quarta-feira, 29 de outubro de 2014

XLIV - Amor Obscuro 2.3

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Sinto minha garganta fechar, devido as lágrimas de desespero, contidas. O ambiente na sala se torna desagradável. Meus olhos estão grudados no semblante sério de Nicholas. Abro a boca para respondê-lo, mas não consigo emitir som algum. Não quero acreditar que Lincoln seja meu pai.
– Eu fiz uma pergunta, será que alguém pode me responder ? O que está havendo aqui ? - O rosnado de Nicholas irrompe o silêncio.
Volto meu olhar para Elena e seu sorriso triunfante. Tento reagir, gritar a plenos pulmões, mas nada. Não consigo me mover, tamanho o meu choque. Fecho meus olhos ao vê-la se virar devagarinho.
– Olá para você também, meu garoto.
– Não me chame assim. - Ele rosna para Elena. – Selly, você está bem ? - Abro os olhos ao ouvir o tom preocupante em sua voz.
Engulo em seco, sem saber o que responder.
– O que você faz aqui, Elena ? - Seu tom de voz aumenta conforme seus olhos.
– Vim lhe prestar uma visita. Temos algo a falar. - Gelo ao ouvir essas palavras.
– O que temos para falar que eu não sei ?
Elena se vira para mim e sorri diabolicamente.
– Nicholas, eu... eu ... - Gaguejo, na tentativa de encontrar o que lhe dizer.
Nicholas se aproxima de mim a passos largos, pegando minhas duas mãos e aperta-as.
– Selly, o que está havendo ? Você está gelada! - Pergunta com os olhos arregalados.
– Eu... Ai.. - Me calo ao sentir uma pontada na cabeça.
Solto minhas mãos das de Nicholas, levando-as a cabeça. Novamente as lembranças voltam a rondar minha mente, como um filme em câmera lenta. Apesar de tudo indicar que Lincoln é meu pai, me recuso a acreditar. E se Elena estiver mentindo? Primeiro preciso confirmar essa história com minha mãe urgentemente. Tenho que ouvir da boca dela a verdade.
– Ana, o que você tem ? - Sinto as mãos nervosas de Nicholas em meus braços. – ELENA, SAI DAQUI! - Tremo com o grito que ele dá.
Sinto os braços dele me envolverem e deixo minha cabeça descansar em seu ombro. A pontada de antes volta com mais força. Fecho meus olhos e cerro meus dentes para aliviar um pouco. Sinto meu corpo ser carregado e quando dou por mim, estou deitada na cama de Nicholas.
– Baby, você está bem ? - Olho fixamente para os olhos aterrorizados de Nicholas.
– É só uma dor de cabeça. Já vai passar, só preciso de um remédio. - Digo baixinho. – Nicholas, precisamos conversar.
– Eu já sei sobre o que você vai falar e já vou logo dizendo que eu não esperava a Elena aqui. Ela... - Levo minhas duas, nervosas, mãos no rosto dele, calando-o.
– Baby, me escu...
– Não, Selly. Você precisa acreditar. Elena apareceu de repente. Tem muito tempo que não nos vemos mais.
– Eu sei, eu entendo, mas..
– Então não precisa ficar tão nervosa.
– Me deixa falar!
– Não. Depois você fala. Primeiro você vai tomar um remédio. Ou quer ir para o hospital ? - Pergunta se levantando da cama.
– Não. Eu não preciso de hospital. Eu só preciso que você sente aqui e me escute. - Imploro.
– Depois, Selly. Primeiro o remédio. - Ele diz antes de sair pela porta.
– NICHOLAS, VOLTE AQUI! - Grito, mas ele não volta.
E agora, meus Deus?! Preciso que ele me ouça antes da Elena encher sua cabeça, mas também preciso confirmar isso com minha mãe. Olho para o relógio e bufo. Merda! Ela deve está no avião. Quando preciso que a hora passe rápido, não passa. Agarro o travesseiro com todas as forças, fechando os olhos em seguida, quando, mais uma vez, sinto a pontada na cabeça.
– Aqui, baby! - Abro meus olhos e encontro Nicholas agachado do lado da cama.
Pego o remédio e o copo de suco, que tem em suas mãos, e tomo tudo de uma vez.
– Obrigada.
– Descanse, baby. - Ele beija minha testa.
– Eu preciso falar com você.
– Agora não dá, baby. Eu preciso voltar para o escritório e continuar o que estava fazendo, antes de ser interrompido por você e Elena. - Franze a testa. – Aqui o seu celular. Você esqueceu em cima da bancada. - Diz me entregando o BlackBerry. Franzo a testa em confusão. Não me lembro de estar com celular quando fui para a cozinha. – Deveria estar esperando a ligação de Mandy que nem percebeu que estava com o celular, não é ? - Pergunta ao ver minha expressão cética. Ele sorri e se abaixa para me dar outro beijo na testa. – Agora deixa eu voltar lá. Depois conversamos.
– Mas... - Calo-me ao vê-lo sair rapidamente do quarto.
Caio para trás, no travesseiro e fito o teto, na esperança de encontrar alguma resposta para tudo. Ricardo.. Será que Ricardo sabe e nunca quis me contar também? Penso por um longo tempo nessa história, até que o sono se apossa de mim.


