Acordo de um súbito, com a claridade do Sol que entra pela janela batendo na minha cara. Olho em volta e já sei o que me fez acordar: meu despertador barulhento. Olho a hora e são 06:30 da manhã. Vou me arrastando até o banheiro, ligo o chuveiro e entro embaixo d'água rapidamente para despertar. Sinto a agua gelada escorrer pelo meu corpo, levando com ela toda minha indisposição e preguiça, porque hoje vou precisar de muita garra pra aturar minhas horas de trabalho na Newman Marcus. Nessa época de férias a loja costuma a lotar de madames. É preciso muita paciência. -Bem feito Gomez, quem mandou entrar nesse empreguinho temporário ao invés de trabalhar com o que gosta sua idiota!– Grita o meu inimigo chamado subconsciente. Resolvo ignora-lo e não começar o dia de mal humor.
Saio do banheiro e me arrumo para mais uma batalha de moda
com as peruas. Sorrio só de pensar nas madames eufóricas com coisas banais,
denominadas de roupas. Ainda bem que é meu ultimo dia na loja, pois meu
contrato temporário chega ao fim hoje, aí poderei exercer minha profissão.
Já até arrumei outro emprego na editora Seattle
Independent Publishing (SIP). Phill, um grande amigo e gerente geral das redes
de livrarias dessa editora, me indicou para um amigo seu chamado Jack Hyde que
trabalha nessa editora. E como trabalho todos os sábados em uma dessas livrarias,
na qual Phill aparece mais, ele sempre observou bem meu amor por livros e o
empenho que tenho nesse trabalho, mesmo que seja apenas aos sábados.
Phill sempre me importunou, dizendo que podia dar uma
mãozinha na minha carreira, mas nunca aceitei. E cabeça dura que sou sempre
quis começar por baixo. Mas como sempre meus amigos adoram se meter em minha
vidinha e com Phill nao é diferente, um belo dia fui pega de surpresa com um
telefonema da editora SIP querendo marcar uma entrevista comigo. Na hora soube que
tinha dedo do Phill. Depois de muito me aborrecer com a intromissão de Phill e
muitas desculpas dele, eu aceitei fazer a entrevista. Ele ficou contentíssimo
com minha decisão, pois achava que estava desperdiçando meu diploma em uma
simples livraria.
Segundo suas palavras, eu merecia crescer
profissionalmente, pois tenho muito a oferecer com minha habilidade com os
livros. Em termos ele está certo, pois estudei para isso. E como começo no novo
trabalho daqui a duas semanas, terei uma mini férias, enfim descansarei e terei
tempo pra curtir com meus amigos, mesmo que sejam poucos. Depois de hoje é só relaxar. Sorrio com o pensamento.
Graças a Deus nessa área minha vida pelo menos esta dando sinal de vida né. Acabo de me arrumar e vou para cozinha arrumar meu café da manhã e o de Demi né,
já que ela é uma negação na cozinha.
Chegando na cozinha, me deparo com a cena mais assustadora
de todos os tempos. Minha melhor amiga que divide o apartamento comigo, Demi
está prestes a botar fogo no apartamento, tentando fazer um café da manhã digno
e um ser humano qualquer. Chego mais perto da bancada e observo cada movimento
de Demi até que ela dá por si e me enxerga no meio do fumaçeiro que é a cozinha
nesse exato momento. Quando olho pra cara dela não me contenho mais e solto uma
gargalhada alta, que eu acho que o prédio inteiro ouviu. Ela me olha de cara
feia, mas mesmo assim não paro de rir.
– Gomez, quer parar de rir de mim? - Diz ela, alterada.
Paro de rir na hora e vou ao seu encontro ajuda-la antes
que seja preciso os bombeiros entrar e apagar um incêndio.
– Demi, porque não me esperou, sabe que esse lance de
cozinha fica comigo, já que você e a cozinha não são as melhores amigas. -
Digo, tentando não rir.
Felizmente ela entende o que eu quero dizer e vai colocar
os pratos na bancada. Consigo consertar o que ela estava fazendo e logo
começamos a tomar o café.
– Que droga Demi! Agora vou ter que subir e trocar de
roupa, se não chegará enfumaçada no trabalho. - Tento me fazer de brava, mas
falho na tentativa, dando lugar as gargalhadas novamente. Ela me olha séria por
um instante e logo cai na gargalhada junto comigo.
Terminamos o café e Demi tira a mesa enquanto eu subo para tocar
de roupa. Ainda bem que temos dois uniformes, cada vendedora. E apesar de ser
um uniforme ele até que é bonitinho composto por uma saia preta, uma blusa
social branca com a etiqueta da loja e um lencinho vermelho amarrado no
pescoço. Calço meus scarpins pretos novamente e solto meus cabelos, deixando-os
cair em ondas por minhas costas até a cintura. Vou até o espelho e me sinto
bem, pelo menos hoje meus olhos azuis não estão tão imensos como de costumes.
Desço e Demi já me espera na porta de cara feia.
– Anda logo Gomez, hoje esta mais lerda do que de
costumes. - Ela solta uma risadinha. Mostro a língua pra ela. – Quanta
maturidade Selly. - Ela diz.
– Você sempre diz isso, aff. - Digo e reviro os olhos.
– E você sempre mostrando essa língua afiada para os
outros. - Ela rebate.
– Quem tem língua afiada aqui? - eu pergunto com os olhos
arregalados.
– Você ora. - Ela ri. Reviro os olhos novamente e entramos
em seu carro.
Graças que ela vai me dá carona hoje, pelo menos não gasto
com o taxi, já que meu fusquinha resolveu morrer de vez. Faço bico com o
pensamento e ela percebe.
–Selly, o que foi pra você está de bico a essa hora da manhã?
– Ah tô pensando no meu fusquinha. - Faço bico novamente.
– Ah esta falando daquela lata de sardinha que você chama
de carro? - Ela ri.
– Ah qual é Lovato, meu fusquinha é da hora vai, e você
ama o Wandinha também que eu sei. - Sorrio
– Até parece, por mim você já teria jogado aquela lata
velha em um ferro velho qualquer viu. Aquilo ali que você chama de carro é um
perigo não só pra você mais pra humanidade também, sabia dona Ana? - Ela diz,
enquanto para o carro em frente ao meu trabalho. Viro-me pra ela antes de
descer, dou um beijo na sua bochecha.
– Valeu pela carona amiga, e pare de falar mal do meu
Wandinha tá. - Mostro a língua de novo. Ela balança a cabeça.
– Você tem que parar com isso? - Ela diz.
– Com isso o que? - Eu pergunto sem entender.
– Com esse lance de mostrar essa língua afiada e achar que
Wanda é um carro. - Ela diz e cai na gargalhada. Mostro a língua de novo e saio
do carro rindo. Fecho a porta e quando me viro ela me grita.
– Ana, vai querer que eu te busque mais tarde ? - Ela diz
– Ah não precisa não, David vai passar aqui na hora da
saída e eu vou pra casa com ele. - Digo
– Hum, quer dizer que esta rolando entre vocês dois né?
Safadinha. Quem sabe hoje você não perde a virgindade?! - Ela grita e eu
ruborizo na hora, me aproximo do carro rapidamente e olho de cara feia pra ela.
– Quer parar de gritar sua maluca, e você sabe muito bem
que não sou mais virgem. E mesmo se fosse isso não é coisa que se grite na rua.
- Digo com a cara séria, mas ela nem parece ligar.
– Ah para Gomez, o que aconteceu com você foi um
barbaridade e pra mim você continua sendo virgem. E oh. já está mais que na
hora de você vencer esse trauma e vocês se pegarem. O gato é louquinho com
você. - Ela diz e sorri maliciosamente.
Mostro a língua e saio antes que ela resolva colar David e
eu na mesma cama. Também não quero ficar relembrando meus traumas passados.
Vou caminhando em direção a loja e sorrindo com o
pensamento. David e eu na mesma cama, até que não é tão mal assim. Não sinto
amor por ele, mas sinto um carinho enorme e já está mais que na hora de perder
esse medo bobo de me entregar para alguém, Demi tem razão, preciso dar um jeito
nisso. Mas resolvo guardar esse pensamento pra mais tarde já que dou de cara
com minha chefa de cara amarrada. Resolvo ignorar sua cara de baranga
encalhada.
– Bom dia Marion. - Digo
– Bom dia Selena. - Ela diz azeda como sempre.
