Sinto
minha garganta fechar, devido as lágrimas de desespero, contidas. O ambiente na
sala se torna desagradável. Meus olhos estão grudados no semblante sério de
Nicholas. Abro a boca para respondê-lo, mas não consigo emitir som algum. Não
quero acreditar que Lincoln seja meu pai.
– Eu fiz
uma pergunta, será que alguém pode me responder ? O que está havendo aqui ? - O
rosnado de Nicholas irrompe o silêncio.
Volto meu
olhar para Elena e seu sorriso triunfante. Tento reagir, gritar a plenos
pulmões, mas nada. Não consigo me mover, tamanho o meu choque. Fecho meus olhos
ao vê-la se virar devagarinho.
– Olá
para você também, meu garoto.
– Não me
chame assim. - Ele rosna para Elena. – Selly, você está bem ? - Abro os olhos
ao ouvir o tom preocupante em sua voz.
Engulo em
seco, sem saber o que responder.
– O que
você faz aqui, Elena ? - Seu tom de voz aumenta conforme seus olhos.
– Vim lhe
prestar uma visita. Temos algo a falar. - Gelo ao ouvir essas palavras.
– O que
temos para falar que eu não sei ?
Elena se
vira para mim e sorri diabolicamente.
–
Nicholas, eu... eu ... - Gaguejo, na tentativa de encontrar o que lhe dizer.
Nicholas
se aproxima de mim a passos largos, pegando minhas duas mãos e aperta-as.
– Selly,
o que está havendo ? Você está gelada! - Pergunta com os olhos arregalados.
– Eu...
Ai.. - Me calo ao sentir uma pontada na cabeça.
Solto
minhas mãos das de Nicholas, levando-as a cabeça. Novamente as lembranças
voltam a rondar minha mente, como um filme em câmera lenta. Apesar de tudo
indicar que Lincoln é meu pai, me recuso a acreditar. E se Elena estiver
mentindo? Primeiro preciso confirmar essa história com minha mãe urgentemente.
Tenho que ouvir da boca dela a verdade.
– Ana, o
que você tem ? - Sinto as mãos nervosas de Nicholas em meus braços. – ELENA,
SAI DAQUI! - Tremo com o grito que ele dá.
Sinto os
braços dele me envolverem e deixo minha cabeça descansar em seu ombro. A
pontada de antes volta com mais força. Fecho meus olhos e cerro meus dentes
para aliviar um pouco. Sinto meu corpo ser carregado e quando dou por mim,
estou deitada na cama de Nicholas.
– Baby,
você está bem ? - Olho fixamente para os olhos aterrorizados de Nicholas.
– É só
uma dor de cabeça. Já vai passar, só preciso de um remédio. - Digo baixinho. –
Nicholas, precisamos conversar.
– Eu já
sei sobre o que você vai falar e já vou logo dizendo que eu não esperava a
Elena aqui. Ela... - Levo minhas duas, nervosas, mãos no rosto dele, calando-o.
– Baby,
me escu...
– Não,
Selly. Você precisa acreditar. Elena apareceu de repente. Tem muito tempo que
não nos vemos mais.
– Eu sei,
eu entendo, mas..
– Então
não precisa ficar tão nervosa.
– Me
deixa falar!
– Não.
Depois você fala. Primeiro você vai tomar um remédio. Ou quer ir para o
hospital ? - Pergunta se levantando da cama.
– Não. Eu
não preciso de hospital. Eu só preciso que você sente aqui e me escute. -
Imploro.
– Depois,
Selly. Primeiro o remédio. - Ele diz antes de sair pela porta.
–
NICHOLAS, VOLTE AQUI! - Grito, mas ele não volta.
E agora,
meus Deus?! Preciso que ele me ouça antes da Elena encher sua cabeça, mas
também preciso confirmar isso com minha mãe. Olho para o relógio e bufo. Merda!
Ela deve está no avião. Quando preciso que a hora passe rápido, não passa.
Agarro o travesseiro com todas as forças, fechando os olhos em seguida, quando,
mais uma vez, sinto a pontada na cabeça.
– Aqui,
baby! - Abro meus olhos e encontro Nicholas agachado do lado da cama.
