - Abraço-a fortemente. – Eu odeio te ver assim...
E como odeio. Por mim eu tirava toda a dor dela. Apagaria tudo o que a fez sofrer nessa vida só pra vê-la com o sorriso de sempre. Sinto seus braços me agarrarem com força e logo as lágrimas se fazem presente.
– Porque ? Porque isso foi acontecer? - Choraminga e beijo sua têmpora para consolá-la. – Porque minha mãe escondeu isso de mim ? Porque eles deixaram eu saber pela Elena? Porque?
Giro na cama, do modo que ela fica por cima de mim e a aperto contra meu peito.
– Eu acredito que haja uma resposta pra tudo, baby.
Ela se afasta um pouco para olhar-me nos olhos.
– E Ray ? Como vou dizer isso a ele ? Como ele vai se sentir com isso tudo ?
Passo o dedo em seu rosto, no caminho onde a lágrima caiu por sua bochecha.
– O que o Linc te disse quando...
Deixo as palavras no ar. Não suporto a idéia de ter que aceitá-lo como o pai do meu anjo.
– Me contou toda a história dele e minha mãe. Disse que eu fui rejeitada pelos meus avós e que foi obrigado a me abandonar para não me tirarem de minha mãe.. - Sua voz desaparece pouco a pouco até que ela cai em um choro profundo, para meu total desespero. Não sei o que fazer para livrá-la dessa dor. – Eu não quero falar disso.. - Fala entre os soluços.
Volto a abraçá-la e embalo em seus braços.
– Shhh... Como você quiser, baby.
Beijo com carinho o topo da sua cabeça e afago suas costas ternamente por um longo tempo.
{...}


Depois de deixar Selly confortável e bem mais tranqüila em casa, sigo com Taylor para a GEH. Tenho que resolver os últimos detalhes da compra da SIP para que no aniversário de Selena já esteja tudo pronto. Sento em minha cadeira assim que chego e logo Ross aparece com a última papelada da transição.
– Ross, quero que você pressione para que tudo saia o mais rápido possível. - Digo enquanto assino o resto da papelada. – Sei que vou ter que esperar um ano para mudar o nome da editora, mas fora isso quero tudo pronto até sexta. Ok ?
– Ok, Jonas. - Vejo um sorrisinho brotar no canto dos lábios dela e bufo. – Eu entendo a sua pressa. - Ela pisca um olho ao se inclinar para pegar os papeis já assinados. – Até mais, Nicholas. - Diz e sai de minha sala quando meu telefone começa a tocar.
– Sim, Andréia ?
 Senhor Jonas, a senhora Trevelyan está na linha querendo falar com o senhor.
– Tudo bem, Andréia. Passe a ligação.
Segundos depois a doce voz de minha mãe invade meus ouvidos e me faz abrir um sorriso.
 Nicholas, meu amor, é a mamãe.. tudo bem com você ?
– Tudo sim, mãe. E com a senhora ? E o papai, Joe, Mia ?
 Está tudo bem também, meu amor. Só estamos um pouco preocupados com você. Você não dá mais notícias, estamos com saudades, meu bem. E Selena ?
– Está... bem. - Engulo em seco ao mentir para Grace.
– Nicholas, eu sei que você está mentindo. O que está havendo ? - Pergunta preocupada.
– Só algumas coisas, mas vamos ficar bem, mãe.
– Que coisas ?
Nunca fui de me abrir com minha mãe, mas dessa vez sinto uma vontade enorme de lhe contar tudo e ouvi-la. Porém, não posso fazer isso, pois influi em muitas coisas que não seria do seu agrado saber. Resolvo ir pelo mais prático e fácil de dizer.
– Pedi a Ana em casamento.
 O QUÊ ?– Seu grito me assusta um pouco, ao ponto de eu ter que afastar o telefone da orelha. – Nicholas, não caçoe de sua mãe! Está falando sério ?– Ela diz agora mais calma e sorrio.
– Sim, mãe.
