– Vai dar tudo certo, Selena! -
Taylor diz depois de um longo tempo em silêncio me observando.
Respiro
fundo e tento me levantar, mas meus músculos doem, reclamando do belo esforço
que fiz minutos atrás. Faço uma careta de dor e, Taylor percebendo algo errado,
me ajuda a levantar. Sigo lentamente para o quarto de Nicholas, com Taylor em
meu encalço. Assim que entro no quarto, sinto o vazio do ambiente me absorver
inteira. Taylor sai, me deixando sozinha na total penumbra. Me deito na cama e
deixo meus pensamentos vaguearem.
Como
sempre, para a vida não perder o costume, eu tenho que ser enganada. O que mais me magoa
não é descobrir quem é meu pai e sim o modo como ele me abordou. Ele entrou em
minha vida, como quem não queria nada, escondendo suas reais intenções. Se fez
de meu amigo esse tempo todo e nem teve a capacidade de ser franco comigo. Tive
que saber por outra pessoa quem ele era. Pessoa esta desprezível. Talvez se ele
ou minha mãe não tivesse sido tão omissos com isso, nada disso estaria acontecendo.
Minha mãe... porque ela me enganou desse jeito? Fugiu quando mais precisei de
sua franqueza. Sempre escondeu a identidade do meu pai, mas nunca me importei
tanto com isso, pois sempre tive Ricardo para cobrir a falta dele... Ele que
agora sei o nome, sei como é sua fisionomia... Lincon Timber!
{...}
Horas
se passaram e ainda estou aqui, deitada nessa imensa cama. Engolida pelo enorme
e frio quarto. Frio este que tomou meu corpo. A minha única companhia em meio essa
escuridão. Abandonada! Assim que me sinto. Até as lágrimas, que se dispersava
de meus olhos, me abandonaram, deixando só o vazio. Olho para o relógio de
cabeceira, notando que já são 02hrs13min e nada de Nicholas aparecer. Onde é
que ele está até essa hora?
Estico-me
na cama e pego o telefone que há em cima do criado-mudo. Disco o número de Nicholas
e logo o barulho surdo ecoa pelo meu ouvido quando começa a chamar. Chama,
chama e ele não atende. Tento várias vezes e, como das outras vezes, cai na caixa
postal. Deixo um breve recado e coloco o telefone de volta na base.
Respiro
fundo, sentindo a exaustão bate em meu corpo e levanto da cama. Sigo até a
grande janela de vidro e abro a porta que dá passagem para a sacada. O vento
frio bate fortemente em minha pele assim que piso na mesma, fazendo minha pele
se arrepiar. Olho para a pouca claridade que há no céu, devido a Lua que tenta
se esconder entre as nuvens e suspiro. Nem o tempo está a meu favor hoje. Me
aproximo mais da sacada, apoiando minha mão na mesma e inspiro fundo, deixando
o vento levar com ele toda frustração desse dia estressante. Abro meus braços e
fecho meus olhos por um longo tempo, aproveitando mais o frio do vento que bate
em minha pele, dissipando o peso em minha consciência, deixando-me cada vez
mais leve.
–
SELENA... NÃO!! - Um grito ao longe me tira do meu torpor, assustando-me.
Viro
rapidamente para ver quem me chama e, com esse movimento acabo me
desequilibrando. Agarro com mais força na sacada para apoiar-me, mas logo sinto
braços fortes me envolverem, arrancando um gritinho de surpresa de mim, e me
carregar de volta para o quarto. Levanto meu rosto para observar o rosto da
pessoa que me agarrou e me deparo com duas íris cinzentas, me olhando
horrorizado.
– Nicholas,
que susto!! Onde você estava até essa hora? - Pergunto assustada.
– Selly,
o que você estava fazendo ? - Pergunta aflito.
– Eu
estava tomando um ar, porque ? - Franzo a testa para a aflição em sua voz.
Ele me
abraça fortemente, me apertando contra seu peito que sobe e desce com sua
respiração acelerada, enquanto cobre meu rosto de beijos.