{...}



Acordo de um súbito com um barulho estridente, abrindo meus olhos rapidamente ao sentir um vibrar em minha mão e logo vejo que é meu celular. Olho de relance para a grande janela do quarto, vendo que já está noite. Nossa dormi tanto assim? Esfrego os olhos para ver melhor a tela do celular e sinto meu coração parar por alguns minutos ao ver o número da casa de minha mãe. Levanto da cama em um pulo e corro para o banheiro, trancando a porta atrás de mim. Abro o chuveiro, para o caso de abafar a conversa e atendo a ligação.
– Meu bebê, estou ligando para avisar que acabei de chegar e estou bem. - Engulo em seco ao ouvir a doce voz de mamãe. – selly, você está aí ? - Pergunta alarmada.
Tento pensar em como começar a conversa. Respiro fundo e abro a boca para dizer a primeira coisa que vem a mente.
– Porque você mentiu pra mim ?
– O quê ? Do que você está falando, Selly ?
– Já chega de fingir, mãe. Eu já sei que o Lincoln é o cara do seu passado, do qual eu fui gerada. - Digo as palavras amargamente.
De repente o telefone fica mudo. Olho no visor para ver se a ligação caiu e me surpreendo ao ver que não.
– Quem te falou isso ? - Pergunta com a voz afetada.
– Não interessa! O que interessa é que VOCÊ não me contou a verdade. Porque, mãe ? Eu tinha o direito de saber a verdade! - Vocifero.
– Selena, as coisas não são tão fáceis assim. - Sinto a raiva e a mágoa explodir dentro de mim e resolvo pôr tudo para fora.
– Como não? Ah deixa eu ver, é mais fácil você sair escondida e se encontrar furtivamente com seu antigo amor, não é verdade ? - Digo com o sarcasmo exalando minha voz.
– Selena, me respeite! Eu sou sua mãe!
– Mãe que mentiu nas últimas 24 horas, escondendo uma coisa tão importante de minha vida. Aliás, escondeu a vida inteira né, mas isso não vem ao caso.
– Mas ainda sou sua mãe, então me respeite.
– Mãe que preferiu fugir ao invés de encarar os fatos. Eu te falei, mãe. Eu te contei tudo o que estava acontecendo comigo e você não disse nada! Deixou com que eu soubesse por outra pessoa. - Paro para engolir as lágrimas que insistem em sair e respiro fundo.
– Que pessoa é essa ? É o Lincoln, não é ? Eu te falei para se afastar dele, Selena!
– Não foi ele! E você não está em condições de exigir nada, dona Mandy. Eu quero saber de toda a verdade agora mesmo e por você!
– Tudo bem.. - Ela responde depois de um tempo em silêncio. – Ele é o seu pai biológico. O meu primeiro amor, do qual concebemos você, minha filha. Eu sei que você está certa em ficar com raiva e que eu não podia ter escondido de você a verdade, mas eu não queria que você sofresse. Você tinha acabado de passar por uma coisa ruim, não queria que entrasse em pânico novamente. E você está certa, eu sai depois do almoço para conversar com seu pai..
– Com Lincoln! - Corto-a bruscamente.
– Isso, com Lincoln. Pedi para ele deixar você viver em paz. Que deixasse você ser feliz sem saber da existência dele. Foi só isso, filha. Eu jamais trairia Bob, como você insinuou antes. - Sua voz sai cortante e sei que está chorando. Fecho meus olhos e deixo as lágrimas caírem livremente. – Me perdoa por tudo, filha ? Não me odeie. Eu sei que você está confusa agora, mas tudo vai se ajeitar, bebê. Você vai ver. - Levo a mão livre ao olhos, chorando em silêncio por um longo tempo. – Filha, você está aí ?
– Tenha uma boa noite, Mandy. - Desligo o celular antes que ela possa responder.
Me agacho lentamente, chorando em silêncio. Me sinto completamente enganada, magoada. Como isso foi acontecer comigo ? Como deixei que aquele filho da mãe se aproxima-se de mim ? Justo o cara que é inimigo do meu grande amor é o mesmo que me rejeitou quando bebê. Que droga de ironia do destino!
– Selly ? - Desperto de meu momento ao ouvir uma voz masculina atrás da porta.
Levanto, entrando no box, passo as mãos molhadas no rosto e desligo o chuveiro, seguindo para a porta em seguida. Abro-a lentamente e vejo Taylor pela brecha.
– Sim ? - Respondo com a voz embargada.
Vejo-o franzir as sobrancelhas ao se deparar com meu rosto. Sei que nesse momento, meu nariz deve estar da cor de um tomate.
– O senhor Jonas pediu para perguntar o que a senhorita deseja para o jantar ?
– Que horas são ? - Pergunto confusa.
– São oito horas. - Ele me olha por um momento em silêncio, analisando-me. – Bem, se a senhorita quiser, posso levá-la para escolher o que comer. É bom para espairecer um pouco. - Olho-o nos olhos, analisando sua proposta. Com certeza disse isso pelo péssimo estado da minha cara.
– Você está certo. - Sorrio em agradecimento.
Taylor sempre sabe o que dizer na hora certa. Abro mais a porta e saio do banheiro, seguindo-o para fora do quarto.
– Vou avisar o senhor Jonas. - Ele avisa assim que chegamos na sala.
Assinto de cabeça e espero por ele, parada no meio da sala. Instantes depois ele volta e saímos do apartamento, em direção ao estacionamento. Logo chegamos perto do Suv e Taylor abre a porta traseira para mim. Me jogo no banco e encolho as pernas, abraçando-as com as mãos. Taylor logo entra no lado do motorista e saí do prédio. Vejo um carro preto estacionado perto da calçada. Prendo meus olhos nele até que o perco de vista quando Taylor começa a nos guia pela cidade noturna. Olho as luzes piscando a cada vez que passamos perto de um poste, pensando em como contar tudo à Nicholas. Ele vai ter que entender, ele tem que entender! -Isso se ele te der a oportunidade de falar, né!– Resmunga meu subconsciente. Ele tem razão, Nicholas está tão ocupado com esse tal problema. O que será que está havendo? -E você querendo dar mais problemas para ele pensar, né Gomez!– Meu subconsciente volta a atacar. Hoje ele está com tudo mesmo. Deu para ser inimigo!


