– O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? - Nicholas rosna, já se
levantando da cama.
Oh Deus! Agora a coisa vai ficar feia. Que Taylor chegue logo dessa
vez. Repito esse mantra em minha cabeça sem parar.
– Lincoln, o que você faz aqui ? - Pergunto fracamente.
– Eu fiquei sabendo o que houve e vim o mais depressa possível.
- Diz tudo em um sopro só. – Você está bem, Selly ? -
– E como você ficou sabendo disso ? - Nicholas rosna, prestes a
avançar em Linc.
De repente, Linc muda sua postura, e com sua frieza se vira para
olhar Nicholas.
– Estava com Paul, quando Denize informou o que houve. -
Responde com seu olhar glacial, fazendo-me gelar da cabeça aos pés. Em seguida
se vira para mim e a preocupação volta a se acender em seus olhos. – Você está
bem, minha menina ? - Pergunta novamente, para o meu completo espanto. Porque
dessa preocupação toda ?
– NÃO SE ATREVA A CHAMA-LA ASSIM! - Nicholas grita e, como um
furacão, avança em Linc, dando-lhe um soco no rosto.
– Nicholas... - Minha voz sai como um sussurro, tamanho é o meu
espanto.
Tudo acontece muito rápido. Linc lhe devolve o soco, que pega em
sua boca e tudo vira um caos. Levanto da cama rapidamente, ignorando meu corpo
dolorido, que reclama sem parar, e, quando estou prestes a entrar no meio dos
dois para apartar a briga, Taylor se materializa no quarto e os separa, sem ao
menos tocar em Nicholas e imobilizando Linc. Entro na frente de Nicholas,
quando vejo-o se aproximar de Linc e ele para.
– Nicholas, para! Por favor.. - Peço, horrorizada com a cena
instalada em meu quarto. – Baby, por favor.. - Levanto as mãos para tocá-lo,
olhando-o nos olhos.
Subitamente sinto uma vontade de chorar ao ver seu rosto
tensionado, o maxilar cerrado, pronto para a batalha. Ele tenta passar por mim,
mas assim que seus olhos se abaixam parando na altura do meu pulso lesionado,
fica imóvil. Seus olhos se arregalam e pouco a pouco seu semblante volta ao
normal. Quando vejo que ele está mais calmo, viro de frente para Linc e com
isso Taylor o solta.
– Lincoln, desculpe se estou sendo grosseira, mas.. por favor,
vai embora. - Peço.
Ele arregala os olhos por uma fração de segundos, os
direcionando para Nicholas, mas logo se recupera. Engole em seco e vejo que
tenta ao máximo se manter calmo.
– Primeiro me diz se você está bem ?
– Ela estava antes de você aparecer, seu babaca. - Nicholas
rosna.
– Sim, eu estou bem. Obrigada pela preocupação. Agora por favor,
vai embora. - Peço.
– Claro. Se precisar de qualquer coisa, não ouse em me avisar.
– Ela não precisa de nada que venha de você! - Nicholas rosna
mais uma vez e viro meu rosto para olhá-lo.
– Nicholas! - Repreendo-o. Como resposta, ele cerra o maxilar e
me lança seu mais temido olhar.
– Está tudo bem, Selly ? - A voz preocupada de Linc me faz
voltar o rosto para ele.
– Sim, está.
Linc me olha por um instante e, franze o cenho, quando seu olhar
para em Nicholas. Ele se endireita, levanta a cabeça, lança um último olhar
desafiador para Nicholas e então sai, com Taylor em seu encalço. Solto a
respiração, que nem sabia que estava prendendo e viro-me para Nicholas. Este se
encontra na mais terrível e assombrada versão Nicholas Jonas, que eu poderia
ver. Solto um longo suspiro e me aproximo dele lentamente.
