Acordo de um súbito ao ouvir vozes ao longe. Coço os olhos, um
pouco atordoada e me levanto da cama. Sigo até a porta, enquanto ouço os gritos
ficarem mais evidentes.
– O QUE VOCÊ FEZ COM ELA? - Grita uma voz feminina.
– SERÁ QUE DÁ PRA VOCÊ PARAR DE GRITAR ? - Uma voz grossa e
muito irritada responde e logo identifico-a. É Nicholas.
– NÃO! EU QUERO VER A MINHA AMIGA E É AGORA! - Responde
novamente a voz feminina, que agora sei muito bem de quem se trata. Demi!
Ouço duros passos ecoarem no assoalho pelo outro lado da porta.
Assim que abro a porta para sair, trombo com uma Demi muito furiosa e acabo
caindo no chão. Solto um gritinho com o susto e franzo a testa ao ver Nicholas
parado atrás de Demi, completamente horrorizado.
– Selly, você está bem ? - Demi se abaixa rapidamente e me ajuda
a levantar.
– Estou, porque vocês estavam gritando tanto ?
Demi me conduz até a cama e se senta ao meu lado.
– Queria saber o que esse imbecil tinha feito com você! - Ela
rosna para Nicholas, que a fuzila com seu olhar irritado.
– Demi! - Repreendo-a ao ver Nicholas fechar as mãos em punhos.
– Eu fiquei louca de preocupação com você, Gomez! O que houve ?
- Pergunta preocupada.
Suspiro profundamente e olho para Nicholas.
– Nicholas, você pode..
– Não! Essa garota estúpida entra ao berros em minha casa, me
acusando de coisas descabidas. Quero saber o porque do ataque gratuito ? - Nicholas
responde com a voz dura.
– Eu não sou estúpida! - Demi esbraveja.
– Ora, pra mim você é! - Nicholas responde.
Demi coloca a mão no peito, teatralmente ofendida e pula da
cama. Ela caminha até Nicholas e o enfrenta.
– Quer mesmo que eu fale o que eu penso de você, Jonas ?
– Nada me importa a sua opinião, Demetria. - Nicholas diz
friamente.
– ORA PRA MIM VOCÊ É UM FILHO DA...
– PAREM VOCÊS DOIS! - Grito antes que Demi complete a frase e os
dois se viram pra mim. – Nicholas, por favor deixe-me a sós com minha amiga. E Demi..
- Viro meu olhar para a loira boquiaberta. – Se veio aqui só pra discutir com Nicholas,
acho que já fez bastante!
– Selly.. - Os dois dizem em uníssono, visivelmente pasmos com
minha atitude, arrancando um gargalhada de mim.
Uma ruga de preocupação de surge na testa de Nicholas.
– Baby, você está bem ? - Ele pergunta com cautela.
– É, Gomez, está me assustando com essa mudança de humor. - Demi
diz, também com a testa franzida.
Reviro meus olhos e assinto de cabeça.
– Mesmo ? - Nicholas insiste na pergunta.
Solto um suspiro exausto e dessa vez não confirmo. Olho para ele
por um longo tempo, depois para Demi e Nicholas levanta as sobrancelhas em
entendimento ao meu pedido silencioso, para logo em seguida fecha a cara.
– Com licença. - Resmunga e sai do quarto.
Demi me olha confusa. Bato na cama, pedindo que ela se sente ao
meu lado novamente e ela o faz. Respiro fundo e olho nos olhos de minha melhor
amiga.
– Demi, eu descobri quem é meu pai.
Seus olhos aumentam gradativamente.
– O quê ? - Ela sussurra, devido ao espanto.
Começo a contar toda a história para Demi, que uma hora ou outra
se espanta com alguns detalhes. Reprimo minhas lágrimas a cada vez que me
lembro que meus avós me rejeitaram, mas por fim as deixo-as rolar quando Demi
me abraça.
Depois de um longo tempo conversando, Demi vai embora. Mas claro
que só depois de me fazer prometer mil vezes que iria lhe acompanhar nas provas
de vestido de noiva. Sigo para a cozinha, ao encontro de Nicholas. Assim que
chego, vejo que o jantar já está servido.
– E então, como você está ? - Ele pergunta assim que me ver.
Me sento na banqueta, ao lado dele.
– Bem. - Sorrio levemente e começo a comer.