{...}


Depois de vagar pela cidade, peço a Taylor que nos deixe em um mercado qualquer, apesar dele dizer que não falta nada no apartamento. Claro que na casa do senhor controlador não faltaria nada. Ainda mais sobre comida. Nicholas sempre foi um cara muito preocupado com alimentação. Mas já que estou aqui, levarei os ingredientes. Irei eu mesma fazer a comida. Nicholas, pelo visto, vai demorar no escritório e assim ganharei mais tempo para me acalmar. Contarei toda a verdade depois do jantar. Ando pelo mercado, à procura do que levar e decido por fazer um frango xadrez. Pego os ingredientes que precisarei e sigo para o caixa, com Taylor. Assim que chega nossa vez, espero Taylor pagar a compra, pois saí sem nada do apartamento. Saímos do mercado com as bolsas e voltamos para o carro.
– Deixa que eu abro a porta pra você, Selena. - Taylor diz depois de colocar as compras na mala.
– Não precisa não, Taylor. Deixa que eu mesma faço isso. - Sorrio para amenizar sua expressão.
Levo a mão no puxador da porta e abro-a lentamente, enquanto observo ele seguir para o lado do motorista contrariado. As vezes é engraçado esse lado cavalheiresco de Taylor. Coloco uma perna para dentro do carro, mas paraliso ao ouvir meu nome.
– Selly.. - A voz grossa atrás de mim, faz meu breve sorriso morrer no mesmo instante.
Viro e logo confirmo minhas suspeitas ao ver Lincoln parado no meio da calçada. Sua aparência está péssima. As mãos enfiadas nos bolsos da calça, o nó desajeitado da gravata indicando que ele passou as mãos ali várias vezes, mas o que mais me intriga são seu olhos, que estão com uma nítida aflição.
– O que você quer aqui ? - Rosno.
– Selena, entre no carro. - Taylor diz, já parado do lado de fora do carro.
– Selly, precisamos conversar..
– Eu não tenho nada pra falar com você. Desaparece da minha vida e pra sempre. - Vocifero e tento entrar no carro, mas sou impedida por sua mão em meu braço.
– Solta ela! - Taylor grita e se aproxima a passos largos.
– Por favor... filha. - Sua voz sai como um murmuro lamentoso.
Engulo em seco ao ouvir essa palavra sair de sua boca. Viro de frente para ele e Taylor, que está ao seu lado. Sua postura continua a mesma, mas seus olhos estão em pânico.
– Não me chama assim.
– Podemos conversar ? - Olho para a expressão, agora, confusa de Taylor. – Você precisa me ouvir. - Respiro fundo e, depois de uns minutos pensando, assinto de cabeça.
– Ok.
– Selena, não!
– Taylor, por favor, você pode esperar aqui ?
– Mas..
– É importante. - Coloco minhas duas mãos em seus braços tensos e olho suplicantemente em seu olhos. Ele respira fundo, mas não diz nada.
Entendo seu gesto como um ''sim'' e sigo pela calçada com Lincoln ao meu lado. Andamos até chegar em uma praça, não muito longe de onde estávamos e sento em um banco. Lincoln se senta ao meu lado e espero até que ele começa a falar.
– Sua mãe me ligou, avisando da sua descoberta.
– Só podia ser ela mesmo. - Digo nem um pouco surpresa pela notícia.
– Foi a Elena quem te falou, não é ? - Viro de frente para ele rapidamente.
– Olha só, eu não tenho todo o tempo do mundo, então se você puder ser breve, eu lhe agradeço. - Digo irritada.
Ele assente de cabeça lentamente, me olhando por um longo tempo e desvia seu olhar em seguida.
– Há vinte três anos atrás conheci uma linda garota e me apaixonei perdidamente por ela. Era a garota mais linda que já tinha visto. Ela sempre ficava em um jardim, próximo do colégio. Todos os dias praticamente. - Ele sorri com as lembranças. – Eu saia depois da aula, correndo para encontrá-la, sempre no mesmo local. Eu sonhei com, ela de longe, por um longo tempo, até que eu dia eu tomei coragem e fui falar com ela. Seu sorriso era brilhante. Assim como o seu. - Ele olha para mim e sorri novamente. – Sua voz era doce, seus gestos femininos demais, ela era apaixonante. Nós ficamos amigos e o tempo foi passando, aquela aflição no meu peito aumentava, cada vez que eu não falava para ela dos meus sentimentos. E aquilo foi indo até que um belo dia, eu a beijei. Seu lábios doces e ternos. Não consegui mais esconder e lhe falei de todos meus sentimentos para com ela. - Ele faz uma pausa por um breve instante. Noto que seus olhos estão perdidos em seu momento nostálgico. – Para minha sorte e felicidade completa, ela sentia o mesmo por mim. Seus olhos sinceros cravados nos meus, enquanto declarava seus sentimentos. Então começamos a namorar. Eu queria mostrar para todo mundo o quanto estava feliz com minha nova namorada. Nosso amor era intenso e o vivenciamos lindamente. Nos entregamos uma ao outro de corpo e alma. Erámos, praticamente, um só. Nossa primeira vez foi inesquecível. - Ele pigarreia quando sua voz falha. – Era amor de verdade e não isso o que você tem com aquele pervertido.
– Não fala do Nicholas! - Rosno. – Lave a sua boca antes de tocar no nome dele!
– Não gosto do que ele faz com você!
– Ele não faz nada comigo, que eu não quisesse. Ele me ama.
– Selena, será que você não percebe o mal que ele te faz ? Me diz, você acha certo ele espancar mulheres ?
– Ele não me faz mal nenhum. - Falo entre os dentes.
Ele se vira de frente para mim e inclina a cabeça para o lado, me olhando cético.
– Não? Me diz, ele nunca te surrou naquela sala esquisita ?
– ISSO NÃO É DA SUA CONTA! - Grito.
– Ele é um doente!
– CALA A BOCA! - Grito, levantando do banco em um ato de fúria.
Ele olha ao redor, passando as mãos nos cabelos e se volta para mim.
– Tudo bem. Não falaremos mais disso. Sente-se, preciso te falar o resto. - Ele diz e espera até que eu me sente novamente no banco. – Conforme o tempo foi passando, eu queria me casar com sua mãe.
– E porque não casou ? - Corto-o bruscamente.
– Tinha planos, mas infelizmente não consegui concretizá-los. Sua mãe era uma menina de uma família muito pobre e a minha não. Meus pais eram ricos e esnobes. - Ele ri com amargura. – Planejaram praticamente a vida inteira do único filho. Faculdade, trabalho, casamento.. Conheci Elena em uma das festas que minha família dava. Ela era uma menina rica, lindamente loira e de olhos claros. Praticamente uma escandinava. Sua família bem sucedida, tinha negócios com meu pai. Então nossas famílias resolveram nos unir em um casamento. Meus pais estavam loucos para me ver longe da garota pobre e então viram um ótimo jeito de conseguir isso. Eu tentei de todas as maneiras não ceder as chantagens contínuas deles para me casar. Queria ficar com sua mãe e você, que a essa altura já tinha sido concebida. Mas, como sempre o dinheiro dá poder, filha. Tive que deixar vocês, para não afastá-la de sua mãe.
– Como assim ? - Minha voz sai fraca com minha tentativa de oprimir a nova névoa de lágrimas que me cobre
– Meus pais tentaram tirar você dos braços de sua mãe se eu não seguisse a vida como o planejado. Eles tinhas amigos juízes e seria bem fácil tirar um bebê das mãos de uma mulher pobre e sem recursos. Então, eu aceitei a oferta de me casar com Elena. Abri uma conta e deixei uma boa quantia para que nada lhe faltasse ou à sua mãe e esperei até que você nascesse para partir. Foi a coisa mais linda que vi, depois de sua mãe. Você, nos braços de Mandy no centro cirúrgico. Seus grandes olhos azuis me olhando, alheia a tudo. - Ele faz uma breve pausa e pigarreia. – Anos se passaram.. Eu vi você crescer. De longe via você tornar-se uma bela moça. A cada ano que eu passava longe de você e Mandy, eu morria um pouco por dentro. Até que chegou um tempo em que eu não sentia mais nada, além de amargura pela minha vida ter sido diferente do que imaginei. Tudo piorou quando você sofreu aquele abuso sexual.
– Você..
– Sim, eu sempre soube. - Vejo seu rosto se contorcer em raiva. – E dei um jeito para que aquele filho da puta fosse condenado rapidamente e enterrado na penitenciária. Quando soube do que tinha acontecido com você a poucos dias, enlouqueci. A minha garotinha sendo molestada de novo por um canalha. Sei que a culpa é minha. Se eu não tivesse te abandonado, nada disso teria acontecido. - Vejo uma linha molhada traçar seu rosto, devido a uma lágrima que cai de seu olho. Sinto meus lábios tremerem, quando seus sofridos olhos azuis perfuram os meus. – Me perdoa por ser um covarde e ter abandonado vocês, filha ? Eu deveria ter lutado mais por vocês duas, principalmente por você. - Deixo a barreira se irromper e caio em prantos. – Diz que me perdoa, filha ? - Sinto sua mão, pela primeira vez, percorrer meu rosto. Pressiono minhas pálpebras uma nas outras, enquanto seus macios dedos percorrem minha face.
Levanto rapidamente, me afastando dele. Olho de um lado para o outro, confusa, sem saber o que pensar, o que dizer e o que fazer.
– Me desculpa.. é muito...
Minha voz falha e saio correndo, na mesma direção em que vim.
– SELENA.. FILHA... - Ouço de longe o grito de Lincoln.
Corro mais rápido, só parando quando chego ao carro. Entro rápido no mesmo, ignorando a expressão horrorizada no rosto de Taylor. Me encolho no banco e choro copiosamente. Logo sinto o carro entrar em movimento. Olho de relance para o retrovisor, encontrando os olhos nervosos de Taylor, mas não ligo. Continuo com meu choro, libertando tudo de dentro de mim.
Momentos depois, vejo que Taylor estaciona na garagem do Escala, mas permanece sentado no seu lugar. Me entrega um lenço e seco o rosto com o mesmo. Respiro fundo por longos minutos, me acalmando por completo. Agora preciso enfrentar Nicholas. Dessa vez não irei esconder nada dele. Por mais desgastante que seja essa conversa, ele terá que dá uma pausa no trabalho e me ouvir. Solto a respiração e saio do carro, resignada. Caminho com Taylor até o elevador. A cada andar que passa, fixo-me mais em minha recente determinação. Não deixarei que nada e nem ninguém impeça de eu ser feliz com Nicholas. Não vou deixar me abalar por isso. Já passamos por tantas coisas juntos. Isso é só mais um dos vários empecilhos que passamos ao longo do tempo.
As portas do elevador se abrem, revelando o elegante, porém solitário hall de entrada e sigo para o apartamento. Assim que abro as portas, vejo Nicholas sentado no sofá com algo nas mãos. Irrompo o breve espaço entre nós, parando na sua frente.