Vou em direção ao meu armário e guardo minha bolsa. Volto
para meu posto de vendedora e logo atendo duas madames que estavam esbanjando seu
respectivo dinheiro. Até que são agradáveis. Mostro uma porção de roupas,
sapatos, bolsas de grifes e tudo o que tem de direito na loja. E assim se vai 3
horas do meu dia de trabalho.
{...}
Chega a hora do almoço e minha colega de vendas Caroline
Action vem em minha direção.
– Selena, você pode trocar a hora de almoço comigo e ficar
no setor masculino? - Ela me pede com uma carinha de fome e eu cedo, já que não
com tanta fome assim.
– Tudo bem Carol, vai lá e bom almoço, mas só avise a
azeda antes. - Eu digo e ela ri. Azeda é o apelido carinhoso que nós duas
colocamos na nossa querida chefinha.
– Tudo bem, eu aviso, ainda mais que hoje ela ta com o cão
no corpo. - Ela faz careta e eu sorrio.
Vou em direção a ala masculina da loja e encontro um
montinho de roupas e resolvo colocar no lugar já que não tem nenhum hoje por
aqui. Estou absorta na minha tarefa quando sinto alguém me observar
minuciosamente. Fecho os olhos e imploro a Deus que não seja minha querida
chefinha. -Aquela demônia–, resmunga meu subconsciente e dessa
vez eu concordo com ele. Viro-me lentamente de olhos fechados, tomando coragem
para enfrentar a fera, seja lá o que for que ela queira agora. Abro os olhos e
me deparo com um par de olhos cinza brilhante me olhando. Eu disse me olhando?!
Quis dizer, me comendo com os olhos. Ruborizo na hora e tento argumentar algo,
mas por incrível que pareça estou igual a uma estátua sem saber o que dizer o
que fazer. A única coisa que faço e ficar olhando fixamente a maravilha que
vejo a minha frente. Ele também não diz nada, só me encara, prendendo meu olhar
no seu. Só voltamos ao normal quando somos interrompidos por uma mocinha
falante que aparece pra falar com ele. Ele volta sua atenção para ela e é aí
que ela percebe que estamos nos encarando e sorri maliciosamente, não sei por
quê. Engulo em seco meu nervosismo e me aproximo do jovem casal que vejo.
– Olá boa tarde, em que posso ajuda-los? - Pergunto
olhando diretamente para a mulher, pois tenho certeza que se olhar novamente
para esse deus grego, vou gaguejar e pagar mico.
– Boa tarde. - Ele olha no meu crachá - Srta. Gomez?! -
Ele diz meio que me perguntando.
Resolvo mudar minha posição e voltar ao que sempre fui
faladeira e alto astral com os clientes. E é por isso que atendo muitos
clientes nessa loja, graças ao meu bom humor. Não vou deixar me abater por um
homem qualquer. -Divino, gostoso, e sexy– Ronrona minha deusa interior.
Resolvo ignora-la também.
– Sim, Selena Gomez– Respondo sorrindo o meu sorriso que só
dou para clientes.
A moça que está ao lado dele vem em minha direção, me
abraça e me beija as bochechas, já se apresentando.
– Olá sou Vanessa Jonas, a irmã dele,
mas pode me chamar de Nessa. - Ela dá uma ênfase na irmã e eu sorrio dando três pulinhos de
alegria mentalmente. - Adorei seu nome. Selena é um nome lindo, um nome de
princesa - Ela se afasta e olha pra o homem ao seu lado, sorrindo
maliciosamente e completa. – Não é mesmo Nicholas? - O homem ao seu lado não
diz nada, só me encara e eu me sinto desconfortável.
Nessa só nos observa atentamente até que finalmente o
homem ao seu lado, se aproxima lentamente de mim e olha nos meus olhos.
– Olá, eu sou Nicholas Jonas. - Ele diz com uma voz rouca e baixa,
prendendo meu olhar no seu. Estendo minha mão para ele que a pega, leva até os
lábios e a beija, transmitindo um tremor pelo meu corpo, suspiro internamente. -Ai Jesus, que homem é esse em Gomez!– Sussurra minha
deusa interior. Ruborizo completamente com a tal audácia dela e acho que ele
nota, pois sorri triunfante. -Ai hoje o dia promete–
Grito internamente.
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Creditos Angel
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