– Selly, porque você estava chorando quando a chatinha ligou ?
– O nome dela é Demi. - Sorrio com o tom que ele usa.
– Tanto faz, chatinha, Demi.. pra mim é a mesma pessoa. Não sei
como Joseph agüenta.
– Nicholas, deixe de ser implicante. - Repreendo-o e ele revira
os olhos.
– Agora me responda. - Ele diz.
– Depois do jantar, pode ser?
Ele assente de cabeça e volta minha atenção para a comida em
minha frente, a qual eu como sem vontade alguma, completamente no automático.
Sinto os olhos de Nicholas cravados em mim, mas não falo nada. Depois de
jantarmos praticamente em silêncio, volto para o quarto e me jogo na cama. Nicholas
entra logo depois de mim e deita debruço, ao meu lado, me olhando fixamente.
– Então.. porque você estava chorando? - Pergunta e eu bufo.
Droga! Achei que ele tivesse esquecido essa merda, mas não. Pego
meu BlackBerry e lhe entrego, aberto na ultima mensagem de Lincoln. Observo
atentamente cada reação dele enquanto lê, mas não consigo tirar nenhuma
conclusão. Assim que acaba de ler, ele levanta o olhar para mim, em um silêncio
perturbador. Depois de um longo momento, ele se aproxima mais de mim e me
abraça. Viro de costas para ele e assim ficamos de conchinha.
– O que mais ele falou pra você quando se viram ? - Nicholas
pergunta, quebrando o silêncio.
Giro em seus braços e fico de frente para ele.
– Ele me contou como foi que ele e minha mãe se envolveram.
Depois falou que os pais dele não a aceitavam porque ela era pobre, mesmo
grávida de mim. Arranjaram um casamento para ele e Elena. Ele queria ficar com
minha mãe, mas os seus pais o ameaçaram. Disseram que se ele optasse por nós,
eles me tirariam de minha mãe. Então para não me tirarem dela, ele preferiu
casar e nos deixar. Deixou uma boa quantia em dinheiro para que nada nos
faltasse e esperou até meu nascimento para sumir de vez de nossas vidas.
– Bem, ainda acho que ele vai usar isso tudo pra te tirar de
mim, mas.. - Ele se cala ao ver meu olhar. Nicholas dá de ombros, como se não
soubesse o que fazer ou falar. – O bom disso tudo é que pelo menos nada lhe
faltou.
– Bem, se não faltou foi graças a Ray. - Bufo ao ver sua testa
franzida, visivelmente confuso. – Eu nunca usei desse dinheiro. Bem, até um
tempinho atrás, mas antes nunca tinha usado desse dinheiro. Nem desse e nem
do... - Paro ao me lembrar de um outro assunto pendente.
– Nem do.. ?
– Nem do outro dinheiro que tenho em uma outra conta. - Nicholas
franze a testa mais uma vez. – Um dinheiro que ganhei na época do ocorrido com
Mark. O meu advogado da época pediu uma indenização pelos danos causados a mim,
mas nunca toquei nesse dinheiro. Nunca quis saber dele. Um dinheiro maldito,
que me trás péssimas recordações. - Respondo com amargura. Fecho meu cenho ao
lembrar de um certo ex colega de trabalho.– Falando nisso, e o Tony ?
Nicholas endurece diante de mim e cerra o maxilar.
– Vai apodrecer na cadeia. - Diz entre os dentes.
Carinhosamente, passo minhas duas mãos no rosto dele até
acalmá-lo. Resolvo mudar de assunto, antes que a paz acabe.
– Quero ver o Ray.
– Eu imagino que queira.
– Pensei em ir até Montesano amanhã.
– Vou pedir a Taylor que prepare Charlie Tango. - Franzo minha
testa. Humm? Ele revira os olhos e bufa. – Meu helicóptero, Selena.
– Ah... obrigada, mas eu prefiro ir de carro.
– Não vai correr perigo, baby. Estará comigo e não deixarei nada
te acontecer. - Ele abre sorriso torto, totalmente sexy e sorrio.
– Eu sei. - Beijo-o nos lábios. – Mas é que eu prefiro ir de
carro. Terei mais tempo para pensar no que dizer. - Completo.
Ele me olha por um momento e assente de cabeça.
– Tudo bem então.
– Mas... - Paro de falar e avalio sua reação. Ele levanta as
duas sobrancelhas, me induzindo a continuar. – Eu queria ir sozinha.