Pego o
remédio e o copo de suco, que tem em suas mãos, e tomo tudo de uma vez.
–
Obrigada.
–
Descanse, baby. - Ele beija minha testa.
– Eu
preciso falar com você.
– Agora
não dá, baby. Eu preciso voltar para o escritório e continuar o que estava
fazendo, antes de ser interrompido por você e Elena. - Franze a testa. – Aqui o
seu celular. Você esqueceu em cima da bancada. - Diz me entregando o
BlackBerry. Franzo a testa em confusão. Não me lembro de estar com celular
quando fui para a cozinha. – Deveria estar esperando a ligação de Mandy que nem
percebeu que estava com o celular, não é ? - Pergunta ao ver minha expressão
cética. Ele sorri e se abaixa para me dar outro beijo na testa. – Agora deixa
eu voltar lá. Depois conversamos.
– Mas...
- Calo-me ao vê-lo sair rapidamente do quarto.
Caio para
trás, no travesseiro e fito o teto, na esperança de encontrar alguma resposta
para tudo. Ricardo.. Será que Ricardo sabe e nunca quis me contar também? Penso
por um longo tempo nessa história, até que o sono se apossa de mim.
{...}
Acordo de
um súbito com um barulho estridente, abrindo meus olhos rapidamente ao sentir
um vibrar em minha mão e logo vejo que é meu celular. Olho de relance para a
grande janela do quarto, vendo que já está noite. Nossa dormi tanto assim?
Esfrego os olhos para ver melhor a tela do celular e sinto meu coração parar
por alguns minutos ao ver o número da casa de minha mãe. Levanto da cama em um
pulo e corro para o banheiro, trancando a porta atrás de mim. Abro o chuveiro,
para o caso de abafar a conversa e atendo a ligação.
– Meu
bebê, estou ligando para avisar que acabei de chegar e estou bem. - Engulo em
seco ao ouvir a doce voz de mamãe. – selly, você está aí ? - Pergunta alarmada.
Tento
pensar em como começar a conversa. Respiro fundo e abro a boca para dizer a
primeira coisa que vem a mente.
– Porque
você mentiu pra mim ?
– O quê ?
Do que você está falando, Selly ?
– Já
chega de fingir, mãe. Eu já sei que o Lincoln é o cara do seu passado, do qual
eu fui gerada. - Digo as palavras amargamente.
De
repente o telefone fica mudo. Olho no visor para ver se a ligação caiu e me
surpreendo ao ver que não.
– Quem te
falou isso ? - Pergunta com a voz afetada.
– Não
interessa! O que interessa é que VOCÊ não me contou a verdade. Porque, mãe ? Eu
tinha o direito de saber a verdade! - Vocifero.
– Selena,
as coisas não são tão fáceis assim. - Sinto a raiva e a mágoa explodir dentro
de mim e resolvo pôr tudo para fora.
– Como
não? Ah deixa eu ver, é mais fácil você sair escondida e se encontrar
furtivamente com seu antigo amor, não é verdade ? - Digo com o sarcasmo
exalando minha voz.
– Selena,
me respeite! Eu sou sua mãe!
– Mãe que
mentiu nas últimas 24 horas, escondendo uma coisa tão importante de minha vida.
Aliás, escondeu a vida inteira né, mas isso não vem ao caso.
– Mas
ainda sou sua mãe, então me respeite.
– Mãe que
preferiu fugir ao invés de encarar os fatos. Eu te falei, mãe. Eu te contei
tudo o que estava acontecendo comigo e você não disse nada! Deixou com que eu
soubesse por outra pessoa. - Paro para engolir as lágrimas que insistem em sair
e respiro fundo.
– Que
pessoa é essa ? É o Lincoln, não é ? Eu te falei para se afastar dele, Selena!
– Não foi
ele! E você não está em condições de exigir nada, dona Mandy. Eu quero saber de
toda a verdade agora mesmo e por você!
– Tudo
bem.. - Ela responde depois de um tempo em silêncio. – Ele é o seu pai
biológico. O meu primeiro amor, do qual concebemos você, minha filha. Eu sei
que você está certa em ficar com raiva e que eu não podia ter escondido de você
a verdade, mas eu não queria que você sofresse. Você tinha acabado de passar
por uma coisa ruim, não queria que entrasse em pânico novamente. E você está
certa, eu sai depois do almoço para conversar com seu pai..