– Ah que maravilha isso, meu amor. Parabéns! Mas um casamento para eu organizar.
Sorrio com a emoção em sua voz. Minha mãe sempre achou que eu fosse gay e agora ouvindo do próprio filho que pediu uma mulher em casamento deve ser bom. Mas meu sorriso murcha ao me lembrar que Ana não aceitou o pedido.
– Mas ela não aceitou. - Digo com pesar.
– Como não ? Porque ela iria te recusar, filho ?
– Ah, ela me pediu um tempo para pensar. Acha que está muito cedo para dar esse passo.
 Hum...– Posso sentir a engrenagens rodando em sua cabeça quando ela se cala. – Fique tranqüilo, meu bem. Ela vai aceitar.– Posso sentir o sorriso novamente em sua voz e, estranhamente, suas palavras me enche de esperança.
– Você acha ?
– Tenho certeza, meu amor. Selly é uma menina de ouro e te ama demais, filho. Logo logo ela te dirá sim.– Diz tão confiante que chega a me transmitir esse sentimento.
– Assim espero. - Digo e suspiro. – Mas, não conte a ninguém ainda, tá mãe ?
 Tudo bem, meu filho.– Diz um pouco chorosa, algo que desperta minha preocupação.
– Porque ela está chorando, mãe ? - Pergunto já me levantando da cadeira.
 Estou feliz, meu amor. Feliz por você está compartilhando desse momento tão importante comigo. – Ela funga. – Por está dividindo comigo suas dúvidas... Ah, filho! Eu sonhei tanto com esse momento, meu amor.
– Que bom que esteja feliz, mãe. - Sorrio.
– Muito, meu filho. Espero que você e Selly sejam muito felizes.
– Obrigado, mãe.
– Meu bem, agora vou ter que desligar, tenho que acabar meu turno aqui no hospital.
– Tudo bem, mãe. Só não vá se cansar muito.
Ela rir da minha pequena reprimenda.
– Tá certo, meu amor. Dá um beijo na Selly por mim.
– Ok.
– Tchau, filho. Te amo.
– Também te amo, mãe. Tchau.
Coloco o telefone na base e sorrio esperançoso. Tomara que as palavras de minha mãe tenha poder. Pego o telefone de volta, quando uma idéia passa pela minha cabeça. Uma idéia que todos achariam absurda, principalmente Selena...mas que se foda.
– Andréia.
 Sim, senhor Jonas ?
– Me coloque em contato com Angeline Shepherd com urgência....


{...}



Assim que chego em casa, tiro meu palitó e afroxo minha gravata enquanto ando em direção ao corredor, mas logo paro quando a porta da frente se abre com um estrondo, revelando uma chata, porém furiosa Demetria. Tenho que proibir a entrada dessa peste.
– O QUE VOCÊ FEZ COM ELA, SEU DESGRAÇADO ? - Ela grita e aponta o dedo para mim.
Uma súbita raiva faz meu sangue ferver e fecho minhas mãos em punhos para não dar uma bela lição nessa loira enjoada. Não sei como Joe suporta essa figura. Coitado do meu irmão, é um idiota mesmo!
– Primeiro de tudo, pare de gritar que você não está no seu habitat natural. - Digo friamente e cravo meus olhos igualmente a minha voz, nela e ela se cala. – Agora sim... do que você está falando ?
– SELENA ESTAVA CHORANDO QUANDO LIGUEI!
– Como assim ?
– O QUE VOCÊ FEZ COM ELA? - Grita mais uma vez.
– SERÁ QUE DÁ PRA VOCÊ PARAR DE GRITAR ? - Grito irritado.
– NÃO! EU QUERO VER A MINHA AMIGA E É AGORA!
Demetria grita mais uma vez e segue para o corredor que dá em meu quarto. Sigo-a de perto e assim que ela para na porta, abre-a com toda força. Um barulho de algo caindo ecoa pelo recinto e gelo ao ver Selly estirada no chão. Demetria Estúpida, que vontade de esganar essa idiota! Tento passar a frente para ajudar Selly, mas o corpo da idiota me impede.