– De jeito nenhum!
– Nicholas, é..
– Ana, não! Não vou deixar você enfrentar isso sozinha. - Sorrio
com ternura ao olhá-lo nos olhos. Que fofo da parte dele. – Que foi ?
– Eu te amo demais, sabia ?
Ele apenas sorri e beija meus lábios gentilmente. Um beijo lento
e demorado, que em poucos segundos se torna quente e avassalador, levando-nos a
uma longa noite de amor...
{...}
Acordo bem cedo na manhã seguinte e tento me arrumar depressa
depois de um longo banho, pois não quero atrasar a viagem. Nicholas já está
todo arrumado e tomando seu café, enquanto eu estou aqui, atolada em
pensamentos que me deixam cada vez mais nervosa. Visto um vestido longo e fresco
e saio do quarto, ao encontro de Nicholas.
Assim que chego na cozinha, vejo Taylor à postos, juntamente com
Gail e Nicholas.
– Bom dia. - Cumprimento-os e sento na banqueta ao lado de Nicholas.
– Bom dia. - Os três respondem em um uníssono perfeito, levando-me
a olha-los espantada.
– O que vai querer de café, querida ? - Gail pergunta
amavelmente, como sempre.
– Obrigada, Gail, mas não quero nada. - Pelo canto de olho vejo Nicholas
fechar o cenho.
– Mas tem que comer, meu anjo. - Ela insiste.
– Eu como alguma coisa pelo caminho. - Sorrio de sua preocupação
um pouco materna. – Eu não estou em condições de ingerir nada agora, de tanto
nervoso. - Aperto minhas mãos, uma na outra em um ato de nervoso, mas logo as
relaxo quando Nicholas coloca a sua mão por cima delas. – Vamos ? - Pergunto à
ele.
– Esperem mais um minutinho que eu farei um lanche pra viagem. -
Gail diz
– Obrigada mais uma vez, mas não precisa, Gail. Não quero te
atrapalhar, e se a fome aparecer, comerei algo no caminho.
Lentamente, vejo seu sorriso sumir e me repreendo mentalmente.
Droga de boca, Selena! Lógico que ela iria se ofender com a recusa. Pulo da
cadeira rapidamente e rodeio o balcão, parando atrás dela e a abraço por trás,
deitando a cabeça em seu ombro.
– Oh, não faça essa carinha. Senão eu me mato!! - Brinco e beijo
carinhosamente a bochecha dela. Um rubor surge de repente em seu rosto e
sorrio. – Olha, ela ficou vermelhinha.
– Selena, para de perturbar a Gail. - Nicholas diz.
Olho na direção dele e vejo que ele e Taylor estão se esforçando
para esconder o sorriso. Volto para Gail e a beijo outra vez na bochecha. Ela
se vira de frente pra mim e sorri.
– Você sabe que sua comida é irrecusável, né ? Eu que sou uma
chata sem fome mesmo. - Dou de ombros.
– Tudo bem, mas não deixe de se alimentar, hein. - Ela me abraça
ternamente.
– Pode deixar, Gail, que até a hora do almoço ela já terá comigo
alguma coisa. - Nicholas diz e mostro a língua pra ele, que estreita os olhos
na mesma hora.
– Bem, vamos agora?
Nos despedimos de Gail e saímos prontamente do apartamento.
{...}
A viagem até a Montesano foi como eu já esperava. Um silêncio
total, exceto pela bagunça que estava em minha cabeça. A dúvida de como contar
ao meu pai que meu outro pai apareceu me deixava cada vez mais apreensiva.
Várias formas de como contar isso à ele passou pela minha cabeça e algumas me
fizeram se acalmar um pouco. Mas agora, parada em frente ao portão da casa de
Ray, o nervosismo voltou com força total, exterminando qualquer possibilidade
da tranquilidade se aproximar de meu ser. Nenhuma das respostas que apareceram
em minha cabeça parece cabível no momento.
– Preparada ? - A voz de Nicholas faz com que eu dê um pequeno
sobressalto no banco de trás do SUV.
Olho para ele, que se espanta com meu semblante. A essa altura,
imagino que esteja com os olhos do tamanho de um ovo de avestruz.
– Sinceramente... não!
Ele suspira e se aproxima de mim, pegando minhas duas mãos entre
as suas.