– Ah,
baby.... eu pensei.. eu pensei que você... - Sua voz falha e seu braço aperta
mais em torno de mim. – Me perdoa, Selly? - Ele se afasta um pouco e pega meu
rosto entre as mãos. – Eu agi como um idiota!! Não deveria ter saído daquela
maneira, mas... - Sinto um cheiro estranho emanar de seu hálito e franzo a
testa. Ele... bebeu ? – Não me deixe.. - Ele toma meus lábios com os deles em
um beijo avassalador, cortando minha linha de raciocínio. – Eu preciso de
você... me perdoa, por favor baby? - Diz desesperado entre o beijo. – Por
favor...
Levo
minhas mãos até seu peito e o afasto um pouco.
– Você
bebeu... - Digo ao sentir o gosto de álcool deixado em minha língua.
– Um
pouco.
Ele desce
seus lábios por meu pescoço, deixando uma trilha de ardentes beijos. Tento ao
máximo me manter firme, mas sinto meu corpo fraquejar por um breve momento.
Sinto meu corpo ser carregado e logo o frio do colchão bate em minhas costas. Nicholas
debruça-se sobre mim, encaixando-se no meio de minhas pernas, enquanto seus
lábios continuam com sua perseguição.
– Nicholas,
não! Precisamos conversar...
–
Depois... - Ele volta a atacar meus lábios. – Eu preciso disso e você sabe... -
Diz com os lábios colados aos meus. – Preciso sentir que está tudo bem entre a
gente. - Ele desce seus lábios por minha bochecha.
– Não!
Vamos conversar agora mesmo! - Digo firme.
Ele
recua um pouco para me olhar nos olhos.
– Já
começou a me rejeitar..
Seu
olhar de menino perdido faz meu coração partir em mil pedaços.
– O
quê? Não! - Pego seu rosto entre minhas mãos. – Não estou rejeitando você, é só
que precisamos mesmo ter essa conversa.
–
Depois, baby! Depois falamos sobre isso.. Agora eu preciso disso...
– Nicholas,
isso não é jeito de resolver as coisas.
– Você
sabe que pra mim é sim... - Ele crava seus olhos nos meus. – Preciso sentir que
você continua sendo minha. - Sussurra.
– Mas
eu sou sua, você ainda dúvida disso ?
Ele
aproxima seus lábios dos meus, hora nenhuma sem quebrar o contato visual.
– Selly...
não me rejeite.... - Pede sofredoramente, ofegante.
Tento
resistir, mas sua respiração acelerada bate em meu rosto, embriagando-me pouco
a pouco até que não consigo mais resistir e deixo-me levar pelo momento. Meus
braços caem fracamente ao meu lado na cama. Como resposta, Nicholas toma meus
lábios em um beijo desesperado, transmitindo todo seu sentimento nele. Sua
língua entrelaça na minha, com certa avidez. Fecho meus olhos ao sentir suas
habilidosas mãos passarem freneticamente pelo meu corpo. Logo seus lábios
descem por meus pescoço outra vez e jogo a cabeça pra trás, pra lhe dar mais
facilidade.
Ele
segue um caminho lento e sensual até meu ombro, abaixando a alça de minha
blusa, deixando-o exposto. Em seguida leva as mãos até a barra do simples
pedaço de pano e o puxa para cima. Levanto um pouco da cama, ajudando-o a
livrar-me dela. Arqueio minhas costas quando seus dedos frios tocam minha pele
semi-nua e abre meu sutiã, jogando-o longe sem ao menos ver onde. Volto a
recostar no colchão, quando suas mãos posam no cós de minha bermuda, abrindo-a
e puxando-a, juntamente com a calcinha, em um ato rápido, deixando-me
completamente nua. Nicholas levanta da cama e rapidamente se despe, sem tirar
os olhos de mim. Volta a debruçar-se sobre mim, se encaixando perfeitamente
entre minhas pernas outra vez, roçando sua enorme ereção em meu sexo já
molhado.