– Você está bem ? - Levo uma mão até o machucando no canto de
sua boca. – Precisamos colocar gelo nisso. - Levanto meu olhar à tempo de pegar
o seu. – Brigando feito um moleque.. Que bonito, senhor Jonas! - Nicholas
estreita os olhos, mas logo um sorriso se abre no canto de sua boca ao perceber
o escárnio em minha voz. – Vem.. vamos colocar algo nesse ferimento. - Puxo-o
pela mão, indo em direção a porta, mas ele logo me puxa de volta.
– Não, baby. Deixe que eu faço isso. Você precisa descansar.
Ainda não esqueci o que houve com você. - Diz e gelo ao me lembrar dos últimos
ocorridos. – Desculpe! Eu não queria .. - Diz desesperado ao notar minha
expressão.
– Tudo bem... - Respiro fundo e tento abrir um sorriso para
descontrair. – Agora quem está precisando de cuidados é o senhor. - Desconverso
e o puxo novamente pela mão.
Dessa vez ele não hesita e me acompanha. Pego um saco de
ervilhas no congelador ao chegar na cozinha e coloco como compressa em cima do
machucado de Nicholas. O silêncio que flui entre nós dois, de repente, é
ensurdecedor. Seu olhos fixados em mim me deixam mais nervosa. Posso ver as
engrenagens de seus pensamentos rodando em sua cabeça e isso não é nada bom.
Sei o que está pensando. Sei que precisamos falar de sua briga com Lincoln, mas
não tenho coragem de pronunciar uma palavra sobre esse assunto. A dor em meu
corpo aumenta e levo minha mão à cabeça ao sentir um latejo, de repente.
– Vou deitar. - Informo e saio antes dele abrir a boca.
Assim que entro no quarto, fecho a porta atrás de mim e pulo em
minha cama, me cubrindo com o edredom em seguida. O que será que Linc tem na
cabeça para vir aqui ? E o mais suspeito é, porque de tanta preocupação? Saio
de meu interrogatório mental ao ouvir a porta se abrir e direciono meus olhos
para a mesma. Vejo Nicholas adentrar o quarto e se aproximar da cama com uma bandeja
em mãos.
– Trouxe a comida e os remédios que Taylor deixou em cima da
bancada. - Informa ao ver minha testa franzida.
– Não estou com fome.
– Mas vai comer mesmo assim. - Diz com o cenho franzido.
Permaneço deitada e ele me lança um olhar – Não comece, Selena. - Bufo e me
sento na cama. Ele coloca a bandeja em meu colo e desembrulha algo que vulgo
ser a comida. Logo um prato de sopa se materializa em minha frente. Depois ele
pega o copo de suco que há na bandeja e estende para mim. – Primeiro tome esses
remédios. - Me entrega alguns comprimidos e tomo tudo em um instante. – Agora
coma. E sem reclamar. - Diz ao perceber meu olhar de negação.
Mantenho o contato visual com ele, na esperança de que desista,
mas quem desiste sou eu. Derrotada e sob os olhares atento de Nicholas, começo
a comer a sopa, que por sinal está deliciosa, mas não sinto fome alguma.
– Está uma delícia. - Digo e ofereço uma colherada a Nicholas,
que recusa de cabeça. – Não sabe o que está perdendo. - Digo.
– Eu sei o que você está fazendo, Selena. E eu não irei comer a
comida por você.
Abaixo meu olhar até minha sopa e, depois de um suspiro
frustrado, continuo a comer. Pego algumas torradas que há de acompanhamento,
molho-as na sopa e engulo rapidamente. Desisto de comer depois de mais três
colheradas. Não tenho fome. Não consigo engolir mais nada.
– Chega! Não consigo engolir mais nada. - Digo ao descansar a
colher no prato.
– Selena...
– Nicholas! - O interrompo ao ver seu olhar irritado. – Será que
eu posso ficar um pouco sozinha ? - Peço e ele arregala os olhos. Sua expressão
de completo horror me assusta. Oh, Deus! Será que eu falei alguma besteira?