– Com
Lincoln! - Corto-a bruscamente.
– Isso,
com Lincoln. Pedi para ele deixar você viver em paz. Que deixasse você ser
feliz sem saber da existência dele. Foi só isso, filha. Eu jamais trairia Bob,
como você insinuou antes. - Sua voz sai cortante e sei que está chorando. Fecho
meus olhos e deixo as lágrimas caírem livremente. – Me perdoa por tudo, filha ?
Não me odeie. Eu sei que você está confusa agora, mas tudo vai se ajeitar,
bebê. Você vai ver. - Levo a mão livre ao olhos, chorando em silêncio por um
longo tempo. – Filha, você está aí ?
– Tenha
uma boa noite, Mandy. - Desligo o celular antes que ela possa responder.
Me agacho
lentamente, chorando em silêncio. Me sinto completamente enganada, magoada.
Como isso foi acontecer comigo ? Como deixei que aquele filho da mãe se
aproxima-se de mim ? Justo o cara que é inimigo do meu grande amor é o mesmo
que me rejeitou quando bebê. Que droga de ironia do destino!
– Selly ?
- Desperto de meu momento ao ouvir uma voz masculina atrás da porta.
Levanto,
entrando no box, passo as mãos molhadas no rosto e desligo o chuveiro, seguindo
para a porta em seguida. Abro-a lentamente e vejo Taylor pela brecha.
– Sim ? -
Respondo com a voz embargada.
Vejo-o
franzir as sobrancelhas ao se deparar com meu rosto. Sei que nesse momento, meu
nariz deve estar da cor de um tomate.
– O
senhor Jonas pediu para perguntar o que a senhorita deseja para o jantar ?
– Que
horas são ? - Pergunto confusa.
– São
oito horas. - Ele me olha por um momento em silêncio, analisando-me. – Bem, se
a senhorita quiser, posso levá-la para escolher o que comer. É bom para
espairecer um pouco. - Olho-o nos olhos, analisando sua proposta. Com certeza
disse isso pelo péssimo estado da minha cara.
– Você
está certo. - Sorrio em agradecimento.
Taylor
sempre sabe o que dizer na hora certa. Abro mais a porta e saio do banheiro,
seguindo-o para fora do quarto.
– Vou
avisar o senhor Jonas. - Ele avisa assim que chegamos na sala.
Assinto
de cabeça e espero por ele, parada no meio da sala. Instantes depois ele volta
e saímos do apartamento, em direção ao estacionamento. Logo chegamos perto do
Suv e Taylor abre a porta traseira para mim. Me jogo no banco e encolho as
pernas, abraçando-as com as mãos. Taylor logo entra no lado do motorista e saí
do prédio. Vejo um carro preto estacionado perto da calçada. Prendo meus olhos
nele até que o perco de vista quando Taylor começa a nos guia pela cidade
noturna. Olho as luzes piscando a cada vez que passamos perto de um poste,
pensando em como contar tudo à Nicholas. Ele vai ter que entender, ele tem que
entender! -Isso se ele te der a oportunidade de falar, né!–
Resmunga meu subconsciente. Ele tem razão, Nicholas está tão ocupado com esse
tal problema. O que será que está havendo? -E você querendo dar mais
problemas para ele pensar, né Gomez!– Meu subconsciente volta a
atacar. Hoje ele está com tudo mesmo. Deu para ser inimigo!
{...}
Depois de
vagar pela cidade, peço a Taylor que nos deixe em um mercado qualquer, apesar
dele dizer que não falta nada no apartamento. Claro que na casa do senhor
controlador não faltaria nada. Ainda mais sobre comida. Nicholas sempre foi um
cara muito preocupado com alimentação. Mas já que estou aqui, levarei os
ingredientes. Irei eu mesma fazer a comida. Nicholas, pelo visto, vai demorar
no escritório e assim ganharei mais tempo para me acalmar. Contarei toda a
verdade depois do jantar. Ando pelo mercado, à procura do que levar e decido
por fazer um frango xadrez. Pego os ingredientes que precisarei e sigo para o
caixa, com Taylor. Assim que chega nossa vez, espero Taylor pagar a compra,
pois saí sem nada do apartamento. Saímos do mercado com as bolsas e voltamos
para o carro.
