segunda-feira, 7 de julho de 2014

Original Sin - 78 Capitulo

| |



No meio da madrugada a febre dele foi embora. Selena suspirou aliviada, lembrando-se do caos da noite anterior. Estava morta de cansaço. Tinha duas noites perdidas, o pânico durante os dias, fora a cavalgada imensa de Seattle a La Push, e o desgaste no penhasco. Mas ela não se permitia descansar.

Gregg: Selly, chega. Venha, deite um pouco. – Ele lhe mostrou a poltrona do quarto.

Selena: Não, eu estou bem aqui. – Murmurou, apertando a mão do marido.

Henry: Selena, não seja teimosa. – Retrucou, olhando-a.

Selena: Me deixem em paz. – Sussurrou, tocando a testa do marido. Não havia febre.

Só que ela não agüentou. Amanheceu, e ela estava lá, sentada ao lado da cama dele, segurando-lhe a mão. Mas sua cabeça estava inclinada pro lado, os olhos fechados levemente, com o rosto encostado no braço dele. Mas o que ela não esperava, aconteceu. Nicholas acordou. Gregg o flagrou com o rosto virado de lado, os olhos cor de esmeralda olhando a esposa serenamente.

Gregg: Até que enfim. - Disse, sorrindo, ao constatar que ele acordara.

Nicholas: Porque ela está assim? – Murmurou, rouco, com dificuldade, olhando a esposa.

Gregg: Ela não saiu do seu lado, nenhum segundo. – Respondeu no mesmo tom, olhando Selena, que dormia fracamente.

Nicholas: Devia ter deixado ela dormir. – Comentou, e ergueu a mão, com esforço, pra tocar a mão dela. Ele sentia o corpo todo dormente, efeito da morfina, provavelmente.

Gregg: Nós tentamos. Henry foi buscar café, agora. Fez frio ontem a noite. – Comentou, explicando o terno que Selena usava sob o vestido grafite, olhando a porta – Selena está dando trabalho. Ela só come uma vez por dia, e quase colocou esse hospital abaixo, por causa de você. O médico residente está neurótico, ele está tendo alucinações com ela, pelo corredor. – Brincou, e Nicholas riu, tossindo em seguida.

Selena, em seu sono leve, acordou com o tossido dele. Ela abriu os olhos, sobressaltada, e olhou o marido. Seus olhos brilharam pela surpresa ao encontrar o olhar dele. Ela se levantou bruscamente, derrubando a cadeira.

Selena: Você acordou! – Ela disse, maravilhada, olhando ele. Nicholas sorriu – Ah! – Ela exclamou, feliz, e o abraçou. Nicholas grunhiu de dor com o peso dela em sua barriga, e ela recuou – Me perdoe. – Disse, sem jeito. Nicholas riu de leve. Sentia seu coração pulsar, forte. – Ah, meu amor. – Ela se aDavidlhou ao lado dele, sorrindo, com os olhos cheios de agua.

Gregg: Ah, meu amor. – Disse, fazendo um sorriso idiota, segurando o jarrinho de flores, e se balançando pros lados. Nicholas riu mais energeticamente. Dessa vez ele não tossiu.

Selena: Saia daqui, Gregg! – Brigou, mas sorria. Duas lágrimas caíram de seu rosto – Ande, suma daqui! – Mandou, se levantando.

Gregg: Isso é que é gratidão, eu fiz companhia pra você, mulher! – Disse, se fazendo de indignado, mas ainda segurava as flores.

Selena: Que diabo, saia! – Empurrou ele, rindo e chorando, pra fora do quarto, e fechou a porta.

Nicholas observou a mulher com fascínio no rosto. Tivera tanto medo de não ver mais o comportamento explosivo dela.

Selena: Nunca mais. – Ela rosnou, voltando pra cama – Nunca mais faça isso comigo. Eu te proíbo. – Ela disse, acariciando o rosto dele, chorando e sorrindo.

Nicholas: Eu prometi. – Disse, sorrindo.

Selena: É, prometeu. – Ela revirou os olhos – Eu tive tanto medo. – Assumiu, e agora não sorria.

Nicholas: Passou, eu estou aqui. – Sussurrou, secando as lágrimas dela. – Posso te pedir uma coisa? – Perguntou, observando-a.

Selena: O que quiser. – Disse, prontamente.

Nicholas: Me beije, meu amor. – Pediu, traçando os lábios dela com o dedo.