– Quer ficar sozinha? - Sua voz sai em um sussurro sofrido. –
Não me quer por perto ?
– O quê? Não... Eu não quis dizer isso. - Digo atônita com sua
percepção. Suspiro diante do seu rosto contorcido em angústia. – Baby, senta
aqui.. - Bato no colchão ao meu lado e ele o faz, depois de retirar a bandeja
do meu colo. – É claro que eu te quero por perto. - Me viro um pouco para olhá-lo
nos olhos. – Eu só não quero ficar brigando, sabe ... - Encolho os ombros. – E
também, eu preciso pensar um pouco... - Paro ao vê-lo fechar o cenho.
– Pensar no Linc, não é ? - Rosna.
– Nicholas..
– Responda, Selena!
– Não é o que você está pensando.
– Ah, mas é claro que é. E já vou logo avisando: Você virá morar
comigo! - Abro a boca para contestar, mas ele me impede, colocando um dedo
sobre meus lábios. – Esse prédio não tem nenhuma segurança. Linc entrou sem ser
anunciado e eu não quero que isso se repita. Não quero suas visitas rotineiras,
ok ? - Diz irritado.
– Por que você tem tanta raiva dele se foi você quem errou
primeiro ?
– Por isso mesmo. Ele não está atrás de você só para ser
amiguinho.
– E se for só por isso mesmo ?
– Por Deus, Selena! Você não é tão ingênua assim..
– Estou só supondo. E se for só por amizade mesmo ? - Ele leva
as mãos até seus cabelos, bagunçando-os em um ato exasperado. Fecha os olhos e,
quando os abre novamente, me lança um olhar gélido.
– Eu não quero você perto dele. - Diz pausadamente.
– Porque não? Por mais estranho que pareça, eu não acho que ele
queira algo além de amizade.
– Chega! Eu não quero você perto dele e pronto. - Ordena em voz
alta.
– Mas...
– Será que você não ver que ele só quer se vingar de mim,
roubando o que tenho de mais precioso na vida ? - Paro ao ouvir essa última
frase. Sinto o nó se formar em minha garganta.
– Repete ? - Digo num fio de voz e sorrio feito uma boba.
Ele pega meu rosto entre suas mãos, aproxima seu rosto do meu e
olha-me profundamente nos olhos.
– Selena, você é o bem mais precioso da minha vida e eu não vou
deixar que filho da puta nenhum roube isso de mim. - Diz com sinceridade
emanando de sua voz.
– Oh, baby! - Dou um selinho em seus lábios. – Ninguém tem essa
capacidade. - O abraço apertado, acariciando suas costas. – Nunca se esqueça
disso. Nada, nem ninguém irá me tirar de você. - Sinto-o respirar pesadamente e
me agarrar com mais força.
– Ele já está conseguindo o que quer.
– O quê ? - Pergunto confusa.
– Está conseguindo fazer com que briguemos.
Me afasto um pouco para olhá-lo nos olhos.
– Tem razão.. não vamos brigar mais por isso, ok? - Ele assente
de cabeça. Dou um beijo casto em seus lábios. – Mas já vou avisando: não irei
morar com você e ponto.
– Ah, vai sim. Você vai ver.
– Não vou. - Me deito novamente na cama e ele me cobre com o
edredom. Tento reprimir um bocejo, mas Nicholas parece perceber.
– Durma, baby! - Beija minha testa e em seguida meus lábios. –
Tenha uma boa noite de sono. - Se agacha ao lado da cama e acaricia minha
cabeça.
– Eu não estou com sono.
– Não minta para mim, Selena.
Não quero dormir! Se eu dormir, tenho certeza que será como
antigamente. Meus pesadelos serão horríveis, cada vez mais real. Tento mudar de
assunto, mas Nicholas insiste para que eu durma.
– Então deita comigo. - Me afasto para o lado e ele me olha
cético. – Por favor...