– Deixa que
eu abro a porta pra você, Selena. - Taylor diz depois de colocar as compras na
mala.
– Não
precisa não, Taylor. Deixa que eu mesma faço isso. - Sorrio para amenizar sua
expressão.
Levo a
mão no puxador da porta e abro-a lentamente, enquanto observo ele seguir para o
lado do motorista contrariado. As vezes é engraçado esse lado cavalheiresco de
Taylor. Coloco uma perna para dentro do carro, mas paraliso ao ouvir meu nome.
– Selly..
- A voz grossa atrás de mim, faz meu breve sorriso morrer no mesmo instante.
Viro e
logo confirmo minhas suspeitas ao ver Lincoln parado no meio da calçada. Sua
aparência está péssima. As mãos enfiadas nos bolsos da calça, o nó desajeitado
da gravata indicando que ele passou as mãos ali várias vezes, mas o que mais me
intriga são seu olhos, que estão com uma nítida aflição.
– O que
você quer aqui ? - Rosno.
– Selena,
entre no carro. - Taylor diz, já parado do lado de fora do carro.
– Selly,
precisamos conversar..
– Eu não
tenho nada pra falar com você. Desaparece da minha vida e pra sempre. -
Vocifero e tento entrar no carro, mas sou impedida por sua mão em meu braço.
– Solta
ela! - Taylor grita e se aproxima a passos largos.
– Por
favor... filha. - Sua voz sai como um murmuro lamentoso.
Engulo em
seco ao ouvir essa palavra sair de sua boca. Viro de frente para ele e Taylor,
que está ao seu lado. Sua postura continua a mesma, mas seus olhos estão em
pânico.
– Não me
chama assim.
– Podemos
conversar ? - Olho para a expressão, agora, confusa de Taylor. – Você precisa
me ouvir. - Respiro fundo e, depois de uns minutos pensando, assinto de cabeça.
– Ok.
– Selena,
não!
– Taylor,
por favor, você pode esperar aqui ?
– Mas..
– É
importante. - Coloco minhas duas mãos em seus braços tensos e olho
suplicantemente em seu olhos. Ele respira fundo, mas não diz nada.
Entendo
seu gesto como um ''sim'' e sigo pela calçada com
Lincoln ao meu lado. Andamos até chegar em uma praça, não muito longe de onde
estávamos e sento em um banco. Lincoln se senta ao meu lado e espero até que
ele começa a falar.
– Sua mãe
me ligou, avisando da sua descoberta.
– Só
podia ser ela mesmo. - Digo nem um pouco surpresa pela notícia.
– Foi a
Elena quem te falou, não é ? - Viro de frente para ele rapidamente.
– Olha
só, eu não tenho todo o tempo do mundo, então se você puder ser breve, eu lhe
agradeço. - Digo irritada.
Ele
assente de cabeça lentamente, me olhando por um longo tempo e desvia seu olhar
em seguida.
– Há
vinte três anos atrás conheci uma linda garota e me apaixonei perdidamente por
ela. Era a garota mais linda que já tinha visto. Ela sempre ficava em um
jardim, próximo do colégio. Todos os dias praticamente. - Ele sorri com as
lembranças. – Eu saia depois da aula, correndo para encontrá-la, sempre no
mesmo local. Eu sonhei com, ela de longe, por um longo tempo, até que eu dia eu
tomei coragem e fui falar com ela. Seu sorriso era brilhante. Assim como o seu.
- Ele olha para mim e sorri novamente. – Sua voz era doce, seus gestos
femininos demais, ela era apaixonante. Nós ficamos amigos e o tempo foi
passando, aquela aflição no meu peito aumentava, cada vez que eu não falava
para ela dos meus sentimentos. E aquilo foi indo até que um belo dia, eu a
beijei. Seu lábios doces e ternos. Não consegui mais esconder e lhe falei de
todos meus sentimentos para com ela. - Ele faz uma pausa por um breve instante.
Noto que seus olhos estão perdidos em seu momento nostálgico. – Para minha
sorte e felicidade completa, ela sentia o mesmo por mim. Seus olhos sinceros
cravados nos meus, enquanto declarava seus sentimentos. Então começamos a
namorar. Eu queria mostrar para todo mundo o quanto estava feliz com minha nova
namorada. Nosso amor era intenso e o vivenciamos lindamente. Nos entregamos uma
ao outro de corpo e alma. Erámos, praticamente, um só. Nossa primeira vez foi
inesquecível. - Ele pigarreia quando sua voz falha. – Era amor de verdade e não
isso o que você tem com aquele pervertido.
– Não
fala do Nicholas! - Rosno. – Lave a sua boca antes de tocar no nome dele!
– Não
gosto do que ele faz com você!
– Ele não
faz nada comigo, que eu não quisesse. Ele me ama.
– Selena,
será que você não percebe o mal que ele te faz ? Me diz, você acha certo ele
espancar mulheres ?
– Ele não
me faz mal nenhum. - Falo entre os dentes.
Ele se
vira de frente para mim e inclina a cabeça para o lado, me olhando cético.
– Não? Me
diz, ele nunca te surrou naquela sala esquisita ?
– ISSO
NÃO É DA SUA CONTA! - Grito.
– Ele é
um doente!
– CALA A BOCA!
- Grito, levantando do banco em um ato de fúria.
Ele olha
ao redor, passando as mãos nos cabelos e se volta para mim.
– Tudo
bem. Não falaremos mais disso. Sente-se, preciso te falar o resto. - Ele diz e
espera até que eu me sente novamente no banco. – Conforme o tempo foi passando,
eu queria me casar com sua mãe.
– E
porque não casou ? - Corto-o bruscamente.
– Tinha
planos, mas infelizmente não consegui concretizá-los. Sua mãe era uma menina de
uma família muito pobre e a minha não. Meus pais eram ricos e esnobes. - Ele ri
com amargura. – Planejaram praticamente a vida inteira do único filho.
Faculdade, trabalho, casamento.. Conheci Elena em uma das festas que minha
família dava. Ela era uma menina rica, lindamente loira e de olhos claros.
Praticamente uma escandinava. Sua família bem sucedida, tinha negócios com meu
pai. Então nossas famílias resolveram nos unir em um casamento. Meus pais
estavam loucos para me ver longe da garota pobre e então viram um ótimo jeito
de conseguir isso. Eu tentei de todas as maneiras não ceder as chantagens
contínuas deles para me casar. Queria ficar com sua mãe e você, que a essa
altura já tinha sido concebida. Mas, como sempre o dinheiro dá poder, filha.
Tive que deixar vocês, para não afastá-la de sua mãe.
– Como
assim ? - Minha voz sai fraca com minha tentativa de oprimir a nova névoa de
lágrimas que me cobre
– Meus
pais tentaram tirar você dos braços de sua mãe se eu não seguisse a vida como o
planejado. Eles tinhas amigos juízes e seria bem fácil tirar um bebê das mãos
de uma mulher pobre e sem recursos. Então, eu aceitei a oferta de me casar com
Elena. Abri uma conta e deixei uma boa quantia para que nada lhe faltasse ou à
sua mãe e esperei até que você nascesse para partir. Foi a coisa mais linda que
vi, depois de sua mãe. Você, nos braços de Mandy no centro cirúrgico. Seus
grandes olhos azuis me olhando, alheia a tudo. - Ele faz uma breve pausa e pigarreia.
– Anos se passaram.. Eu vi você crescer. De longe via você tornar-se uma bela
moça. A cada ano que eu passava longe de você e Mandy, eu morria um pouco por
dentro. Até que chegou um tempo em que eu não sentia mais nada, além de
amargura pela minha vida ter sido diferente do que imaginei. Tudo piorou quando
você sofreu aquele abuso sexual.
– Você..
– Sim, eu
sempre soube. - Vejo seu rosto se contorcer em raiva. – E dei um jeito para que
aquele filho da puta fosse condenado rapidamente e enterrado na penitenciária.