Selena sorriu, e, cuidadosamente, pra não encostar na barriga dele, o beijou. Ela segurou o rosto dele com a mão, e se apoiou na cama com a outra. Nicholas enlaçou a cintura dela com a mão livre, e retribuiu seu beijo. Estarem um nos braços do outro, novamente, fazia parecer que nada daquele pânico tivera acontecido. A essa altura, a cidade inteira já havia montado as peças do quebra-cabeças sobre Samatha, Selena e Nicholas. Estavam todos indignados, e torciam pela melhora de Nicholas. Antigamente não, deixasse que morresse. Mas agora ele merecia viver. Só que, não se sabia como, a história de que Maite que fora a comparsa disso tudo vazou, e todos a procuravam. A loira sabia disso. Mas depois de dias escondida, com fome, fraca, com dor, vagando sozinha, ela resolveu mostrar o rosto. Passaria pela dor, mas depois, enfim, estaria acabado. Ela andou pela rua principal da cidade, olhando as cores. Sempre gostou das cores. Olhou o céu nublado, a cor da terra, sentiu o perfume do vento. Tentou tirar da cabeça o pânico do que viveria a seguir. Porém, logo foi reconhecida. As pessoas fizeram uma multidão em volta dela, prontos pra apedreja-la. Xingavam ela, ofendiam, e a encurralaram. Ela apenas olhava pro chão, esperando. Não havia mais destino pra ela, pra que insistir?

Gregg: Então ela já voltou a ser a mais doce das figuras. – Comentou, brincalhão.

Henry: Selena é louca. Sempre foi. – Ele parou, vendo o alvoroço de gente a frente.

Gregg: Não sei. – Ele franziu o cenho, mas deixou pra lá – Eu vou dar uma passada em casa, vou ver Britt. Você vem? – Perguntou, tomando seu rumo.

Henry: Não, obrigado. – Disse, e sua atenção estava toda na confusão a frente.

Ele se aproximou, olhando o que era. Deus, estavam apedrejando uma mulher. Henry podia deixar muito bem isso pra lá, como já fizera antes, mas ele viu o rosto dela, de longe. Era a coisa mais angelical que ele já havia visto, desde faz muito tempo. Ela já estava machucada, sua testa sangrava, mais e mais pedras iam em sua direção. Ele passou rapidamente pro centro da confusão, pondo seu corpo na frente do dela. Pararam de fazer aquilo.

Henry: Vamos lá, quem vai ser o próximo? – Desafiou, parado, com a expressão calma, mas irritado.

E quem seria louco de atirar uma pedra em um Gomez? Era tão perigoso como olhar pra mulher de um Jonas. Vontade não faltou a multidão, mas ninguém se atreveu a atirar um pedregulho se quer.

Henry: Saiam daqui. Vão cuidar de suas vidas. Sumam! – Rugiu, e não havia um traço de bom humor em sua voz.

As pessoas, aos poucos, foram se dispersando. Resmungando contra Henry. Umas outras ficaram, pra observar o que ele faria. Henry se agachou do lado de Maite, que já havia desmaiado. Ele checou o pulso dela, e estava viva. Porém, sua cabeça sangrava bastante, escorria por dentre os cabelos e o sangue descia por seu pescoço, manchando o vestido velho. Ele carregou a morena, e a cabeça dela se inclinou molemente pra trás, fazendo a cascata de cachos negros pairarem no ar. Ela estava descalça, e seus pés estavam feridos. Ele saiu rapidamente dali, voltando ao hospital onde Nicholas estava. Não deixaria ela morrer. De jeito nenhum.
Henry entrou no hospital, e logo levaram Maite. Ele não soube preencher a ficha. Não sabia nada daquela estranha. Só lhe restava agora esperar.


Já no quarto de Selena e Nicholas...

Selena: Rosalie tem perguntado por você. – Disse, sorrindo, enquanto o marido lhe beijava o pescoço de leve. Ele havia tecnicamente forçado ela a se deitar do seu lado.

Nicholas: Tem? – Perguntou, contra a pele dela.

Selena: Bom, em geral ela grita o seu nome, mas eu interpreto isso por perguntar. – Nicholas riu e tossiu. Selena sorriu.

Selena abaixou o rosto, e os rostos dos dois ficaram a centímetros de distancia. Ela sorriu de canto, encarando ele. Então ele sentiu a mão dela pegar a sua, e, delicadamente, leva-la até sua barriga, ao seu ventre. Nicholas observou a mulher com fascínio. Pelo que sua memória lhe lembrava, ela havia citado uma criança, no dia do penhasco. Mas ele não tinha certeza, e não iria perguntar, pra caso não fosse verdade, ela não se sentir pressionada. Mas agora ele sabia que sim. Havia uma criança ali. Seu filho. Selena viu ele murmurar um “eu amo você.” Sem som nenhum, só movendo os lábios, e sorriu, beijando o marido. O beijo foi apaixonado, duradouro, até que interromperam.

Gregg: O QUE MINHA GENTE? – Gritou, fazendo sotaque na voz, ao entrar no quarto. Selena, com o susto, rolou pro lado, caindo ajoelhada no chão. Nicholas, na tentativa de segurar ela, se inclinou pro lado e grunhiu de dor, voltando pro seu lugar. Gregg riu.

Joseph: Interrompemos? – Perguntou, brincalhão. Eles trouxeram Demetria e Britt, pra ver Nicholas.

Selena, após se certificar de que Nicholas não tinha se machucado, se levantou e disparou atrás de Gregg, que correu, corredor a fora. Puderam ouvir o riso dos dois sumirem pelo vasto corredor do hospital.