– Sua cama é pequena para nós dois.
– Você já dormiu aqui antes. - Sorrio com as lembranças.
– Mas hoje você precisa de espaço e eu não quero te machucar, Selena.
– Você não vai me machucar.. - Faço beicinho, mas ele continua
resistente. Desliza o olhar pelo meu corpo e nega com a cabeça, voltando a
olhar em meus olhos em seguida. Droga! Porque será que está com tanto medo de
me tocar? Será que está com nojo de mim? Oh, Não! Isso não. – Está com nojo de
mim, baby ? - Pergunto num fio de voz. Seus olhos se alargam de tal maneira que
chega a me assustar.
– Cristo! Não, Selena. Jamais terei nojo de você. - Diz,
praticamente horrorizado. Permaneço a olhá-lo com ceticismo. Porque então não
se deita? Com sua estranha habilidade de ler meus pensamentos, Nicholas bufa e
se deita, preenchendo o lugar vago ao meu lado. – Vem cá, baby.. - Envolve
minha cintura com seus braços, de modo que ficamos de frente um para o outro. –
Agora dorme. - Levo uma mão até seus cabelos e os acaricio.
– Eu prefiro te olhar. - Sorrio e logo o seu sorriso se abre.
– Que bom saber disso, mas agora prefiro que você durma. - Insiste.
Permaneço calada, diante de seu olhar inquisidor. Segundos depois ele aproxima
o rosto do meu e sussurra: – Eu sei que você está com sono. Porque não quer
dormir ? - Continuo a olhar para ele, sem emitir uma palavra se quer. O
silêncio se apossa de nós dois e seguro firme para não fechar minhas pálpebras.
O efeito do remédio já começa a dar indícios. De repente, minha atenção se
volta para as sobrancelhas franzidas de Nicholas. Me estômago se contrai, logo
que seus olhos se arregalam gradativamente. – Pesadelos! - A palavra sai de sua
boca como uma enorme constatação.
– O quê ?
– Na primeira noite em que eu dormi aqui, você teve um pesadelo.
Foi logo depois que inauguramos a minha sala de jogos. Claro... Agora tudo faz
sentido! Minha sala de jogos fazia você se lembrar do seu trauma. Você teve
pesadelos e agora está com medo de dormir depois de ... - Ele para de falar ao
ver a confirmação em meu rosto. – Oh baby, eu não vou permitir que você tenha
pesadelos. - Sorrio com seu jeito fofo. Jonas, no seu modo fofo é uma coisa
rara de se ver. Sei que fala a verdade. Ele faria de tudo para que eu não
tivesse um minuto se quer de dor, principalmente pesadelos.
– Eu sei disso, meu amor.
– Então dorme.
– Ai, como você gosta de mandar. - Digo com falsa reclamação,
arrancando-nos sorrisos.
– Eu prefiro o termo ''ter controle sobre você''. E agora terei,
mas do que nunca. - Paro de sorri.
– O-ou, eu não gostei disso. - Franzo minha testa.
– Eu sei.. Agora durma! - Finaliza o assunto, me puxando mais
para si, deitando minha cabeça em seu peitoral.
– Mas..
– Sem mais, Selena. - Começa a acariciar minhas costas e assim
não resisto mais, me deixo levar pelo efeito dos remédios e caio em um sono
profundo.
{...}
– Selly. - Ouço a voz de Nicholas me chamar.
– Hum.. - Resmungo ainda de olhos fechados.
– Acorda, baby. Já está tarde. - Um arrepio passa por minha
espinha ao sentir os lábios de Nicholas em minha orelha, deixando um rastro de
beijos por onde passa.
– Que horas são ? - Resmungo sonolenta.
– Já são 11hrs30 da manhã. Venha. - Não respondo e puxo o
edredom até minha cabeça, tapando-me toda. Logo sinto um clarão em meu rosto,
em sequência do puxão que Nicholas dá ao me descobrir.
– Eiii! - Reclamo e puxo o edredom de volta. – Me deixa dormir!
- Ele puxa o edredom novamente e lanço um olhar furioso para ele.
– Levante! Tem gente à sua espera lá fora. - Me olha impassível.
– Quem ? - Pergunto confusa.
– Sou eu, meu amor. - Direciono meu olhar para a voz que vem da
porta e logo as lágrimas brotam em meus olhos.
– Mãe. - Minha voz sai em um sussurro fraco.
– Oh, meu bebê. - Minha mãe se aproxima a passos largos, se
jogando na cama em que estou e me abraça forte. Com isso, não seguro mais e
irrompo em lágrimas e soluços audíveis. – Eu... eu... - Ela se cala e acaricia
lentamente minhas costas.
Permanecemos assim por um longo tempo, até que meus soluços se
dissolvem, juntamente com o choro. Me afasto um pouco e seco meus olhos com as
mãos para vê-la melhor.
– Como você ficou sabendo ? - Pergunto ao notar que, apesar de
tudo, eu não tinha ligado para ela.
– Bem, na verdade eu tomei um susto com um homem batendo em
minha porta e informando ser da parte do senhor Jonas e que eu precisaria vir à
Seattle com urgência. Imediatamente, você veio em minha mente e sem hesitar eu
o acompanhei depois que ele pronunciou seu nome. Eu enlouqueci a cada minuto na
vinda para cá. Quando pousamos no aeroporto, o tal senhor Jonas me esperava.
Ele se apresentou como seu namorado e no caminho para cá ele me contou o que
houve. - Olho para o lado, à procura de Nicholas e percebo que estamos sozinhas
no quarto. Nicholas deve ter saído, enquanto eu praticamente desabava no colo
da minha mãe. – Porque você escondeu que estava namorando ? Porque você não me
ligou depois do que houve ? Porque escondeu isso de mim, filha ? - Ao voltar
meu olhar para ela, noto uma mágoa nítida em seus olhos.
Abaixo a cabeça, me sentindo a pior pessoa do mundo. Como pude
esconder o namoro com Nicholas de minha própria mãe ? Ela que sempre esteve
comigo. Esfrego meu rosto com as mãos, fungando sem parar e volto a olhar para
ela.
– Desculpa por não ter contado sobre Nicholas... Eu sei que eu
errei e errei feito, mas é que.. é complicado. Eu.. eu .. - Me calo e espero
alguma reação de sua parte. Ela me olha por um longo tempo parecendo
avaliar-me, mas um sorriso brota no canto de seus lábios.
– Ele parece te amar muito. - Me encontro sorrindo como uma boba
de repente.
– Eu sei. E eu também o amo muito..
– Oh, meu bebê está amando. - Diz emocionada e me abraça.
– Eu não sou mais um bebê, mãe. - Reclamo, sem deixar de sorrir.
Ela me chama assim desde que eu nasci e, apesar de eu lutar
muito para ela parar com isso, sei que é inevitável.
– Eu vejo. Já está até namorando. - Diz em tom conspiratório e
sorrio. Ela se afasta na distância de um braço, pega meu rosto em suas mãos e
me olha nos olhos. – Mas, para mim sempre será meu bebê. - Diz resignada. Ela e
Nicholas com essa mania. Eu não posso com esse dois mesmo.
Nos olhamos nos olhos por um longo tempo. Sei do que ela quer
falar, mas sei também que está receosa. Parecendo perceber minha descoberta, Mandy
balança os cabelos, abre mais um pouco o sorriso e começa a tagarelar, como
sempre faz quando está nervosa. – Ah, seu pai está aí fora. Está louco para te
ver. - Acho que o tamanho de meus olhos devem ter assustando-a, pois saiu
correndo do quarto e voltou com Ricardo ao seu lado.
– Selzinha. - Ricardo brada.
Se aproximando de mim rapidamente, ele me abraça apertado,
pegando-me completamente de surpresa. Percebo que sua aflição se dissipa um
pouco assim que sua respiração sai pesadamente. Fecho meus olhos e aproveito da
sensação que me toma de repente. Que saudade que estava de meus pais. Momentos
depois, abro meus olhos com um sorriso bobo nos lábios e encontro o olhar
emocionado de minha mãe. Me afasto um pouco para olhar para um dos homem que mais
amo na vida.
– Pai. - Pego seu rosto em minhas mãos.
– Filha! - Ele encosta sua testa na minha. – Meus Deus, o que
fizeram com minha garotinha... - Diz emocionado.
– Eu estou bem, pai.
Ele se afasta e me avalia com seus olhos expert de ex militar.
Sorrio com seu gesto e pelo canto de olho, vejo que minha mãe também sorri.
– Ela está bem, Ricardo. Ela é forte! Ela é a nossa filha,
esqueceu ? - Diz sorridente.
Sei que fala isso para apartar a angústia de Ricardo.
– Eu sei que ela é. Nossa filha é guerreira! Mas... um pai se
preocupa com a própria filha. Ou será que nem isso eu posso mais ? - resmunga, arrancando-nos sorrisos e beija
minha testa ao se afastar um pouco. Minha mãe retruca e tento intervir, antes
que eles briguem por minha causa.
– Ai, parem vocês dois né. - Faço bico, mas logo o desfaço
quando meus olhos param em Nicholas, encostado na soleira da porta. Sorrio para
ele em agradecimento. Até agora não acredito que ele foi capaz disso por mim.
Ele corresponde o sorriso, só que o seu saindo timidamente. Meus pais parecem
perceber nossa conexão, pois viram seus rostos na direção onde estou a olhar.
– Entre, Nicholas. - Minha mãe o chama e ele nega com a cabeça.
Ela bufa e vai até ele, o puxando para dentro do quarto em
seguida. É, Jonas.. Com essa daí você não tem vez. Sorrio com meu pensamento e
logo a conversa flui entre nós. Nicholas senta ao meu lado na cama, enquanto
minha mãe senta-se a nossa frente. Meu pai permanece de pé, ao lado da cama.
Apesar de me distrair um pouco com as conversas de minha mãe, não perco os
olhares intimidantes que Ricardo lança à Nicholas. Este por sua vez, continua
impassível, escondendo suas emoções assim como faz com todos. Momentos depois,
minha mãe propõe fazer o almoço e, apesar de Nicholas querer pedir o almoço em
um restaurante, ela sai do quarto avisando-nos que irá ao mercado, levando meu
pai a tira colo consigo. Nicholas se vira para mim assim que ficamos a sós.
– É, sua mãe e bem... - Ele para e me olha com cautela. –
Determinada. - Completa. Sorrio com esse fato.
– É, ela é assim mesmo.
– Você puxou isso dela. - Sorri.
– Só um pouco. Acho que ela parece ser mais mãe da Demi do que
minha. - Solto uma risada e ele me acompanha.
– Falando em sua amiga, ela virá com minha familia mais tarde.
Estão loucos para saber se você está bem. - Diz. Levo uma mão até seu rosto e o
acaricio ternamente.
– Obrigada por ser esse homem maravilhoso para mim. - Aproximo
meu rosto do seu, esfrego nossos narizes e sorrio, olhando-o nos olhos. – Não
sei o que faria sem você. - Puxo seu rosto para um beijo lento e amoroso. Sinto
meu coração palpitar assim que ele enlaça sua língua na minha, mas logo o som
da campainha nos interrompe.
– Merda! - Nicholas grunhi ao separar os lábios dos meus. – Eu
vou matar o infeliz que está a nos interromper. - Sorrio.
– Vai atender a porta. Enquanto isso vou me arrumar um pouco. -
Me levanto da cama e sigo para o banheiro.