– Baby, vai dá tudo certo. - Ele beija minha testa e volta a
fitar-me nos olhos. – Ele vai te entender. - Pisca e sorri. – Agora, vamos ?
Assinto de cabeça e saímos do carro. Respiro profundamente antes
de tocar a campainha e logo Ray aparece. Seus olhos aumentam gradativamente ao
nos ver. Seu sorriso aparece depois que seu espanto some.
– Sell!! - Ele abre os braços e, como resposta, pulo no vão
deles, abraçando-o com todo meu amor. Permanecemos abraçados pelo que parece
uma eternidade, até que Ray se afasta um pouco para olhar em meu rosto. – Está
tudo bem ? - Ele passar os polegares debaixo de meus olhos, limpando as
lágrimas que nem sabia que havia derramado. Balanço a cabeça em afirmação e
sorrio para amenizar a expressão preocupada em seu rosto. – Olá, Jonas.
Ele estende a mão pra cumprimentar Nicholas, que a pega com
gosto.
– Olá, senhor Gomez.
– Pode me chame de Ray, menino. - Ray diz e os dois riem. –
Entrem, por favor. Que cabeça a minha.
Ele abre mais a porta e assim Nicholas e eu entramos na casa.
Ando vagarosamente pela casa e suspiro com a nostalgia que me atinge de
repente. Foi aqui que vivi um dos melhores momentos da minha vida.
– Porque não avisaram que viriam ? Eu teria preparado algo para
recebê-los melhor.
– Como se você soubesse cozinhar né, pai.
Troco um olhar terno com meu pai e sorrimos um para o outro do
meu comentário.
– Então.. - Ray para e coça a cabeça, visivelmente intrigado com
nossa visita. – Aconteceu alguma coisa ?
Olho para Nicholas e depois volto a olhar pra ele.
– Sim, pai. Quero conversar com o senhor, mas... vamos deixar
isso pra depois do almoço. Primeiro quero curtir o meu pai. Estava com
saudades. - Digo e ando até ele para abraçá-lo.
– Oh, minha pequena. Eu também estava. - Ele beija minha testa.
– Pai, porque você não mostra a casa para Nicholas, enquanto eu
cozinho algo para o almoço.
Sorrio em expectativa e ele assente de cabeça, com um sorriso
nos lábios. Assim que eles se afastam um pouco, sigo pra cozinha pra preparar o
almoço.
{...}
Depois de jogar conversa fora e de comer um delicioso macarrão
com queijo com os dois homens da minha vida, aqui estou eu, nervosa de novo sob
os olhares atento dos dois. Suspiro para tomar coragem e fecho meus olhos,
quando as palavras saem de minha boca antes que eu perceba.
– Meu pai biológico apareceu. - Sinto o ambiente mudar
drasticamente. Minha pele se arrepia com a tensão instalada no ambiente. Abro
meus olhos e encontro outros dois pares de olhos em cima de mim. Espero para
que algum dos dois fale algo, mas isso não acontece. – Ele apareceu e me
procurou... e... - Respiro fundo para espantar o nervoso. – Ai, fala alguma
coisa, pai ?
Ray parece ter congelado em sua cadeira, enquanto Nicholas está
rígido na sua, com a cara fechada de sempre. Ele realmente não engole o Linc e
sei que está fazendo um esforço danado pra agüentar essa novidade. Olho para
minhas mãos entrelaçadas no meu colo por um longo tempo, até que ouço um
pigarro. Levanto a cabeça e noto que agora Ray se move nervosamente.
– E o que ele quer ?
Encolho meus ombros, tomando mais coragem para contar-lhe tudo.
– Ele.... ele... eu realmente não sei o que ele quer. Mas, isso
não é o importante. - Pulo de minha cadeira e ando até Ray apressadamente. – O importante
é que você saiba que sempre será o meu pai. - Pego as duas mãos dele, um ato
que o faz olhar para mim. – É por isso que eu vim aqui. Pra lhe garanti que
nada vai mudar entre a gente. É você quem eu amo como pai. Foi você quem me deu
amor e carinho nas horas que mais precisei. Foi você quem ficou acordado noites
e noites quando eu ficava doente. Que me levava pra escola e me ajudava com os
deveres de casa. - Levanto minhas mãos até seu rosto. – Eu te amo muito, pai.
Meu pai! - Abraço-o apertado e ele logo corresponde.