Volta a
beijar-me e em seguida descer os beijos pelos meus seios. Fecho meus olhos para
aproveitar mais a sensação de seus lábios em mim. Sinto suas mãos apalparem em
cheio meus seios, apertando-os enquanto seus lábios despejam beijos famintos
por minha barriga. Estremeço ao sentir algo úmido, causando um choque em minha
pele quente. Respiro ofegante ao me dar conta do que é. São lágrimas... Nicholas
está chorando?! Oh, não!! Isso é demais pra mim. Levo as mãos até suas costas e
ele estremece sobre meu toque. Oh, meu pobre garotinho! Está assustado, com
medo! Apavorado por não ter o controle de mais nada. Subo minhas mãos para seus
cabelos, ás cegas, e puxo-o fazendo com que ele suba até ficar cara a cara
comigo.
Abro
meus olhos e encaro seus olhos tristes e lacrimejados. Aproximo meu rosto do
seu e beijo por onde a lágrima deixou uma trilha.
– Não
me deixe, Selly...
– Eu
não vou! O que eu preciso fazer pra você acreditar ? - Pergunto ao ver a dor
estampada em sua íris.
Nicholas
olha fixamente em meus olhos, demonstrando todo seu medo e angústia. Olhos
cinza perfurando os azuis, enquanto se prepara para me possuir. Arfo ao sentir
a cabeça de seu membro em minha entrada escorregadia.
–
Case-se comigo. - Sussurra ao mesmo tempo em que entra em mim profundamente.
Sinto
meu coração parar por um instante. Case-se comigo... Case-se comigo... Case-se
comigo... Suas palavras ecoam em minha mente, deixando-me cada vez mais
atordoada. Oh, não! Essa não! Isso é muito pra mim. Sinto meus olhos arderem
com a presenta das lágrimas e os fecho, deixando-as cair deliberadamente. Casar
com Nicholas ?! Como assim? Porque ele faz isso? Justo agora? Somos tão
imaturos em nosso relacionamento. Temos tanto problemas a resolver.. seria
muita irresponsabilidade casar no meio desse caos.
– Eu te
amo. - Sua voz tira-me do meus torpor e abro meus olhos de imediato. – Podemos
cuidar um do outro, formar uma família, tudo o que você quiser...Só.. não vai
embora outra vez...
Ele
começa a se movimentar lentamente e entrelaça suas mãos nas minhas, olhando em
meus olhos. Distribui beijos ternos pelo meu rosto a cada investida que dá
contra mim. Mas uma vez me entrego ao seu movimento lento e preciso por um
longo tempo, esperando sentir as ondas muitos conhecidas se aproximarem, mas
isso não acontece. Nicholas aumenta um pouco mais o ritmo de suas investidas,
arrancando gemidos de meus lábios. O suor brota em nossas testas, escorrendo
por nossos rostos. Nossos corpos colados, se esfregando com o movimento. Aperto
meus olhos, mais uma vez tentando chegar mais próximo da borda, mas não
consigo. Um rápido filme dos últimos acontecimentos passam por minha mente,
evitando que eu chegue onde quero. Percebendo algo de errado, Nicholas aumenta
mais o ritmo, estocando-me com mais precisão.
– Dê
pra mim, baby... - Ofega.
–
Não... - Choramingo. – Não consigo.
Nicholas
afasta um pouco seu torso do meu, mudando de posição e me penetra mais firme,
atingindo um certo ponto dentro de mim e fazendo minha carne tremer. Logo a tão
desejada onda se aproxima de meu corpo, queimando meu ventre a cada vez que Nicholas
entra e sai de mim. Ele volta a debruçar-se sobre mim. Sinto seu corpo todo
tremer sobre o meu e gememos nossos nomes em uníssono quando o orgasmo nos
atinge. Paro de respirar quando o líquido dele me invade e me perco em um mar
de sensações. Minha mente fica inerte por um instante com cada sensação.
Saio de
meu transe ao senti-lo sair de dentro de mim e deixar o peso do seu corpo cair
sobre mim, enquanto tenta controlar a respiração, apoiando sua cabeça entre
meus seios. Ouço Nicholas proferir palavras desconexas mas permaneço calada.
Levo uma de minhas mãos em suas costas e a outra em seus cabelos, acariciando-o
carinhosamente até que sua respiração se normaliza ao poucos e logo percebo que
ele derivou em um sono profundo.
Viro
meu rosto para a janela e através dela observo a imensidão da linda Seattle e
sua pouca claridade noturna devido as raras luzes acesas, por horas e horas...
{...}
Ao
fundo vejo o Sol nascer pouco a pouco e continuo do mesmo jeito que estive por
horas: Com meus olhos cravados no horizonte. Não consigo dormir. Não consigo
sequer fechar minhas pálpebras, pois a cada vez que o faço lembro das últimas
48 hrs. É desgastante demais ficar pensando em tudo o que aconteceu. Em Tony,
em Lincoln, em Mandy e em Nicholas. E agora tem esse pedido de casamento!
Espero que quando Nicholas acordar, diga que tudo não passou de um momento de
loucura. Porque do contrário, terei que fazê-lo entender a realidade dos fatos.
Como podemos nos casar com tantas lacunas para ser preenchidas? É Lincoln,
Elena, ele mesmo... Franzo minha testa ao lembrar vagamente de nossa briga. O
jeito como me abordou ontem... Parecia aquele dominador que conheci tempos
atrás. Isso me faz pensar em sua sala de jogos, que continua do mesmo jeito que
da última vez que entre. Como podemos casar se nem sequer resolvemos essa
questão ?
Desvio
meu olhar e assusto-me ao me deparar com um par de sonolentos olhos cinzas
olhando pra mim.
– Bom
dia. - Digo e abro um pequeno sorriso, na tentativa de afastar a tensão que se
instala pouco a pouco. Nicholas permanece calado, me analisando minuciosamente.
Levanto as duas sobrancelhas para seu silêncio. – Que foi ?
– Me
perdoa ? - Reviro meu olhos.
– Eu já
disse que sim. - Respondo, cansada de ouvir essa pergunta.
– Mesmo
?
–
Mesmo! Já disse que está tudo bem entre nós, que compreendo sua reação. Poxa,
quando é que você vai parar com essa insegurança ?
– Não é
só isso. É que me sinto culpado por ter te tratado daquela maneira. Eu.. eu sou
um cara que age na empolgação do momento...
– Jura?
Nossa, nem tinha percebido isso. - Digo com sarcasmo, ao interrompê-lo e ele
franze a testa.
– ...E
naquele momento eu estava com raiva, confuso e medo. Completo pavor de te
perder novamente. Quando a Elena me disse que você e o Linc tinham armado para
se vingar..
– O quê
? - Minha voz sai baixa, tamanho é meu espanto.
– Ela
me disse que ele é seu pai e que você só entrou na minha vida a pedido dele,
para se vingar pelo que houve entre mim e Elena.
– E
você acreditou nisso ? - Ele encolhe os ombros, visivelmente envergonhado. –
Eu. Não. Acredito! - Digo pausadamente. – COMO VOCÊ PODE ACREDITAR NUMA COISAS
DESSAS ? MEU DEUS! - Bufo de raiva. – Nicholas, você por um acaso se lembra de
como nos conhecemos ?
– Sim.
Foi na loja da Newman Marcus.
–
Hum... e aí eu armei para trabalhar lá e que um belo dia você iria cair de
paraquedas na loja para nos conhecermos e assim eu completaria a tal vingança
né ? - Digo mais uma vez com o sarcasmo emanando de minha voz.
– Eu já
entendi, Selena. Não precisa falar comigo como se eu fosse uma criança. - Ele
diz irritado pelo meu tom de voz.
– Ah,
desculpa, mas é que não parece que você entende muito bem as coisas.. - Rio de
nervoso e olho para o teto. – E ainda quer casar, meu Deus..
–
Sim... e você ainda não respondeu..
Meu
riso congela na mesma hora e volto a olha-lo.
– Eu
ainda tinha esperança de que fosse só um dos seus momentos.
– Isso
é um não ? - Sua expressão muda drasticamente.
– Não.
Isso é um.. você enlouqueceu de vez ? - Ele não responde nada, me olhando ainda
triste. – Nicholas, pare e pensa um pouco. Como é que você quer que eu aceite
esse pedido de casamento louco, se no primeiro problema que surge você sai da
casa transtornado, nem ao menos me dando o benefício da dúvida? Você acredita
nos outros e não em mim.. Eu sei que erro ás vezes em não te contar algumas
coisas, mas...
– Eu
acredito em você. Eu só.. - Ele passas as mãos no rosto e bufa. – Fiquei com
medo de você me abandonar outra vez..
– E
você quer que eu me case com você pra ter a certeza de que não vou fugir, é
isso ?
– Não.
- Ele franze a testa em confusão. – Também é, mas... - Ele aproxima o rosto do
meu e olha dentro de meus olhos. – Eu quero você na minha vida pra sempre. Joseph
e Demi vão se casar daqui a pouco e eu não quero você morando sozinha naquele
apartamento. Eu já te pedi para vir morar comigo e você recusou, então não vejo
problema nenhum em me casar. Te amo e você também me ama. E desse jeito terei
você aqui todos os dias quando acordar.
Sorrio
com sua franqueza. Ai, como esse homem é louco, senhor! Um dia briga como uma
fera, no outro me pede em casamento. Acho que nunca entenderei essa cabeça
maluca. Acaricio o rosto dele com uma mão e o beijo ternamente nos lábios.
– E
agora, é um sim ? - Pergunta assim que nossos lábios se afastam um pouco, me
olhando com esperança e um sorriso pidão.
– Não.
- Dou uma risada quando ele fecha a cara. – Baby, entenda.. precisamos
amadurecer mais.. E também tem a sua sala de jogos.
– O que
tem ela ? - Pergunta emburrado.
– Ela
continua do mesmo jeito que entrei pela última vez. Está toda bagunçada e você
não deixa ninguém chegar perto dela.
– É
difícil pra mim entrar lá.
– Eu
sei. Entendo que seja, mas temos que superar as coisas. O que aconteceu aquela
vez...
–
Selena, chega!
– Está
vendo só! Você não me escuta! - Exclamo e ele bufa de raiva.
– Eu me
sinto mal com as lembranças que elas me trazem. A nossa última noite lá dentro
foi...
– Eu
sei. - O corto, pegando em seu rosto. – Pra mim também não foi nada bom, mas..
temos que superar! Se tem uma coisa na minha vida que eu aprendi muito bem, foi
a superação. E só vamos conseguir isso se você parar de evitar entrar naquela
sala.
– Eu te
machuquei lá, Selly!
– Eu
também tenho minha parcela de culpa. Você não mentiu sobre quem era, Nicholas.
Eu tive a opção de recusar sua oferta, mas aceitei. Mesmo com o meu passado,
mas eu resolvi ignora-lo para ter você.
– E eu
me aproveitei do seus sentimentos por mim. Eu sempre soube de você.
Entorto
minha boca, avaliando o que posso dizer sem ser rebatida por suas respostas
implacáveis. Não estamos chegando a lugar algum com essas lembranças.
– Bem,
eu sei que nos magoamos muito lá dentro, mas.. passou! Agora só temos que
superar, ok?- Ele não diz nada. – Temos que arrumar a bagunça que foi feita,
certo ? - Pergunto mais uma vez e espero sua resposta, mas ela não acontece.
Bufo exasperada com o rumo da conversa. – Nicholas, assim não dá! Como vamos
progredir se você não quer ? Não concorda com nada...
– Tudo
bem. Vou mandar arrumar a sala de jogos. - Sorrio com meu progresso. – Agora é
um sim? - Reviro os olhos e rio.
– Não!
–
Quando vai ser então ? - Pergunta exasperado.
–
Quando estivermos arrumado a bagunça toda.
Suspiro
e desvio o olhar ao lembrar do conteúdo da próxima conversa. A mais importante
de todas. Sobre meu... Engulo em seco ao cogitar a palavra pai.
– Como
você está ?
Me calo
ao perceber sobre ao que ele se refere. Levanto meu olhar para ele, me
deparando com a intensidade da preocupação em seus olhos. Nossa, só agora me
dou conta que isso não é algo para se falar em uma conversa matinal.
Finalmente, dou de ombros, quando percebo que ele continua a esperar minha
resposta.
– Eu
não sei te dizer...
Abaixo
meu olhar quando minha voz falha. Logo sinto seu dedo em meu quixo, fazendo
assim com que eu volte a olha-lo.
– Que
tal começar dizendo o que você está pensando ?- Franzo a testa, incrédula do
que meu ouvidos acabaram de escutar. – É bom desabafar... - Ele completa, para
o meu susto total.
–
Hum... ? Eu ouvi bem ? Nicholas Jonas falando que desabafar é bom ?
Ele
sorri e beija meus lábios castamente.
– Foi
você quem me ensinou isso, não está lembrada ?
Sorrio
de lado com sua percepção. Respiro fundo e tento entender o que se passa em
minha cabeça.
– Eu
realmente não sei mais o que pensar... Parece que minha cabeça vai explodir
cada vez que penso nisso. Eu, eu não sei mais o que fazer... - Encolho meu
ombros, deixando a frase inacabada.
– Oh,
baby! - Ele me abraça fortemente. – Eu odeio te ver assim...
O
agarro com força quando as lágrimas se fazem presente.
–
Porque ? Porque isso foi acontecer? - Choramingo e ele beija minha têmpora. –
Porque minha mãe escondeu isso de mim ? Porque eles deixaram eu saber pela
Elena? Porque?
Nicholas
gira na cama, fazendo com que eu fique por cima dele e me aperta mais sobre seu
peito.
– Eu
acredito que haja uma resposta pra tudo, baby.
Me
afasto um pouco para olha-lo nos olhos.
– E Ricardo
? Como vou dizer isso a ele ? Como ele vai se sentir com isso tudo ?
Ele
passa o dedo em meu rosto, quando uma lágrima cai por minha bochecha.
– O que
o Linc te disse quando... - Ele deixa a pergunta inacabada e engole em seco.
– Me
contou toda a história dele e minha mãe. Disse que eu fui rejeitada pelos meus avós
e que foi obrigado a me abandonar para não me tirarem de minha mãe.. - Digo num
fio de voz e caio no choro ao lembrar das palavras saindo da boca de Lincoln. –
Eu não quero falar disso.. - Falo entre os soluços.
Nicholas
volta me abraçar e me embala em seus braços.
–
Shhh... Como você quiser, baby.
Ele
beija com carinho o topo da minha cabeça e assim ficamos por um longo tempo.
{...}
Depois
de passar um longo tempo embaixo do chuveiro, sozinha e absorta do mundo, saio
do banho e visto uma roupa básica.
Não
pretendo sair hoje, apesar de ser segunda feira e ser um dia normal de
trabalho. Sei que deveria voltar a trabalhar o mais rápido possível, pois assim
me livraria desse tormento por algumas horas, mas não sinto vontade de fazer
nada. Meu corpo reclama de cansanço e sei que é porque ainda não consegui
dormir.
Nicholas,
com muito custo e basicamente depois de tê-lo expulsando de sua propria casa,
foi para a JEH resolver algo com Ross. Parece que era algo importante, então
recusei sua companhia, apesar dele ter insistido bastante em saber como eu
estava. Fingi que estava tudo bem e até comi algo forçado para convencê-lo.
Assim que me sento na cama, ouço alguém bater na porta.
– Pode
entrar.
A porta
se abre, revelando Gail com meu celular em mãos.
– Selly,
achei seu celular no outro quarto e estava tocando. - Ela me entrega e logo
vejo no visor várias mensagens e chamadas perdidas.
–
Obrigada, Gail. - Sorrio em agradecimento.
– O
almoço já está pronto, Selly. Quer que eu coloque a mesa ou vai esperar o
senhor Jonas ?
–
Obrigada, Gail, mas eu não estou com fome.
– Mas
precisa se alimentar direito. Você quase não comeu nada no café da manhã. - Me
repreende, mesmo com sua ternura.
–
Depois eu como alguma coisinha. Só preciso dormir um pouco. - Sorrio e me deito
na cama.
Ela
estreita os olhos para mim, mas logo abre um sorriso.
– Tudo
bem. Descanse, mas vai comer algo depois, ok mocinha ?
Rio de
sua reprimenda e assinto de cabeça. Assim que Gail sai do quarto, volto minha
atenção para o celular em minhas mãos. Vejo que há 15 chamadas perdidas: 8
ligações de minha mãe, 4 do Lincoln e 3 de Demi. Há também uma mensagem de
texto, está sendo de Lincoln. Respiro fundo, indecisa se a abro ou não, mas por
fim decido que sim.
“Selena, minha filha.
Que orgulho eu tenho ao proferir tais palavras!
A vida tem sido dura conosco, não é mesmo?
O fato de não poder estar próximo de ti tanto quanto deveria nesse momento doloroso é algo que me entristece profundamente. Sei o quanto você precisou de mim. Sei o quanto foi necessária a minha presença perto de você e mesmo assim não estive. Por isso, não quero justificar o injustificável. Somente quero, minha filha, que você saiba o quanto te amei esse tempo todo que estive longe. Somente por tua causa, eu aguentei tantos anos de infelicidade, pois apesar de tudo, eu queria ver você crescer e ser feliz. Não falei na nossa conversa, mas uma vez tentei me aproximar de você. Você era pequenina e Mandy me odiava profundamente, depois do canalha que eu fui com ela. Ela já havia se casado com Ricardo, estava feliz. Então proibiu que eu a visse. Me pediu que sumisse da vida de vocês e que as deixassem serem felizes. Não a culpe por isso, pois ela tinha razão. Vocês só iriam sofrer se eu estivesse por perto. E tudo o que eu não queria era isso. Você merece ser feliz. Minha filha, mesmo que estivemos distantes por todo esse tempo, as suas imagens permeariam os meus pensamentos a cada segundo. Você foi e é a razão maior da minha vida e por tua causa, tudo o que faço tem sentido. Por isso peço uma chance de está próximo de ti. Que me ajude a transformar nossos momentos de ausência em algo menos doloroso. E nunca se esqueça: Tudo o que desejo, é a sua felicidade acima de tudo.
Com amor..
Seu Pai!”
Fico em
choque por longos minutos ao acabar de ler tais palavras. até que . Tremo com o
susto causado pelo vibrar meu celular em minhas mãos. Olho rapidamente para a
tela e vejo que uma ligação de Demi e logo atendo.
– Selly,
estou ligando para saber se você quer me acompanhar na prova do vestido daqui a
pouco? - Permaneço calada, pois tenho total certeza de que se abrir a boca,
irei chorar mais uma vez. – Selly ? Você está aí ? - Pergunta preocupada.
Engulo em seco para livrar qualquer resquício de choro, mas falho. Lágrimas
descer por minha face freneticamente. – Selly?
–
Desculpa, mas não dá. Depois nos falamos. Tchau. - Desligo o celular assim que
minha voz começa a falhar.
Deito
lentamente na cama, com as lágrimas escorrendo por meu rosto até que sou
vencida pelo cansaço e caio em um sono profundo
Comentários... :)
Creditos Angel