Paro em frente ao espelho e gelo quando meus olhos grudam no
mesmo. Estou um horror completo. Meu pulso está enfaixado. Há uma mancha roxa
no lado direito do meu rosto, perto da boca; um pequeno hematoma em minha maçã
do rosto, abaixo do olho direito. Respiro fundo e começo a me despir. Fico mais
horrorizada a cada mancha que aparece em meu corpo, assim que descubro uma
camada de pele. Há pequenas manchas arroxeada, umas um pouco esverdeada já.
Devem ser dá pancada que levei ao rolar as escadas.
Fecho meus olhos com firmeza, reprimindo uma lágrima. Porque
isso sempre tem que acontecer ? Não desejo isso para ninguém, mas... porque
comigo? Odeio essa sensação de impotência, de nojo, essa sensação que toma
nossa mente, sentir-se violada. Aquele desgraçado! Ele tem que pagar por isso.
E graças ao Jack, não houve dano maior. Não quero nem pensar o que seria de mim
se ele concretizasse seu desejo. Se acontecesse tudo de novo. -Esquece isso, Selena! Você é
forte!– Meu subconsciente dá as caras, mas dessa vez a meu favor.
Abro meus olhos e encaro meu reflexo no espelho. Palavras ditas
por meus pais a poucas horas atrás rondam minha mente. A nossa filha é forte! Nossa
filha é guerreira! Sorrio
com a emoção em meu peito em ter meus pais e Nicholas próximos. Nicholas, o amor
da minha vida. O cara que não saiu do meu lado hora nenhuma. Que trouxe meus
pais, mesmo sem os conhecê-los. E apesar de sua cara impassível, sei que deve
está apavorado com essa situação, já que nunca teve uma namorada. Nunca teve
que lidar com isso antes. Eu realmente não sei o que fiz de tão bom para
merecer um amor assim. Apoio meus punhos cerrados em cima da bancada e aproximo
mais do espelho.
– Sim, eu sou forte! – Digo pra o meu reflexo. – E por vocês,
superarei mais esse capítulo de minha vida. - Sorrio confiante e começo a
escovar meus dentes.
Saio de frente do espelho, quando noto a determinação em minha voz e entro no box. Começo meu banho tranquilamente, sorridente por ter meus amores a minha cerca. Me visto assim que saio do banho e, quando estou saindo do closet, ouço a voz exaltada de Nicholas vindo da sala.
Saio de frente do espelho, quando noto a determinação em minha voz e entro no box. Começo meu banho tranquilamente, sorridente por ter meus amores a minha cerca. Me visto assim que saio do banho e, quando estou saindo do closet, ouço a voz exaltada de Nicholas vindo da sala.
Assim que chego na sala, paro ao ver Jack pálido, com um buquê
de flores nas mãos, encarando Nicholas.
– O que está acontecendo aqui ? - Falo, chamando a atenção dos
dois para mim.
– Selly! Você está bem meu anjinho? - Jack irrompe a sala, vindo
até a mim.
– Estou sim. - Falo enquanto ele me abraça várias vezes, dando
beijinhos em meu rosto.
– Trouxe isso para você, gata. - Ele estende o buquê de rosas
brancas para mim e o pego com carinho.
– Obrigada. - Sorrio em agradecimento. Pelo canto de olho vejo Nicholas
bufando, à ponto de explodir.
– Bem, Selena eu vim aqui ver como você está e te dizer que não
se preocupe com nada. Pode ficar em casa o tempo que precisar...
– ELA NÃO IRÁ VOLTAR PARA ESSA MERDA DE EDITORA TÃO CEDO. - O
grito que Nicholas dá faz nós dois tremer. – Se era só isso que veio falar, já
pode rir. - Completa, com nítida arrogância.
– O quê ? Como não ? - Jack arregala os olhos para mim. – Selly,
eu preciso de você comigo. Eu sei..