– Oh, Selly. Minha Selly! Você sabe que eu não duvido disso. E
sabe também que você é minha filha. Podemos não ter o mesmo sangue, mas você é
a minha pequenina. - Ele afaga minhas costas.
Um choro se apossa de mim de repente, mas não ligo a mínima e
deixo as lágrimas caírem livremente, pois é um choro de emoção, de alegria.
Vejo o sorriso terno cravado nos lábios de Nicholas, por cima do ombro de Ray.
Jogo beijo pra ele, que abre mais o sorriso. Ray se afasta um pouco e pega meu
rosto entre suas mãos.
– A garotinha do papai. A minha garotinha! - Ele sorri e beija
minha testa. – Mas, me conta.. como você ficou sabendo disso ? - Volto a sentar
em minha cadeira e conto toda a história para ele. Seu rosto muda a cada frase
que lhe conto e isso me deixa mais atordoada. Por fim, ele suspira e pega em
minha mão por cima da mesa. – Como você está com isso tudo?
– Não sei.. - Dou de ombros. – Me sinto um pouco mal com essa
história toda. Ás vezes me sinto culpada por tudo o que aconteceu. Até pelo
sofrimento de Elena...
– Quem é Elena ?
Olho pra Nicholas de relance, que enrijece todo, novamente.
– A ex mulher do Lincoln.
– Hum.. - Ray coça o queixo com a outra mão e me olha pensativo.
– Selly, meu bem, não se sinta culpada por nada. Até porque você não tem culpa.
Ás vezes acontece coisas em nossas vidas que acabamos sendo obrigados a fazer
escolhas. E não foi você quem as fez. E pelo sofrimento dessa tal Elena, você
não tem culpa. Pelo o que consta, ela sabia que era um casamento forçado. Não
podemos esperar amor de uma relação assim. A vida é feita de escolhas e ela fez
a dela, sabendo o que poderia acontecer. - Ele para e me avalia por um tempo. –
E Mandy ?
– Não sei. - Dou de ombro, envergonhada por ignorar minha
própria mãe. – Não tenho falado com ela.
– Eu imaginei que não estaria. - Ele sorri. – Mas ela é sua mãe,
Selly. Converse com ela. Dê a ela uma oportunidade de, pelo menos, ser ouvida.
Conhecendo-a como nós conhecemos, ela deve está doida a essa altura. - Sorrimos
com seu comentário.
– É verdade. - Suspiro.
{...}
Depois de passar uma longa tarde com meu pai, Nicholas e eu
resolvemos voltar para Seattle. Papai até insistiu para que dormíssemos em sua
casa, mas achei melhor voltar. Tenho que voltar para minha vida de antes e o
mais rápido possível. Sei que tenho que conversar com minha mãe, mas já estou
tão cansada dessa história. Preciso de um tempo disso tudo. Sei que isso me faz
parecer uma ingrata e é assim que me sinto, mas não estou em condições de ouvir
mais merdas dessa história nesse momento.
– Vamos Selly ? - Nicholas me chama da porta de meu antigo
quarto.
Dou mais uma olhada no recinto e sorrio.
– Vamos.
Saio do quarto e desço as escadas, com Nicholas em minhas
costas.
– Eu já disse que vocês podem muito bem dormir aqui. - Ray
reclama mais uma vez, dentre as outras milhares.
– Outro dia a gente fica, pai. - Beijo-o na bochecha e seguimos
para a porta.
– Ray, foi um prazer revê-lo.
– Foi um prazer também, Nicholas.
Papai e Nicholas se despedem com seus costumeiros jeitos.
– Tchau, pai. - Abraço-o e beijo-o na bochecha. – Espero o
senhor em Seattle, hein.
– Tchau, Selly. E pode esperar que em breve lhe farei uma
visita.
Nicholas e eu seguimos para o carro, do qual Taylor nos espera,
e assim seguimos nosso caminho de volta para a majestosa Seattle. Encosto minha
cabeça no ombro de meu amor e entrelaço nossas mãos.
– Está mais tranqüila ?
– Nossa, você não imagina o quanto. Agora só falta a minha mãe.
– Escute seu pai. Ele é um homem muito sábio.
Levanto meus olhos para ele e o encontro olhando para rua,
através da janela.
– É, ele é sim. - Beijo-o no pescoço. – Obrigada por tudo, baby.
Vejo um sorriso brotar em seu lábios.
– Não precisa agradecer. Mas já que o fez, conheço outra maneira
de me agradecer, senhorita Gomez.
Sorrio com seu descaramento e ele abaixa o olhar até encontrar o
meu. Estreito meus olhos para ele.
– Você só pensa nisso. - Rimos e ele me beija nos lábios. – Mas
ainda falta um bom tempo para chegarmos em casa e..- Bocejo.
– Durma, baby. - Ele me interrompe antes mesmo de eu voltar a
falar.
– Não. Quero está bem acordada para agradecê-lo.
Ele me avalia por um momento.
– Você parece cansada. Durma e depois eu te acordo. - Pisca.
Tento reprimir um bocejo, mas falho miseravelmente. Percebendo
isso, Nicholas me pega em seu colo e me abraça de um jeito que não resisto por
muito tempo e acabo caindo no sono.
{...}
A claridade que entra pela enorme janela, bate em meus olhos,
despertando-me, mas permaneço de olhos fechados.
– Selly? - Nicholas me chama.
– Hum...
– Levanta dessa cama agora senão vou te bater!
Me viro na cama para olhá-lo, ainda sonolenta.
– Não seria uma má idéia. - Resmungo. Nicholas pula na cama, se
deitando junto a mim. – Nossa, quanto tempo eu dormir ? - Pergunto, olhando
para a claridade do lado de fora.
– Um loooongo tempo. - Ele diz, para o meu espanto.
– Você disse que iria me acordar. - Resmungo, com os olhos
estreitados para ele, que sorri.
– Eu sei, mas você parecia tão cansada.
Ele me beija castamente e, antes que se afaste, o agarro pelo
pescoço, tornando nosso beijo mais lascivo. O puxo mais pra mim para aprofundar
mais nossas carícias, mas ele logo se afasta.
– Que foi ?
– Agora não.
Franzo a testa em confusão.
– Eu entendi bem ? Nicholas Jonas recusando sexo matinal ? -
Pergunto quase embasbacada com a situação. Ele sorri e suspira.
– Ah, baby.. você não sabe o quanto eu quero fazer isso, mas...
– Mas ?
– Eu quero levar você em um lugar.
Levanto as sobrancelhas e depois as franzo em confusão,
novamente.
– Onde ? - Pergunto curiosa.
– Isso é surpresa! - Ele sorri. – Então levanta dessa cama e
vamos tomar o café, que a Gail já o pôs na mesa.
Ele dá um tapa na minha bunda e se levanta, me puxando pela mão.
Resmungo e tento me desvencilhar, mas é inútil. Nicholas me pega, me joga por
cima dos ombros e começa a caminhar em direção a porta.
– Nicholas! Me coloca no chão! - Grito em meio aos risos.
– Só depois que você comer algo. - Ele dá um tapinha em minha
bunda outra vez.
– Mas eu preciso tomar um banho primeiro!
Ele para abruptamente e pensa por um momento, para depois me
colocar no chão.
– Certo, mas... - Ele estreita os olhos para mim e sorri. – Nem
tente fugir de mim, baby.
– Não fugirei. - Pisco e sigo para o banheiro.
Tomo meu banho tranquilamente, lavando cada parte do meu corpo.
Preciso tirar a sensação estranha dos últimos dias que impregnou na minha pele.
Chega de pensar e não chegar a conclusão nenhuma. Preciso de minha vida de
volta. Preciso e quero. E assim a terei. Respiro resignada e sorrio.
Saio do banho e me enrolo em uma toalha. Entro no grande closet
de Nicholas, do qual ele fez questão de trazer minhas roupas para cá, e procuro
um uma roupa confortável que eu possa vestir. Opto por um vestidinho básico e
fresco.
Me visto rapidamente e calço um par de sandálias rasteiras. Seco
meus cabelos, penteando-os e deixando-os de um jeito despojado. Sigo para a
cozinha, mas paro no meio do caminho ao ver uma mulher muito conhecida parada
no meio da sala.
– Mãe...
Comentários... :)
Creditos Angel
Desculpem meninas não ter postado todo esse tempo... to muito sobrecarregada no trabalho, sem tempo pra postar.. levei um puxão de orelha e resolvi da as caras pra vocês,irei terminar essa fic okok, e outra coisa, minha conta fica dando problema quando vou logar... mas não irei mais abandona-las.