Selena: Te mato, maldito! – Ameaçou, correndo atrás dele, mas ria. Gregg, ao chegar na recepção, correu em volta de Henry, colocando ele sem sua frente. Selena tentou desviar o irmão, mas Gregg não deixou.

Henry: Crianças, controlem-se. Vocês estão em um hospital. – Disse, tirando Selena do caminho. Gregg correu de volta ao quarto, e Selena ia segui-lo, mas Henry a segurou – Eu preciso falar com você. – Disse, e Selena viu o tom sério no rosto do irmão.


Henry explicou a Selena o que havia ocorrido, e ambos foram ao quarto de Maite. A loira já havia sido cuidada. Deram-lhe banho, cuidaram dos ferimentos, lhe colocaram um soro, agora ela dormia, calma, na cama do hospital. Selena explicou a Henry tudo o que sabia da loira.

Selena: Nós precisamos esperar ela acordar, pra dar qualquer passo. – Disse, olhando Maite. – Escute, eu vou voltar pro quarto de Nicholas. Não quero deixar ele só. – Henry assentiu – Assim que ela acordar, me chame.

Selena voltou ao quarto do marido, e Henry ficou lá. Depois de limpa, e arrumada, a beleza da morena era perturbadora. Os cabelos deveriam ir até a altura da cintura, esparramados pelo travesseiro e pelo hobbie do hospital. Estava fraca, mas ainda assim era linda. O coração de Henry pulsava de modo diferente ao vê-la, era como se nada fosse igual. Ele a observou por horas a fio, até que ela despertou, confusa. Ele já não sabia o que sentia por ela.

Maite: O... – Ela franziu os olhos, pela claridade – O que...? Quem é você? – Perguntou, confusa e assustada. Esperava estar morta, então, que diabo era aquilo?

Henry: Calma. Você está segura. – Tranquilizou, vendo o transtorno dela.

Maite: Onde eu estou? – Perguntou, se sentando. O caninho do soro veio junto, e ela o sentiu.

Henry: No hospital. – Disse, achando graça do jeitinho dela. Era algo confuso, engraçado e gracioso. – Sou Henry. – Se apresentou.

Maite: Maite. – Retribuiu, passando a mão no rosto.

Henry travou. Maite. “O verdadeiro amor sempre volta.”, dissera Selena. Se bem que essa Maite não tinha nada a ver com a sua antiga esposa. A primeira Maite não tinha esse brilho no olhar, como a atual tinha. Ele se sentou nos pés da cama dela, explicando-lhe o que aconteceu. A morena o escutava atentamente, observando-o. De vez em quando respondia. 
---

Já no quarto de Nicholas, Gregg e Joseph já haviam levado Britt e Demetria embora. Selena ficara, mas Nicholas insistia que ela devia ir em casa, ao menos ver Rosalie.

Selena: Eu não quero ir. – Retrucou, cruzando os braços

Nicholas: Nem eu quero que você vá. – Murmurou. O efeito da morfina estava passando, e a dor sem sua barriga tornava difícil de falar, de respirar.

Selena: Então eu não vou, e pronto. – Sorriu, animada.

Nicholas: Rosalie precisa de você. Entenda. – Ele disse, e engoliu em seco. Era ruim respirar.

Selena: Você está sentindo alguma coisa? – Perguntou, vendo a expressão dele. Nicholas negou com a cabeça, e ela rosnou – Pois agora é que eu não vou mesmo. O que há?

Nicholas: Selena, deixe de ser teimosa? – Pediu – É só o efeito do remédio que está passando, tá um pouco complicado aqui. – Ele apontou pra sobra do curativo na camisa branca que usava. – E, eu espero que você entenda, tem dias que eu não como nada.

Selena: Ah, claro. Já fazem horas. – Disse, se referindo ao remédio – DOUTOR! – Gritou, já tranqüila. Nicholas riu e tossiu em seguida. Logo o médico apareceu. – O remédio dele. – Lembrou, falsamente dócil.

Médico: A senhora sabe minha opinião sobre... – Interrompido.

Selena: Doutor, o remédio. – Pediu, sorrindo, doce.

Nicholas: Selena! – Repreendeu, mas ria de leve.

O medico suspirou, derrotado, e saiu, mandando uma enfermeira vir. Logo Nicholas estava tranqüilo de novo.

Selena: Eu vou voltar. O mais rápido possível. Não saia daqui. – Nicholas ergueu a sobrancelha e ela sorriu, selando os lábios com os dele.

Então ela partiu, deixando Nicholas pensando. Não sentia mais dor na barriga, isso lhe deixava com tempo pra pensar, e com aquela solidão incomoda que ela sempre deixava ao partir. Ele ficou lá, pensando em diversas coisas, como Rosalie e a falta que o riso dela lhe trazia, e no amor que sentia pela mulher, na felicidade de ser pai novamente. Era bom demais pra ser real.



Comentem Gattonas


Creditos: Samilla Dias

Um comentário: