quarta-feira, 11 de junho de 2014

Original Sin - 43 Capitulo

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Durante duas semanas, a paz reinou na mansão Jonas. O curativo de Nicholas cicatrizou com perfeição, perante aos cuidados de Selena. Essa vinha comendo excessivamente, e seu gosto havia mudado radicalmente.

Selena: Está pronto. – Concluiu, dispensando o curativo dele. Os pontos já haviam sido tirados. Ele estava bem.

Nicholas: Obrigado. – Agradeceu, passando a mão no cabelo. Finalmente, livre daquele curativo.

Selena: Volte pra ela, agora. – Disse, calma, enquanto fechava a caixinha de primeiros socorros.

Nicholas: Tudo volta a ser como antes, então? – Perguntou, olhando-a.

Selena: Você escolheu assim. – Respondeu, dura – Não se preocupe, vou cuidar pra que Gregg não atire mais nada contra você. - Ela se levantou – Com licença. – E saiu, deixando-o sozinho com seus pensamentos.

Selena saiu, e foi a cozinha. Estava com um desejo enorme de comer figos. Nicholas ficou quieto, mas logo se levantou, e começou a se arrumar. Samatha devia estar uma arara, pensou, enquanto saia. E ela estava. Gritou com ele, esbravejou, mandou-o embora. Ele apenas observou ela e esperou que sua fúria diminuísse, sentindo falta da paz e da quietude de casa. Por fim, não agüentou.

Nicholas: Samatha, o que queria que eu fizesse? – Perguntou, cansado – Eu estava lá, preso à cama. Selena ia fazer tirarem você de lá a força! O que quer que eu faça?

Samatha: Se divorcie dela. – Exigiu, séria – Devolva ela pro pai.

Nicholas: O quê? - Perguntou, incrédulo

Samatha: Devolva ela pro pai. – Repetiu – E então vamos embora daqui, só nós dois. – Ela sorriu, animada com a ideia.

Nicholas pensou em Selena, sendo devolvida. Conhecia Ricardo. Divorcio não era algo tão simples naquela época. Ela seria discriminada, maltratada. Sem contar que o pai a mataria, por alto. Sem contar na humilhação, que era enorme.

Nicholas: Eu não posso. – Disse, sem pensar. Era o que sentia.

Samatha: Porque não? – Perguntou, se irritando novamente

Nicholas: Ela não merece. Não queria se casar comigo. – Ele se lembrou das tentativas de Selena a persuadi-lo a desistir do casamento – Não vou expor ela a essa humilhação.

Samatha: Qual o seu problema? – Quase gritou. – Vai defender ela agora?!

Nicholas: Sinceramente, eu vou embora. Vou trabalhar, é o melhor que eu faço. De noite eu vou voltar, e eu espero que você tenha parado de gritar. Caso contrário, eu vou pra casa. – Concluiu, curto e grosso. Odiava que ficassem gritando com ele. Não era criança.

Nicholas estava indo pro trabalho, mas mudou de idéia. Puxou as rédeas do cavalo e mudou de direção. Tecnicamente voou até em casa. Precisava falar com Selena. As coisas não podiam ser assim.

Gregg: Selena, deixa de ser teimosa. – Insistiu, correndo atrás dela, que ria. – Sabe que quando eu quiser, alcanço você. – Disse, calmamente, enquanto corria atrás da loura.

Selena: Duvido. – Desafiou, rindo, enquanto se acabava de correr.

Então, num pulo, Gregg estava colado a ela. Ele a abraçou pela cintura e ergueu ela do chão, que riu gostosamente. Foi essa a cena que Nicholas viu de longe, ao chegar em casa. Então era isso. Ele voltava pra casa, disposto a conversar, e ela estava lá, se divertindo com Gregg. Sua expressão era fria quando ele puxou as rédeas do cavalo, pra sair. Selena e Gregg não viram ele. Porém, ele tampouco foi trabalhar.

Samatha: Nicholas! – Constatou, surpresa – Ah, me perdoe! Eu fui prematura, infantil, eu pensei que... – Interrompida.

Ela não conseguiu terminar. Nicholas, com a expressão dura, como quem está sentindo uma dor fuminante, segurou o rosto dela com as duas mãos e a beijou possessivamente. Ela riu de alivio, e o abraçou pela cintura. Logo os dois desabaram na cama, com ele por cima dela, e estava tudo perdido, novamente.

O relacionamento de Selena e Nicholas afundou de vez. Os dois soltavam farpas até pelo olhar. Do outro lado, Selena e Gregg estavam cada vez mais próximos, mais apaixonados.

Selena: Pêssegos. – Afirmou, enquanto caminhava pelo jardim com Demetria e Gregg, ao avistar um pessegueiro ao longe, sorrindo. – Ah, eu quero. – De repente precisava comer pêssego de qualquer jeito.

E lá foi Gregg. Ele tirou o terno, deixando-o na mão de Selena, e ela não viu como, mas ele já estava em um dos galhos mais altos da arvore. Selena sorriu por antecipação. Nunca gostou de pêssego. Não até agora.

Demetria: Pensei que você não gostasse. – Comentou, vendo a irmã se deliciar com a 3ª fruta que comia. As duas estava sentadas em baixo da arvore, e Gregg continuava lá em cima, farfalhando entre as folhas, pegando mais frutas.

Selena: E não gosto. – Respondeu, antes de morder a fruta com vontade novamente.

Demetria: E então...?

Selena: Só deu vontade. – Deu de ombros – GREGG! – Gritou, quando Gregg deixou um pêssego cair em sua cabeça. Ouviu ele rir de lá de cima.

Demetria: Selly... você está estranha, ultimamente. – Começou, cautelosa. Não queria que Selena tivesse outra crise histérica.

Selena: Estranha como? – Perguntou de boca cheia. Demetria riu.

Demetria: Você sente fome a toda hora. Tem comido as coisas mais estranhas. Você se irrita com facilidade. Você vomitou três vezes, só na ultima semana. – Insinuou. Selena mordeu o pêssego de novo, sem entender, encarando a irmã – Selly, qual a ultima vez que as suas regras vieram?

Selena: Hum... – Ela engoliu o que tinha na boca, contando mentalmente – Tem dois meses e alguns dias. Porque? – Olhou a irmã, enquanto mordia o pêssego novamente.

Demetria: Eu fiquei exatamente assim, - Ela indicou o pêssego que Selena tinha nas mãos – Quando estava esperando o meu Diego. – Disse, encarando a irmã.

O farfalhar das arvores, lá em cima, parou bruscamente. Quase pode se ouvir o clique na cabeça de Selena, quando ela entendeu o que Demetria queria dizer. Tinha chance de ser verdade. Com a vida sexual que ela e Gregg tinham, podia muito ser. Um novo herdeiro.

Gregg: Grávida? – Perguntou, sozinho com Selena, no chalé. Tinha um sorriso estranho em seu rosto, meio distante.

Selena: Como eu não pensei nisso antes?! – Se perguntou, completamente alterada.

Gregg: Selly, um bebê. – Repetiu. Gostava da idéia. Podia ver um menino moreninho como Selena, correndo pela mansão. – É meu? – Perguntou, cautelosamente. A ultima coisa que queria agora era que ela explodisse.

Selena tomou impulso pra responder “é claro que é, o que você acha?”, mas então se lembrou do seu aniversário. Nicholas. Maldição.

Selena: Gregg. Há algo que eu não te disse. – Ela começou, procurando as palavras.

Gregg: Dormiu com ele? – Perguntou, observando-a.

Selena: Não! – Se defendeu, de imediato. Gregg riu. – Eu não queria que você brigasse com ele. Não mudaria nada. – Ela disse, mais pra si mesma.

Gregg: O que houve?

Selena: No dia do meu aniversário. Você saiu pela manhã. – Ela hesitou. Gregg assentiu, incentivando-a – Nicholas me ouviu dizer a Demetria que já havia alguém que me quisesse, que me desejasse. – Gregg sorriu torto, e ela não se lembrava o que tinha dito.

Gregg: E...?

Selena: Nós brigamos. Eu o enfrentei. E ele... ele me violentou. – Ela viu o sorriso de Gregg morrer, e o rosto perfeito ser inundado por raiva – Gregg, não! – Tentou acalma-lo. Ele assentiu, proibindo-se de ir atrás do irmão, e dessa fez jogar-lhe um tijolo na cabeça, ao invés de um simples bloco de papel – Ele é mais forte que eu. Você não estava em casa. Joseph tampouco. Ninguém teria coragem de interferir. Então eu não fiz nada. Eu tentei me defender, mas foi inútil. Por fim, eu decidi não contar nada. Não ia mudar as coisas, eu não queria uma briga. Não tinha importância. Eu tomei banho, e lavei a pele com toda a força que consegui. Você percebeu, minha pele estava machucada. – Gregg assentiu, se lembrando da vermelhidão na pele pálida dela – Mas agora, perante isso, pode ter sido importante, afinal.


Ela ficou enjoada em pensar nisso. Amava Nicholas. Mas seu primeiro filho, ser fruto de violência? Devia ser por amor. Porém, se animou. Havia muito mais chance de ser filho de Gregg. Não devia se animar, seria um problema se o menino se parecesse mais com o tio que com o pai, mas ela preferia pensar assim.

Gregg: Ei, não pense nisso agora. – Ele se aproximou dela, erguendo o queixo dela com o dedo – Há alguém novo aqui. Alguém que precisa de você. Que precisa de nós dois. Não importa se é meu ou dele. Terá o mesmo sangue, afinal. – Ele sorriu, animando-a – O que importa é que há alguém.

Selena sorriu, confortada, e ele a beijou apaixonadamente. Havia amor ali. Não era paixão, ou desejo. Era amor. Havia amor. E havia uma também uma vida, esperando pra acontecer.



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Creditos: Samiilla Dias

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