– Dane-se o que você precisa! - Nicholas o interrompe novamente.
– Mas..
– Já disse. Agora FORA DAQUI!
– Nicholas! Pare de gritar.. - O repreendo, lançando um olhar de
reprovação. Volto meu olhar para Jack, que está em estado de choque. – Continue
a falar, Jack..
– Selena, eu sei que o que você sofreu foi horrível e só de
lembrar o que fizeram com você, docinho, tenho vontade de esganar o infeliz.
Mas.. mas eu preciso de você na editora. - Sua última frase sai como um
sussurro desesperado.
– Jack, eu não sei ainda... Tenho que pensar um pouco. - Falo
com incerteza e ele bufa.
– Eu não aceito sua demissão, docinho. Eu estarei de partida
para a Nova York daqui um mês....
– O quê ? - Dessa vez sou eu que interrompo-o.
– Estou sendo transferido para a filial que a SIP está abrindo
na cidade e...
– E?
– E eu pensei em você para ocupar o meu cargo aqui em Seattle.
– Como assim ? Não, eu não posso.. não tenho experiência para
isso. - Falo entrando em pânico. Ele agarra-me pelos braços, puxando minha
atenção de volta para si.
– Hey, não precisa me dar a resposta agora, docinho. Se quiser,
tire essa semana para você e quando você voltar a gente conversa, ok ? Você é
uma menina talentosa, Selena. Vejo seu trabalho e seu esforço. - Seu sorriso
sincero faz com que eu assinta de cabeça. – Bem, agora vou deixar você com seu
macho alfa. Menina sortuda, que homem mais belo e furioso você tem. - Sussurra
só para mim ouvir e reprimo uma gargalhada.
Agora não tenho mais dúvida de que Jack é gay. Tudo bem que
quando nos encontramos para a happy hour uma vez, ele estava todo afeminado,
jogando mãozinhas para tudo que é lado, mas falar da beleza de um homem... Isso
é novo para mim. Que estranho! Ele beija minha testa, sob os profundos suspiro
irritados de Nicholas, e se vira para ir embora, mas antes para diante do meu
amado controlador.
– Calminha, bonitão! O senhor está muito estressado. Está
precisando de um pouco mais de diversão. - Pisca para um Nicholas embasbacado e
segue para a porta.
Nicholas fecha a porta a trás dele e se vira para mim.
– Devo ficar com ciúmes? - Cruzo os braços na altura de meus
peitos e franzo o cenho, tentando parecer o mais séria possível.
Pela primeira vez, vejo Nicholas totalmente sem graça. Não
consigo mais me conter e solto uma enorme gargalhada, de jogar a cabeça para
trás. Ele abaixa o olhar, se aproxima de mim e para na minha frente.
– Não tem graça. - Diz.
– Ah, tem sim... Na verdade não sei se devo rir ou me enfurecer
com esse pequeno flerte. - Digo entre risos. – Garanhão. - Dessa vez ele abre
um sorrisinho de canto.
Sigo para o interfone logo que ele começa a tocar.
– Entrega para a senhorita Gomez - Diz o homem do outro lado da
linha.
Libero sua entrada e logo um entregador com um enorme buquê de
girassóis está parado no vão de minha porta. Assino o papel de entrega e pego o
buquê, fechando a porta atrás de mim.
– De quem é isso ? - Nicholas pergunta com a sobrancelha
levemente franzida.
Dou de ombros e pego o cartão, posto no meio das flores.
"Para minha doce menina.
Espero que esteja bem melhor hoje.
Com carinho..
Lincoln Timber ''
Espero que esteja bem melhor hoje.
Com carinho..
Lincoln Timber ''
Comentários... :)
Creditos Angel
pode postar mais ta
ResponderExcluirCara só eu que acho que esse Lincon é o pai da Selly??
ResponderExcluirContinua porque a tua fic é demais