– Ana, você está bem ? - Demetria pergunta.
Pelo menos, ela tem a decência de se abaixar e ajuda Selly a levantar.
– Estou, porque vocês estavam gritando tanto? - Selly pergunta, enquanto é conduzida por Demetria até a cama.
– Queria saber o que esse imbecil tinha feito com você! - A cretina tem a petulância de rosnar para mim.
Fuzilo-a com meu olhar mais irritado possível, mas ela parece não se intimidar muito. Ah, baby! Você não sabe a vontade que tenho de te espancar, mas isso não tem nada a ver com conotação sexual.
– Demi! - Selly a repreende.
– Eu fiquei louca de preocupação com você,Gomez! O que houve ?
Selly suspira profundamente e me olha.
– Nicholas, você pode..
– Não! Essa garota estúpida entra ao berros em minha casa, me acusando de coisas descabidas. Quero saber o porque do ataque gratuito ? - A corto com minha voz dura.
Como assim ?
– Eu não sou estúpida! - Demetria esbraveja.
– Ora, pra mim você é!
Ela coloca a mão no peito, em um péssimo teatro de quinta, e pula da cama. Caminha até a mim e para na minha frente para me encarar. Oh, você não sabe com que está se metendo, garotinha insolente!
– Quer mesmo que eu fale o que eu penso de você, Jonas ?
– Nada me importa a sua opinião, Demetria. - Digo friamente.
– ORA PRA MIM VOCÊ É UM FILHO DA...
Vejo vermelho ao ouvir essas palavras e fecho meus punhos mais uma vez, até que a voz de Selly ecoa, fazendo com que eu pare com meu pré-ataque.
– PAREM VOCÊS DOIS! - Selly grita fazendo nós dois virarmos para ela. – Nicholas, por favor deixe-me a sós com minha amiga. E Demi.. - Vira-se para a loira chata. – Se veio aqui só pra discutir com Nicholas, acho que já fez bastante!
– Selly. - Mumuro em uníssono com a chatinha.
Olho pasmo para Selly que começa a gargalhar. Uma ruga de preocupação surge em minha testa rapidamente. O que está havendo com ela ? Que mudança brusca de humor é essa ?
– Baby, você está bem ? - Pergunto com cautela.
– É, Gomez está me assustando com essa mudança de humor. - A loira diz, também com a testa franzida.
Selly revira os olhos e assente de cabeça.
– Mesmo? - Insisto, ainda cético, porém dessa vez ela não confirma.
Selly olha para mim por um longo tempo, depois para a chata. Ela quer que eu saia... Que saco! Como assim ela prefere dá ouvidos a essa chata do que a mim ? Não sei como agüentar ser amiga dessa coisa insuportável. Fecho minha cara, revoltado porque sei que ela não desistirá de falar com a peste da loira.
– Com licença. - Resmungo e saio do quarto.
Saio pisando duro pelo o apartamento. Inferno! Que raiva dessa garota. Como se já não bastasse os problemas que tenho ainda tenho que aturar essa intrometida. Joe deveria controlar mais a porra da mulher dele. Bufo irritado e saio à procura de Taylor. É melhor resolver as coisas pendentes, do que ficar pensando nessa idiota. Vou para meu escritório e não o encontro. Deve está na sala de segurança. Sigo até lá e encontro-o de costas para a porta, que se encontra aberta, e com sua atenção total para as filmagens das câmeras de segurança. Franzo a testa ao perceber que ele não me notou ainda. Estranho, Taylor é sempre tão perceptivo. Deve está vendo alguma coisa muito grave nos vídeos para prender sua atenção.
Me aproximo lentamente e paro atrás dele, mas o que me faz parar é o que vejo no televisor. Taylor agarrando Selly, que está discutindo com Elena. Olho para a data no canto direito da televisão e pasmo ao notar que foi ontem que isso aconteceu.
– Que merda é essa ? - Digo entre os dentes, fazendo Taylor sobressaltar de sua cadeira com o susto.
– Senhor Jonas. - Ele diz assustado. – Eu não notei que o senhor estava aí. Deseja alguma coisa?
– Sim, que me explique isso. - Aponto para a televisão. – AGORA!
– É... - Ele coça a cabeça, visivelmente incomodado com algo e olha para o televisor.
– Ande Taylor, explique essa merda! - Ordeno.
– A senhorita Gomez e a senhora Lincoln brigaram depois que o senhor saiu ontem.
– Como assim ? Elena tinha ido embora. - Digo um pouco confuso. – Volta esse vídeo do começo, quero ver tudo! - Ordeno novamente e me sento na cadeira que Taylor ocupava antes.
Dito e feito! Taylor voltou todo o vídeo e assistir minuciosamente quando saí pela porta, deixando uma Ana arrasada no chão. Meu coração para por um momento, com a dor que causei a ela. Nunca irei me perdoar por isso. Um tempo depois, Selly levanta a cabeça e olha em direção a porta. Esta da qual revela uma Elena sorridente. Onde ela estava que não vi quando sai ? Arregalo meus olhos levemente quando Selly avança sobre Elena e começa uma série de tapas, resultando em uma violenta briga. Não consigo conter um pequeno sorriso no canto de minha boca ao ver Selly daquele jeito. Tão selvagem... Assisto por um longo tempo a briga das duas, da qual Selly está possessa, algo que ao invés de me irritar por vê-la daquele jeito, estranhamente me excita... e muito. Algo em minhas calças cresce e me remexo na cadeira para acabar com incômodo. Merda Jonas! Está parecendo um adolescente! Taylor está aqui, se controle, porra!
Momentos depois, Taylor aparece no vídeo e separa as duas, imobilizando Selly. Noto que uma série de coisas é dita em uma conversa que parece ser bem reveladora, mas devido a falta de áudio, não sei do que falam e isso faz minha irritação voltar. Porra! No vídeo, vejo Elena limpar uma lágrima, o que muito me intriga, pois em toda minha vida que a conheço, nunca a vi chorar. Logo depois ela diz algo para Selly que parece gritar com ela e cai no chão em prantos quando Elena se vai. Merda! O que será que foi dito ?
Giro com a cadeira até conseguir ver Taylor e levanto uma sobrancelha interrogativamente. Taylor ajeita a gravata, desconfortável com meu interrogatório silencioso. Apoio um cotovelo na mesa e a cabeça em minha mão.
– Vai me dizer tudo o que foi dito ali. - Digo cada palavra friamente, sem tirar os olhos dele.
– Senhor Jonas... - Ele ajeita a gravata mais uma vez. – Não acha melhor a senhorita Gomez contar o que houve ? - Pergunta totalmente desconcertado.
– Não, estou perguntando a você e quero que me diga o que foi dito. - Digo friamente. – E quero AGORA!
Taylor se mexe desconfortavelmente mais uma vez e crava seus olhos no televisor, onde a imagem de Selly chorando está congelada. Vejo por um nanossegundo a consternação passar por seus olhos, mas logo ele entra em modo profissional.
– A senhora Lincoln revelou que sempre odiou a senhorita Gomez e a culpa por tudo de ruim que aconteceu em sua vida.
Arqueio uma sobrancelha.
– Mais o que ? - Pergunto ao notar que ele me esconde algo bem importante.
– Disse que o senh.. - Ele pigarreia e olha para um ponto na parede. – .. o senhor iria voltar a se relacionar com ela, pois não suportaria saber de quem a senhorita  Gomez é filha. Ainda mais depois da história que ela inventou para o senhor.
Bato com o punho fechado em cima da mesa e cerro meus dentes, ao lembrar do imbecil que eu fui ao cogitar por um momento que aquilo seria verdade. Elena, você vai me pagar!
– Algo mais ? - Rosno.
– Ela também deixou claro que .. - Ele abaixa o olhar para mim. – não deixaria a senhorita Gomez ser feliz com o senhor, pois já lhe roubou o amor do senhor Timber e não roubaria o do senhor.
Levanto as duas sobrancelhas, obviamente surpreso com as revelações. Elena, só pode ter enlouquecido. Jamais a amei! Tivemos nossos momentos, mas aquilo não era amor. Quem ela está pensando que é para se intrometer na minha vida! Droga! Terei que ter uma conversa definitiva com ela, mas deixarei isso para depois. Tenho coisas mais importantes no momento, como Selena. Ela vem sempre em primeiro lugar. Minha ferinha! Sorrio ao lembrar dela batendo em Elena.
– Ok, obrigado Taylor.
Levanto de sua cadeira, saio da sala de segurança e sigo para a cozinha, onde Gail está pondo o jantar.
– Olá,Gail.
– Olá, senhor Jonas. O jantar já está servido. Deseja algo mais ?
– Não, só o jantar mesmo.
Selly chega na cozinha na mesma hora em que me sento na cadeira. Ela se senta na cadeira ao meu lado e pergunto o porque ela estava chorando, ao me lembrar da chatinha mencionar isso, mas ela não revela o porque. Permanece taciturna durante todo o jantar e depois volta para o quarto. A sigo e me deito ao seu lado na cama. Pergunto novamente o porque do choro e dessa vez ela responde, me entregando seu BlackBerry aberto em uma mensagem do Linc. Leio cada palavra com bastante atenção, o que faz minha bile subir até a garganta. Ele não vai desistir, caramba!
Assim que acabo de ler, olho para Selena. Mais cedo ou mais tarde ela ira aceitá-lo em sua vida. Sei como tudo funciona para ela. Está com raiva no momento, mas é boa demais para não perdoá-lo. Gelo só de pensar que terei que aturá-lo em nossa vida. Mas, aconteça o que acontecer, não deixarei ele me tirar Selena, isso NUNCA!
Me aproximo mais de minha linda, abraçando-a e logo ela se vira de costas para mim, ficando de conchinha comigo. Engulo a bile e pergunto mais coisas que eles falaram e ela me conta tudo pacientemente, assim como outros fatos que ocorreram em sua vida. Permanecemos em uma conversa amena até que ela pronunciar que irá visitar Raymond. Ela insite em ir sozinha, mas nego firmemente, até que ela cede. Não a deixarei mais sozinha nessa história toda. Já basta ontem, ter saído como um louco, abandonando-a.
Ela sorri e se declara para mim, algo que resulta em um beijo amoroso. Nunca vou me cansar de ouvi-la dizer que me ama. É tão reconfortante ouvir isso dela, ainda mais depois de tudo. Sem Selly, nada teria mais graça em minha vida. Logo o beijo muda, ficando mais lascivo e terminamos a noite em uma deliciosa e gozante noite de amor.



{...}


No dia seguinte acordo mais cedo que Selena e saio do quarto para informar a Taylor onde iremos hoje. Quando volto, tomo um banho demorado e me arrumo rapidamente. Assim que fico pronto, a acordo com beijos de um sono invejavelmente preguiçoso. Depois de relutar um pouquinho, ela se levanta e segue para o banho. Espero até que a água do chuveiro comece a sair e saio do quarto, direto para meu escritório.
– Bom dia, senhor Jonas. - Taylor me cumprimenta assim que entro.
– Bom dia, Taylor. - Cumprimento-o. – Já está tudo pronto ?
– Sim, senhor.
– Ok. Ah, Taylor.. enquanto eu estiver com Selly na casa do padrasto dela, quero que agilize a vinda da senhora Gomez para Seattle o mais rápido possível.
– Ok, senhor. Ligarei para Stephen e o avisarei da partida para Geórgia.
Assinto de cabeça e arrumo algumas coisas do escritório que ficaram pendentes. Depois, Taylor e eu seguimos para cozinha ao encontro de Gail. Tomo meu café tranquilamente até que Selly chega na cozinha e rejeita a primeira refeição, para o meu desagrado total. Pronto, o dia já começou desse jeito.. será que ela tem que me desafiar sempre ? Resolvo não dar muita importância para isso agora. Ela já tem muita merda para resolver. Nos despedimos de Gail e saímos do apartamento com destino certo a Montesano...
{...}


A viagem até Montesano foi bem tranquila. Selly e Raymond se entenderam perfeitamente. Ray, assim como Selly, é um achado. Um homem de muitos valores, honrado, porém muito sábio. Me alegro que Selly o tenha como figura paterna. Já o caminho de volta para Seattle está diferente, bem relaxante. Selly contente por tudo ter acabado bem e isso me deixa feliz. Vê-la com aquele sorriso no rosto mexe muito comigo. É a coisa mais linda que há na vida.
Selly, depois de muito lutar contra o sono, não resisti mais e se entrega por completo. Aconchego-a mais em meu abraço e velo seu sono durante todo o caminho restante. Assim que Taylor estaciona na garagem do Escala, sai do carro e abre a porta pra mim. Saio com Selly em meu braços e sigo para o elevador, com Taylor em meu encalço. Ele me ajuda com tudo até as portas do elevador se abrirem em minha cobertura. Entro com Selly no apartamento e sigo direto para o nosso quarto. Coloco-a na cama e tiro suas sandálias, deixando-a mais confortável possível.
Depois de ajeitá-la, tiro minha roupa e tomo um banho para relaxar, esquecer por um momento o que está me deixando nervoso. Espero que Selly não se irrite com a vinda de Mandy. Sei que isso é um assunto particular e só dela. Sei que ela que deveria decidir quando ver a mãe, mas não agüento mais vê-la sofrer e sei que Mandy faz parte disso. Sei o quanto ama a mãe e está se sentindo perdida nesse momento. Mas elas precisam se entender.. adiar isso só vai causar mais dor as duas. Espero que Selly entenda isso e a perdoe.
Saio do banho quando me sinto mais leve e volto para o quarto com uma toalha limpa em mãos. Me seco enquanto observo Selly dormir tranquilamente. Que essa merda acabe logo para ela parar de sofrer. Peço em uma prece silenciosa e me deito ao seu lado, do mesmo jeito que sai do banho. Me aconchego mais nela, que treme ao sentir o frio de minha pele. Puxo o edredom para nos cobrir e fito-a em seu sono durante um longo tempo, até que derivo em um sono tranquilo.
{...}


Acordo com o despertador diário, que cita as primeiras notícias de Seattle e o desligo antes que Selly acorde. Lentamente, saio da cama e tomo um banho para despertar. Me visto com minha calça de moletom assim que saio do banho e saio do quarto. Paraliso assim que chego na sala e vejo Mandy olhando para a Space Needle pela janela. Percebendo minha presença, ela se vira e respiro fundo ao fitá-la tão quebrada.
– Bom dia, senhora Gomez.
– Bom dia, Nicholas. - Me cumprimenta aflita. Ela se aproxima a passos rápidos, mas para de um súbito. – Como ela está ? - Vejo uma lágrima descer por seu rosto.
– Vai ficar bem. - Sorrio para confortá-la. – Sente-se... - Mostro o sofá e ela logo se senta. – A senhora já comeu algo ? Vou pedir a Gail para...
– Não precisa. - Ela me corta. – Prefiro que você se sente aqui do meu lado. - Assinto de cabeça e faço o que ela me pede. – Ai, Nicholas.. eu não queria...
Ela para de falar quando o choro começa a sair. Me sinto impotente ao ver essa situação. Não sei o que fazer. Não posso abraçá-la, pois ela me tocaria em lugares impróprios, mas também não me sinto totalmente alheio a sua dor. Desajeitadamente, passo uma mão por suas costas, na tentativa de confortá-la, mas me arrependo no mesmo instante em que ela me abraça. Enrijeço com seu toque e me seguro o máximo que consigo para não ser rude. Felizmente, ela me solta segundos depois e assim solto a respiração.