– Nicholas eu preciso falar com você e dessa vez não dá pra.. - Minha voz morre ao ver o sorriso de Elena pelo canto de olho.



Comentários... :)

Creditos Angel 

6 comentários:

  1. AI MEU DEUS ESSA PUTA DA ELENA FALOU PRO NICHOLAS ESSA CACHORRA,VACA E TODOS OS ANIMAIS OFENSIVOS NO MUNDO.
    E APOSTO QUE A ANTA DO NICHOLAS ACREDITOU NESSA VADIA E NEM VAI DEIXAR A SELLY SE EXPLICAR, SE ISSO ACONTECER (O QUE EU ACHO QUE VAI) EU QUEBRO A CARA DELE E CORTO O PINTO FORA.
    Agora uma pergunta séria: QUANDO QUE EU VOU PODER MATAR ESSA PUTA?
    Posta Logo, Love you
    Bella

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. eu concordo com Izabella, O BURRO DO NICHOLAS VAI ACREDITAR NESSA VACACHORRA DA ELENA (eu inventei essa palavra) e vai deixar a minha querida selly. EU VOU MATAR ESSA VIADA CACHORRA ESSA DEMONIA A MAIS EU VOU E VOU MATAR O NICHOLAS TAM BEM SE ELE A CREDITAR NELA. QUE EU ACHO QUE VAI AI EU VOU MATAR ELE. mas mudando de assunto flor da minha vida que dia que voce vai postar emm *--* posta logooooo

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  4. posta logoooooo por favor minha filhaa bjooos *----*

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