Quando soube do que tinha acontecido com você a poucos dias, enlouqueci. A
minha garotinha sendo molestada de novo por um canalha. Sei que a culpa é
minha. Se eu não tivesse te abandonado, nada disso teria acontecido. - Vejo uma
linha molhada traçar seu rosto, devido a uma lágrima que cai de seu olho. Sinto
meus lábios tremerem, quando seus sofridos olhos azuis perfuram os meus. – Me
perdoa por ser um covarde e ter abandonado vocês, filha ? Eu deveria ter lutado
mais por vocês duas, principalmente por você. - Deixo a barreira se irromper e
caio em prantos. – Diz que me perdoa, filha ? - Sinto sua mão, pela primeira
vez, percorrer meu rosto. Pressiono minhas pálpebras uma nas outras, enquanto
seus macios dedos percorrem minha face.
Levanto
rapidamente, me afastando dele. Olho de um lado para o outro, confusa, sem
saber o que pensar, o que dizer e o que fazer.
– Me
desculpa.. é muito...
Minha voz
falha e saio correndo, na mesma direção em que vim.
– SELENA..
FILHA... - Ouço de longe o grito de Lincoln.
Corro
mais rápido, só parando quando chego ao carro. Entro rápido no mesmo, ignorando
a expressão horrorizada no rosto de Taylor. Me encolho no banco e choro
copiosamente. Logo sinto o carro entrar em movimento. Olho de relance para o
retrovisor, encontrando os olhos nervosos de Taylor, mas não ligo. Continuo com
meu choro, libertando tudo de dentro de mim.
Momentos
depois, vejo que Taylor estaciona na garagem do Escala, mas permanece sentado
no seu lugar. Me entrega um lenço e seco o rosto com o mesmo. Respiro fundo por
longos minutos, me acalmando por completo. Agora preciso enfrentar Nicholas.
Dessa vez não irei esconder nada dele. Por mais desgastante que seja essa
conversa, ele terá que dá uma pausa no trabalho e me ouvir. Solto a respiração
e saio do carro, resignada. Caminho com Taylor até o elevador. A cada andar que
passa, fixo-me mais em minha recente determinação. Não deixarei que nada e nem
ninguém impeça de eu ser feliz com Nicholas. Não vou deixar me abalar por isso.
Já passamos por tantas coisas juntos. Isso é só mais um dos vários empecilhos
que passamos ao longo do tempo.
As portas
do elevador se abrem, revelando o elegante, porém solitário hall de entrada e
sigo para o apartamento. Assim que abro as portas, vejo Nicholas sentado no
sofá com algo nas mãos. Irrompo o breve espaço entre nós, parando na sua
frente.
–
Nicholas eu preciso falar com você e dessa vez não dá pra.. - Minha voz morre
ao ver o sorriso de Elena pelo canto de olho.
Comentários... :)
Creditos Angel
AI MEU DEUS ESSA PUTA DA ELENA FALOU PRO NICHOLAS ESSA CACHORRA,VACA E TODOS OS ANIMAIS OFENSIVOS NO MUNDO.
ResponderExcluirE APOSTO QUE A ANTA DO NICHOLAS ACREDITOU NESSA VADIA E NEM VAI DEIXAR A SELLY SE EXPLICAR, SE ISSO ACONTECER (O QUE EU ACHO QUE VAI) EU QUEBRO A CARA DELE E CORTO O PINTO FORA.
Agora uma pergunta séria: QUANDO QUE EU VOU PODER MATAR ESSA PUTA?
Posta Logo, Love you
Bella
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluireu concordo com Izabella, O BURRO DO NICHOLAS VAI ACREDITAR NESSA VACACHORRA DA ELENA (eu inventei essa palavra) e vai deixar a minha querida selly. EU VOU MATAR ESSA VIADA CACHORRA ESSA DEMONIA A MAIS EU VOU E VOU MATAR O NICHOLAS TAM BEM SE ELE A CREDITAR NELA. QUE EU ACHO QUE VAI AI EU VOU MATAR ELE. mas mudando de assunto flor da minha vida que dia que voce vai postar emm *--* posta logooooo
ResponderExcluirposta logooooo por favor
ResponderExcluirPosta logo, benhê c:
ResponderExcluirposta logoooooo por favor minha filhaa bjooos *----*
ResponderExcluir