– Tudo vai ficar bem, senhora Gomez. - Digo um pouco ofegante.
– Espero que sim, meu filho. Eu não queria...
Ela continua a chorar e começa a me contar toda a história. Depois de um longo tempo ouvindo-a, me levanto do sofá e Gail aparece no recinto informando que o café da manhã já está posto.
– Espere aqui que eu vou chamar a Selly. Vai ficar tudo bem, senhora Gomez.
Ela sorri, incerta de minha palavras e seca seus olhos lacrimejados, enquanto eu sigo para o corredor. Entro no quarto e me aproximo da cama ao ver que Selly continua dormindo.
– Selly?
– Hum... - Resmunga sonolenta.
– Levanta dessa cama agora senão vou te bater!
Brinco e ela se vira na cama para me fitar com seus belos olhos castanhos preguiçosos. Ela é linda quando acorda. Estou querendo enganar a quem ? Ela é linda sempre!
– Não seria uma má idéia. - Resmunga. Pulo na cama e me junto à ela. – Nossa, quanto tempo eu dormir? - Pergunta, olhando um pouco desnorteada para a claridade do lado de fora.
– Um loooongo tempo.
– Você disse que iria me acordar. - Resmunga outra vez, estreitando os olhos para mim e sorrio.
– Eu sei, mas você parecia tão cansada.
Beijo-a castamente e, antes que eu me afaste, Selly me agarra pelo pescoço, tornando nosso beijo mais lascivo. Ela me puxa mais, na tentativa de aprofundar mais nossas carícias, mas me afasto antes que a sanidade suma de vez e eu a tome para mim.
– Que foi ?
– Agora não. - Digo ofegante, sentindo uma ereção iminente.
Sua testa franzida faz uma ruga aparecer na minha.
– Eu entendi bem ? Nicholas Jonas recusando sexo matinal ?
Sorrio de seu semblante pasmo.
– Ah, baby.. você não sabe o quanto eu quero fazer isso, mas...
– Mas ?
– Eu quero levar você em um lugar.
Ela levanta as sobrancelhas e depois as franze em confusão, novamente.
– Onde ? - Pergunta curiosa.
– Isso é surpresa! - Sorrio. E como é, só espero que seja das boas. – Então levanta dessa cama e vamos tomar o café, que a Gail já o pôs na mesa.
Dou um tapa na sua bunda e me levanto, a puxando pela mão. Ela tenta se afastar de mim, resmungando, mas antes que consiga, pego-a no colo e jogo por cima de meus ombros.
– Nicholas! Me coloca no chão! - Grita em meio aos risos, enquanto caminho em direção a porta.
– Só depois que você comer algo. - Dou mais um tapinha em sua bunda.
– Mas eu preciso tomar um banho primeiro!
Suas palavras me fazem parar abruptamente. Ela tem razão. Cuidadosamente, a ponho no chão.
– Certo, mas... - Estreito os olhos para ela e sorrio. – Nem tente fugir de mim, baby.
– Não fugirei.
Sua piscada faz algo remexer em minhas calças e praguejo mentalmente ao ver sua bunda perfeitamente para seu corpo, enquanto segue para o banheiro. Se segura, Jonas! Balanço a cabeça para afastar os pensamentos sacanas de minha cabeça e volto para a sala.
– Pronto, ela já virá. - Digo assim que entro na sala novamente.
Carla se movimenta pela sala, nervosa, andando de uma lado para o outro no mesmo ritmo. Observo seus gestos por um longo tempo, até que a voz de Ana aparece no recinto.
– Mãe...

Direciono meu olhar para a figura parada na sala, completamente chocada. É agora, Jonas...




Comentários... :)

Creditos Angel